segunda-feira, março 26, 2007


Prometi falar do desenho animado do Planeta dos Macacos e aqui está. O desenho é uma verdadeira decepção, inclusive para aqueles que são fãs dos filmes. A animação é fraca, com muitas repetições de cena, embora isso necessariamente não seja um defeito grave. O desenho de Jornada nas Estrelas tem animação ruim, mas roteiro bom e o resultado final acaba sendo ótimo. Por outro lado, o filme Selvagem, da Disney, tem ótima animação, mas roteiro chato. Resultado: foi um fiasco de bilheteria.
O grande problema na animação dos macacos está no roteiro, com tantos furos que parece uma peneira.
Senão vejamos. O CD que tenho mostra a história aparentemente no segundo capítulo. A cronologia dos filmes é totalmente esquecida e é como se pela primeira vez uma nave fosse parar no planeta dos macacos. Um dos astronautas está sendo levado pelos gorilas, outro foi salvo por uma mulher selvagem. Uma vez na cidade, o astronauta foge. Todos, absolutamente todos os soldados macacos vão atrás dele, mas mesmo assim ele foge com facilidade impressionante e ainda encontra tempo para libertar todos os humanos presos pelos gorilas, pois encontra a prisão sem guarda. Aparentemente os macacos não aprenderam nada de segurança depois de tanto tempo...
Mas continuemos. Em uma seqüência posterior, os dois astronautas estão vistoriando uma região de montanhas quando vêm um grupo de militares simiescos se aproximando. A cena mostra o humano loiro enconstado numa pedra, olhando displicentemente para a frente e ele diz: “Parece que os macacos estão nos procurado”. E outro: “Se nos virem aqui, estamos ferrado!”. Qualquer um sairia correndo para se esconder, mas eles ficam lá parados, olhando o tempo. “É, parece que eles nos viram”. “Poxa vida, isso é horrível”, dizem eles, sem sair do lugar. Proatividade parece ser uma palavra desconhecida para esses dois homens. Fiquei imaginando a continuação do diálogo: “Eles estão a um quilômetro!” “Nossa, logo eles não vão nos alcançar se não corrermos”, “Agora eles já estão a cem metros!”, “Vamos fazer um lanche?”.
Mas os nossos heróis são salvos por uma montanha que se eleva na frente deles, escondendo-os, um artifício que os bons roteiristas chamam de Deus ex machina. Essa expressão significa algo exterior à história, que surge para salvar a situação. É chamada assim porque os dramaturgos gregos ruins constumavam baixar um deus no final da peça para costurar as pontas soltas ou para explicar situações não muito lógicas. Um Deus ex machina é quando o roteirista arranja uma saída totalmente desconhecida do leitor para salvar os heróis ou para resolver uma situação. É erro gravíssimo.
Depois dessa tremenda forçada de barra, os heróis ainda encontram uma porta secreta, por onde chegam ao mundo dos humanos subterrâneos. Nisso eles descobrem que estão na terra. O desenho foi feito no final da década de 1970, uma época em que todo mundo já sabia disso, mas mesmo assim o desenho faz um suspense desnecessário sobre isso.
No mundo dos subterrâneos eles encontram a terceira astronauta e fogem com ela num carrinho que corre por um trilho. Os subterrâneos têm duas formas de defesa: uma são ilusões, outra são raios emitidos pelos olhos. Então eles primeiro fazem aparecer uma parede de mentira e os heróis acham que vão bater, mas passam direto por ela. Depois acham que vão cair num buraco, mas, mais uma vez descobrem que é uma ilusão. Então eles se deparam com uma parede de fogo. Qualquer pessoa que tivesse passado pelas experiências anteriores aprenderia o bastante para saber que a parede é também uma ilusão, mas os nossos astronautas são burros como uma porta e morrem de medo do fogo. Quando passam por ele e descobrem que estão vivos, comentam entre si: “Quem diria, é uma ilusão!”. Será que eles aceitam pessoa com QI 0,1 na NASA?
Enquanto isso, os subterrâneos atiram neles com seus raios... e não acertam nada, nem os trilhos, nem os humanos, nem o carrinho. São quase cinco minutos de tentativa e nada. Uma impossibilidade matemática! Isso nos faz pensar que os subterrâneos aprenderam a atirar com um cego paralítico e epiléptico. Não acertar em absolutamente nada durante cinco minutos de tiroteio é mais difícil que ganhar na loteria, mas eles conseguem e os astronautas saem de lá sem um único arranhão.
O pior de tudo é que o episódio foi escrito por dois roteiristas. Será que nenhum deles percebeu os buracos no roteiro?

1 comentário:

Anónimo disse...

A versão do Tim Burton tambem foi sem pé nem cabeça.

Não sei porque 'cultuam' tanto essa série e os filmes. Eu acho ela um saco.