quinta-feira, maio 31, 2007


Assista no Omelete o comercial de TV do filme Stardust, baseado na história de Neil Gaiman, um dos melhores roteiristas de quadrinhos da atualidade.

Alemã se confunde e 'estaciona' carro em estação de metrô

Uma mulher alemã bloqueou a entrada para uma estação de metrô em Dusseldorf, depois de confundir a escadaria com um estacionamento, afirmou a polícia da cidade nesta quarta-feira. Leia mais

O fechamento da rede de TV RCTV está colocando fogo na Venezuela. Enquanto isso, políticos brasileiros fazem discursos criticando Chaves e defendendo a liberdade de imprensa, ao mesmo tempo em que fecham veículos de comunicação nos seus Estados. Na década de 1980, quando se começou falar em reforma agrária, muitos fazendeiros diziam: "Eu sou a favor da reforma agrária, desde que não seja nas minhas terras". Alguns políticos brasileiros inventaram um novo lema: "Sou a favor da liberdade de expressão, desde que não falem mal de mim".
A revista O Pavio foi lançada no final da semana passada e já é um sucesso. Sério! As pessoas me param na rua, para comentar a revista, para dizer que riram muito lendo o especial buracos. Na sala dos professores das faculdades em que trabalho, ouço o pessoal discutindo sobre os temas da revista. Um jornalista definiu a publicação como uma "explosão de criatividade"... o sucesso tem sido tanto que animou o Elton a fazer assinaturas...
E você, quer receber os números 1 e 2 da revista O Pavio? Então vamos começar o desafio. No período de uma semana, quem postar mais comentários, ganha um exemplar de cada. Começa hoje, 31 de maio, às 8 horas. Termina dia 7 de junho, também às 8 horas.
Vale lembrar o seguinte: comentários ofensivos a qualquer pessoa serão deletados e, portanto, não valem, certo?
Na Bélgica os quadrinhos são um fenômeno de popularidade. Os quadrinistas são tão famosos quanto o são os jogadores de futebol entre nós. Um amigo, Júlio Emílio Brás, quase desconhecido no Brasil, publicou alguns álbuns infantis na Bélgica, ele me dizia que lá as crianças o paravam na rua para pedir autógrafos. É a diferença de um povo que sabe reconhecer talento. O Universo HQ publicou o relato de um brasileiro que estava em Bruxelas no dia do centenário de Hergé, criador do Tintin. Confira.

quarta-feira, maio 30, 2007

Abduzidos


No meio da noite. Em meio às estrelas. Quando eles menos esperavam. Foi quando surgiu a luz. Poderia ser um meteorito, não fossem os movimentos matematicamente calculados. Estava aterrissando. Suavemente como uma pluma.
Rubens, Francisco e Letícia levaram alguns segundos para se recuperarem. Estavam ali em vigília, na esperança de verem algum objeto voador não identificado. Mas, no fundo, não esperavam que suas expectativas seriam correspondidas.
Depois de uma breve discussão, resolveram se aproximar do lugar a luz descera. Andaram pelo meio da mata, ferindo a escuridão com suas lanternas de pequeno alcance. À certa altura vislumbraram algo. Uma luz pequena, muito pequena, como uma estrela perdida no meio das flores e cipós. Mas ia aumentando de tamanho à medida em que se aproximava deles. Logo estava na frente deles, transformando-se numa miríade de cores hipnotizante.
Ainda que quisessem, nenhum deles se atreveria a desviar o olhar. Nada mais importava. Nada mais fazia sentido. Nada... apenas a luz rodopiando sobre suas cabeças, entoando canções cromáticas.
Apenas a luz.
***
Rubens acordou sobre algo duro e frio. Tudo à sua volta era branco e iluminado, como se a luz viesse dos próprios objetos. Não havia amarras prendendo seus membros, mesmo assim era impossível movê-los. Tudo que conseguia era movimentar um pouco a cabeça, e foi o que ele fez quando percebeu alguém se aproximando dele.
“Como nas histórias que ouvimos”, o rapaz pensou, ao vislumbrar a criatura. Era branca, muito branca, como um sapo de cavernas. Sua pele era quase transparente. A cabeça avolumava-se acima do pescoço alongado, num visível contraste com o corpo miúdo. Os olhos, grandes e negros. Ficaram se olhando por um bom tempo, a criatura examinando-o, olhando como quem olha por um microscópio. Então outras criaturas se aproximaram, com suas peles quase transparentes e seus olhos curiosos. Rubens não podia vê-los, mas sentia-os próximos. “Não há sombras”, pensou ele. Nem mesmo um único ponto escuro. A luz tomando conta de tudo.
Aplicaram algum líquido sobre sua pele nua e o rodearam de instrumentos. Um pedaço de sua pele foi arrancado. Amostras de sangue e saliva foram recolhidas em receptáculos transparentes. Tudo feito lenta e cuidadosamente. Então mostraram a ele um pedaço de metal flexível. Um recorte quadrado de metal sem qualquer inscrição. Colocaram- no sobre sua cabeça e tudo ficou confuso. Não saberia dizer ao certo o que aconteceu depois. As imagens se sobrepunham, em mosaicos coloridos. Olhos vazados misturavam-se com equipamentos rastreando sua pele. Pele. Olhos. Luz. Sem sombras....
Quando acordou estava num quarto de hospital. Um médico e uma enfermeira olhavam para ele, intrigados.
- Está voltando a si. - comentou o médico. Pode falar comigo?
Teve dúvidas de ser capaz de falar. Há quanto tempo seus lábios não emitiam sons.
- Está desmaiado há mais de 10 horas.
- Onde... onde estou... - balbuciou o rapaz.
- No hospital. Você e seus amigos foram encontrados na floresta pelos guardas florestais. Inicialmente pensamos que estivessem drogados. Fizemos exames. Não havia drogas, mas havia uma substância estranha em seu sangue. Espero que tenham uma boa história. O que estavam fazendo lá?
- Procurando discos voadores...
O médico sorriu, sarcástico. Rubens havia descobertos, há tempos que, quando a verdade parece absurda, o melhor era contá-la, pois mesmo assim ninguém acreditaria.
- Letícia... onde está Letícia?
- Ainda está inconsciente. Num leito... Ei, você não pode se levantar ainda!
- Onde está ela?
Rubens ficou tonto. Por um instante pensou que cairia, mas conseguiu se segurar na beirada da cama. Mesmo com a vista anuviada, conseguiu avistar a moça a poucos metros dali. Foi andando lentamente, segurando-se, temeroso de cair a qualquer instante. Finalmente alcançou o leito da moça. Ela estava lá, parada, imóvel, mas respirando. Ele aproximou o seu rosto do dela e cheirou-a. Depois acariciou sua barriga.
Rubens sabia. De alguma forma ele sabia.
Letícia estava grávida.

terça-feira, maio 29, 2007


Segundo matéria de Reuters, descobertas recentes estão fazendo os cientistas acreditar que podem existir bilhões de planetas habitáveis no universo. Quem assistiu ao fime Contato vai se lembrar da frase da cientista Ellie: "O univeso é tão amplo que seria um tremendo despedício de espaço se só nós existíssemos".

O Universo HQ divulgou a primeira imagem do seriado de Flash Gordon. Espero que essa nova versão tenha roteiros melhores que os das versões anteriores, todas com roteiro sofríveis. O expectador de hoje não aceita mais um Zarkov que diz "Se eu não estou enganado..." antes de cada frase. A própria história em quadrinhos tinha roteiro sofrível e só ficou famosa pela imaginação desenfreada e traço inspirado de Alex Raymond. Posteriormente Raymond aprendeu a escrever histórias e fez o ótimo Nick Holmes.

Carta psicografada faz julgamento ser suspenso em SP

Executado com 18 tiros há dez anos, o comerciante Paulo Roberto Pires teria mandado do além uma mensagem psicografada na qual inocenta o acusado de ser o mandante do crime. Parece o enredo de um filme de suspense, mas foi o que levou a Justiça de Ourinhos, a 380 km de São Paulo, a suspender o julgamento do réu Milton dos Santos, que estava marcado para o último dia 17. Ele seria julgado pelo Tribunal do Júri por homicídio qualificado. Leia mais

segunda-feira, maio 28, 2007

Recebi em uma lista e repasso:
O Senador Marcelo Crivela, pastor e politico, está prestes a aprovar,
no Senado Federal, uma emenda à Lei Rouanet que permite a construção,
reforma de templos religiosos e pagamento de "pastores" com renúncia
fiscal, passando a disputar verbas com a cultura. Quem for contra e
quiser se manifestar, assine a petição no site abaixo. Vamos lutar
para manter as poucas verbas para as artes e a cultura brasileira
contra sanha por dinheiro de alguns "pastores" .E repasse a informação
a seus amigos gerando uma corrente na qual preservaremos a cultura e
as Artes no Brasil.
http://www.petition online.com/ cult2007/petition. html

Meu artigo sobre a série Logan´s run foi publicado no site Bigorna. Confiram.

Resenha: Yuki - Vingança na Neve


Por Matheus Moura
28/05/2007
Como noticiado aqui, a série em seis edições Yuki - Vingança na Neve, de Kazuo Koike (roteiro) e Kazuo Kamimura (arte) chegou ao fim. A Conrad, com esse lançamento, apostou no sucesso de Lobo Solitário e seu autor, que conta com uma legião de fãs no país e no mundo. E não é por acaso, pois seus roteiros são uma verdadeira aula de como contar uma história. Podemos constatar isso não só com sua série mais conhecida, que tem Itto Ogami e Daigoro como protagonistas, mas também em outras que recentemente foram lançadas no país; uma é, na verdade, um relançamento: Crying Freeman (Panini, originalmente publicado pela Nova Sampa em meados de 1990), que tem a participação nos traços de Ryoichi Ikegami (Sanctuary; Mai – A garota sensitiva – este pela Editora Abril), e mais recentemente, Samurai Executor, lançado também pela Panini agora no mês de maio, o qual trás de volta a parceria de Koike e Goseki Kojima. Uma curiosidade: quem acompanhou Lobo Solitário já conhece o personagem principal de Executor, Kubikiri* Asaemon; Itto Ogami o matou num duelo de decapitadores no volume 5 da versão publicada pela Panini. Leia mais

Os quadrinhos e o castelo do Graal


No livro HE, o psicólogo norte-americano Robert Johson explica a psicologia masculina através do mito da busca do Santo Graal. O personagem principal é o jovem Percival, um cavaleiro da Távola redonda.
Certo dia, durante suas andanças, ele entrou em um castelo belíssimo e imponente. Era ali que estava o Santo Graal, o cálice usado por Jesus durante a última ceia.
Todos o recepcionaram muito bem e ele se sentiu feliz e maravilhado com os poderes do Graal. O cálice podia, por exemplo, fazer surgir a comida que o convidado desejasse. E podia também curar qualquer ferida.
Na manhã seguinte, quando acordou, ele não encontrou mais ninguém no castelo. Estava completamente abandonado, e ele teve de ir embora.
Percival passaria o resto de sua vida tentando encontrar novamente o castelo do Graal.
Para Robert Johnson, o episódio é uma metáfora de algo que ocorre com todos os jovens durante a fase da pré-adolescência.
Essa é uma fase particularmente difícil, pois o menino não é mais uma criança, mas ainda não é adulto.
Todos os meninos entram no castelo do Graal ao menos uma vez na vida e essa experiência irá marcá-los pelo resto da vida. Assim como Percival, eles passarão o resto da existência tentando voltar para o castelo.
O que tudo isso tem a ver com quadrinhos?
Pare para pensar. Se você tem mais de vinte anos e continua gostando de quadrinhos é porque há uma boa lembrança associada a eles.
Em outras palavras: muitas pessoas - e eu entre elas - entraram no castelo do Graal graças aos quadrinhos.
Tenho conversado leitores de gibis e todos eles têm algum episódio semelhante ao de Percival.
José Aguiar, desenhista da Manticore, saía de casa todos os dias de manhãzinha com sua bicicleta e ia direto para um sebo próximo de sua casa, onde ele comprava ou trocava gibis.
Essa experiência o marcou profundamente e eu não tenho dúvida nenhuma de que esse foi um dos fatores que o influenciaram a se tornar desenhista.
Lembro que quando estávamos na sétima série a revista preferida de todos era a Superaventuras Marvel. Nós sabíamos a data em que ela chegava nas bancas e saíamos correndo para ver quem chegava primeiro.
Como tinha pouco dinheiro para comprar gibis, eu usava de um estratagema. Eu conhecia um sebo que ficava próximo da Igreja e que vendia revistas a preço de banana. Eu passava lá todo Domingo e comprava as Heróis da TV, que um amigo da escola colecionava. Depois eu vendia para ele, pelo dobro do preço, mas antes eu lia e relia a revista e esses momentos eram tão sagrados que me faziam esquecer a chateação que era ser obrigado a ir à igreja.

Aquela experiência - comprar a revista e nem esperar chegar em casa para começar a lê-la - era uma verdadeira entrada no castelo do Graal.
Só com a saga da Fênix foram centenas de entradas no castelo do Graal, até porque os X-Men, assim como a busca do Cálice Sagrado, são um mito sobre o fim da infância.
Cada vez que eu leio uma HQ é como se eu estivesse voltando àquela época mágica da pré-adolescência.
E quando escrevo histórias, fico imaginando que talvez eu esteja proporcionando a outros garotos as mesmas sensações que eu sentia lendo quadrinhos.
É interessante notar que o tipo de quadrinho que você lê na pré-adolescência vai influenciar seu gosto pelo resto da vida.
O desenhista Antonio Eder odeia super-heróis. Também, pudera: ele passou toda a pré-adolescência lendo revistas Kripta e nesse período nunca botou os olhos num gibi de super-heróis.
O desenhista Bené Nascimento (Joe Bennet) passou essa fase lendo HQs do Jack Kirby. Hoje ele compra qualquer coisa sobre o velho Jack, até caríssimos fanzines importados.
Pare um instante e pense. Se você gosta de quadrinhos, é bastante provável que você tenha, em algum momento, entrado num castelo do Graal feito todinho de histórias em quadrinhos. Da Mesma forma, se você é um fã de cinema, é possível que o Castelo do Graal tenha sido um filme...

Alienz, o novo trabalho do roteirista Wellington Srbek


Por Sidney Gusman (23/05/07)

Em março, quando o roteirista mineiro Wellington Srbek anunciou a abertura de seu site de HQs, o Mais Quadrinhos, dava mostras de que pretendia retomar seus projetos com afinco. E não era apenas impressão. Leia mais.

domingo, maio 27, 2007


Em entrevista ao Fantástico, Roberto Carlos tentou explicar porque decidiu proibir a venda do livro Roberto Carlos em Detalhes... e não explicou nada. Disse que a biografia podia ser autorizada, mas disse que não autorizaria. Além disso, não explicou qual parte do livro que levou à proibição. Disse ainda que ele mesmo vai escrever sua biografia.
Conclusão minha:
1 - Não compro a biografia autorizada e não compro mais nenhum CD de Roberto Carlos.
2 - Existem três Roberto Carlos. O primeiro, da década de 1960, rebelde, ótimo cantor. O segundo da década de 1970, um letrista fantástico, que colocava todos os seus sentimentos em suas músicas e fazia algo do fundo da alma. O terceiro é o chato que se instala a partir de meados da década de 1980 e que desde então não fez praticamente mais nada de bom.
Feliz foi Renato Russo que morreu antes de ficar caduco e conservador.

Ontem, devido a alguns desencontros, tive que voltar para casa de ônibus e lembrei porque em Macapá a maioria das pessoas que não têm carro ou moto anda de mototaxi ou com pessoas que fazem transporte em seus carros particulares. O ônibus parecia caindo aos pedaços, o cobrador era educado como um troll com dor de barriga e para piorar ainda havia os buracos. Quando eu fazia faculdade em Belém, costumava ler a maior parte das apostilas no caminho para a faculdade. Aqui isso seria absolutamente impossível com o ônibus desconjuntando e milhares de buracos...

Disputa entre gigantes


IVAN CLAUDIO
Os executivos de Hollywood estão felizes da vida. Há pelo menos três anos eles não assistiam a uma temporada de verão tão rentável como a atual. A felicidade e os lucros começaram no final do mês passado com a estréia de Homem- Aranha 3 e prometem se estender até agosto quando chega às telas o aguardado desenho animado Os Simpsons - o filme, projeto que levou dez anos para ser concretizado. Entre um e outro, o que se verá nos cinemas é um desfile de atrações de sucesso fácil e lucratividade certa. Eis o roteiro: na seqüência de Piratas do Caribe - no fim do mundo (também em cartaz no Brasil) desembarcam Shrek Terceiro, Quarteto Fantástico e o surfista prateado, Ratatouille e Harry Potter e a Ordem da Fênix. Leia mais no site da ISTOÉ.
Dá para assistir um trecho de Persépolis neste link.

sábado, maio 26, 2007

Eu e os livros


Acho que a leitura pode ser um hábito aprendido, mas acho também que pode ser algo mais, pode estar nos genes, pode vir com a gente quando nasce. Eu, por exemplo, não tinha livros em casa. Mas tinha tanta vontade de ler que ficava lendo as caixas de sapatos empilhadas sobre o guarda-roupa. Uma vez deixaram em casa o romance Tubarão, que deu origem ao filme de Steven Spielberg. Era um livro difícil, grosso, para um garoto de nove anos, mas mesmo assim me esforcei. Depois de ler umas 25 páginas, desisti. Era adulto demais para mim, demorava muito para chegar a alguma ação.
Quando a professora da escola pediu para lermos Aventuras de Xisto, de Lúcia Machado de Almeida, tive finalmente uma desculpa para comprar um livro. E aproveitei-o até o último ponto. Li tantas vezes que decorei o texto. No dia antes da prova os amigos liam um trecho e perguntava: Em que página? Eu invariavelmente acertava.
Então eu entrei na adolescência quase totalmente virgem de leituras (exceto pelas histórias em quadrinhos). Nessa época conheci em Belém um amigo, o Afonso. Era um tipo estranho, que colecionava lagartos e cobras vivas. A gente ficava andando pelas matas caçando bichos para a coleção dele. Uma vez, quando estávamos com um grupo de amigos no meio da floresta, nos deparamos com uma enorme cobra no meio do caminho. Todo mundo saiu correndo para longe da cobra, mas o Afonso correu para pegar a cobra. Certa vez, quando limpávamos a gaiola, quase fui picado por uma serpente, de modo que depois me recusei totalmente a continuar ajudando-o.
Mas o Afonso me influenciou muito por causa dos livros. Ele tinha uma coleção enorme. Tinha a obra completa de Monteiro Lobato, presente de um padrinho, militar esquerdista. Um dia, no auge da ditadura militar, ele chegou com o carro cheio de livros, disse que era presente para o afilhado e sumiu para nunca mais ser visto. Ninguém sabe se ele conseguiu fugir ou se foi preso e morto nos porões da ditadura.
Mas o Afonso ficou lá, com aquela coleção enorme e variada. Tinha quase todos os autores clássicos, além das obras completas de Jung e de Lobato.
Quando eu ia na casa dele, ele pegava um livro e me contava o enredo. Acho que aprendi muito mais sobre literatura naquelas conversas do que com qualquer professor de português.
Eu ficava tão fascinado que pegava para ler, mas aí ele tirava o livro das minhas mãos ou começava a bater no sofá para não me deixar ler. Claro, ele gostava de ser o centro das atenções e eu lendo sozinho, o livro tirava o foco sobre ele.
O curioso é que, ao invés de isso fazer com que eu criasse ojeriza pela leitura, fez com que eu ficasse mais e mais curioso pelos livros. Como não podia nem pensar em pedir emprestados os livros do Afonso, acabei descobrindo a Bliblioteca Pública e depois os sebos. Eu me sentia tão em atraso que lia como um desesperado, no mínimo um livro por semana. Era um leitor tão assíduo que, ao chegar aos dezesseis anos eu já tinha ultrapassado o Afonso no número de leituras.
Aí acabei descobrindo outra coisa: às vezes é bom não ter tudo nas mãos. Perde o divertido gosto de correr atrás, de fazer descobertas por si mesmo.

Do livro Roberto Carlos em Detalhes:
Finalmente, uma das explicações para o sucesso extraordinário que Roberto Carlos alcançou e alcança, ainda mais em se tratando de um artista que canta tão intensamente sua própria vida - num repertório em grande parte autobiográfico -, pode estar implícita numa declaração dele, logo depois de ser desclassificado do festival de San Remo de 1972: "Apesar de tudo não me senti vencido".
Muitas vezes, Roberto Carlos chora, mas é um choro de desabafo, não de derrota. Sim, porque de fato, apesar de tudo, ele jamais se sente vencido. Não se sentiu vencido quando não conseguiu contrato com nenhuma rádio do Rio; não se sentiu vencido quando foi demitido da boate Plaza; não se sentiu vencido quando seu primeiro disco na Polydor fracassou. Não se sentiu vencido quando foi demitido da gravadora. Não
se sentiu vencido quando a RCA não quis contratá-lo. Não se sentiu vencido quando a Odeon também não o quis. Não se sentiu vencido quando seu primeiro LP na CBS também fracassou. Não se sentiu vencido nem mesmo quando aos seis anos ficou preso embaixo de um trem.

Lembra desse? Jornada nas estrelas


Ederli Fortunato & José Aguiar
Imagine a cena:

Darth Vader, o capitão boa pinta da nave estelar Enterprise, ordena a seu fiel oficial de ciências, o Sr. Spock, que teletransporte os prisioneiros Han Solo e seu fiel ajudante peludo, o tenente Worf para o calabouço de Jabba, o Ferengi.
Ridículo? Para os fãs, ou, no mínimo, admiradores de ficção científica, talvez, mas, na cabeça de muita gente, uma aventura como essa é bem possível. Isso porque, apesar da fama, a vaga semelhança entre os nomes Star Wars (Guerra nas Estrelas) e Star Trek (Jornada nas Estrelas) torna os dois universos uma coisa só. Leia mais

sexta-feira, maio 25, 2007

Os passageiros que estão saindo de Macapá pela TAM estão sendo obrigados a assinar um termo de responsabilidade isentando a TAM por extravio ou dano nas bagagens despachadas. O texto do termo diz que "Não será aberto Relatório de Irregularidade de Bagagem e não será paga indenização". Quem não assina o termo, não viaja.
Os microcontos abaixo eu escrevi para o site A casa das mil portas, do Nemo Nox. No site o leitor encontra centenas de microcontos de autores brasileiros. Vale a pena conferir e se perder nessa casa de mil portas.

MSG PR VC: Cachorro. REPLY: Porca. CHAT: Te amo.

MAMAE MRREU.AGR VC PD VLTAR.

A chuva começou na hora em que os duendes amarraram Juliana.

Pedólatra fanático: só curtia mulheres com pé de galinha.

Só depois do livro impresso, Miguel percebeu que era um plágio.

Um índio. Um cawboy. Bum. Nos vemos no inferno, índio.
O número 4 da revista independente Gorjeta, editada em Mato Grosso, vem com uma dupla estréia: o quadrinhista Marcio Baraldi como ator, ao lado de Ricardo Quintana (diretor do estúdio e curso de quadrinhos Pandora, de Campinas) protagonizam 4 Fotoquadrinhos de Marko Ajdarić. Saiba mais e leia o quadrinho aqui.

Persépolis causa boa impressão e polêmica em Cannes


Persepolis, o longa de animação baseado na autobiográfica de Marjane Satrapi, dirigido pela própria e por Vincent Paronnaud, foi ao mesmo tempo tema de controvérsia e de destaque no Festival de Cannes deste ano, que se encerra neste fim de semana.
O filme foi exibido oficialmente na quarta-feira. É, até agora, uma das películas mais comentadas pela imprensa internacional, pela visão infantil de um país em revolução política e cultural e pela crítica ao Irã, em tempos conturbados das relações do país no cenário internacional. Leia mais no Omelete.
Comentário: Persépolis foi uma das melhores histórias em quadrinhos que já li. Uma ótima narrativa sobre a ditadura religiosa do Irã.
s.

Gatos Pingados: HQ contra o abuso sexual a crianças e adolescentes

Por Sidney Gusman (25/05/07)


A revista Gatos Pingados, escrita por Iramir Araújo, que também divide a arte com Rômulo Freire, enquanto Paulo Ribeiro assina as cores, teve sua terceira edição lançada no dia 18 de maio, em São Luís, Maranhão. E com um foco bem direcionado: lutar contra os abusos sexuais a crianças e adolescentes. Leia mais


Leia no Cosplay Brasil, uma entrevista com a melhor cosplayer do mundo, Francesca Dani. Para quem não sabe o que é cosplayer, são pessoas que se vestem como personagens de mangás, um das grandes atrações dos eventos de quadrinhos e anime.

Mad


terça-feira, maio 22, 2007


Astronauta
Gian Danton

“Astronauta libertado
Minha vida me ultrapassa
Em qualquer rota que eu faça”
(Mutantes e Tom Zé)

Chamava-se Antony. Antes chamara-se Manuel. Antes disso, Robert. Seu primeiro nome fora esquecido por todos e até mesmo – dizia-se – por ele.
Sua loja em Plutão chamava-se Antony’s. Não sou exatamente doido por nomes, mas há certos casos em que torna-se necessário denominar todas as coisas. Portanto, vejo-me na obrigação de dizer que a loja – cujo nome já fornecemos anteriormente – estava situada no continente de Pangeia, no país de Pandora, no distrito de Pan e na localidade de P.
Antony, que antes chamava-se Manuel, e antes disso Robert, vendia cadeados. O negócio, devemos admitir, não ia de vento em popa. E a razão era simples: não havia ladrões em Plutão. Ou pelo menos não em quantidade suficiente para justificar a existência de uma loja de cadeados.
Quando lhe diziam isso, Antony insistia que essa era a argumentação típica das pessoas de visão curta. Dizia também que, à medida em que Plutão se tornasse um centro comercial e industrial, o surgimento de ladrões, larápios e gatunos seria inevitável.
Enquanto esperava os tempos dourados em que Plutão se encheria de gatunos, passava os dias sozinho na loja, acompanhado apenas de um rato verde de nome Pafúncio.
O animalzinho não aprendera a dizer uma única palavra além de “anticonstitucionalisticamente”. Explica-se. Antony – que todos devem se lembrar, já se chamara Manuel e Robert – achara que a melhor maneira de introduzir o bichinho no mundo das palavras era ensinar-lhe uma que fosse bastante difícil. Ora, se ele falar anticonstitucionalisticamente, facilmente falará qualquer outra coisa, pensou.
Enganou-se. Pafúncio se mostrara tão aturdido com o anticonstitucionalisticamente que se recusou terminantemente a aprender qualquer outra coisa. Era de se cogitar também que uma palavra tão grande ocupasse todo o espaço disponível em sua memória. Uma hipótese não comprovada, evidentemente....
Assim, quando via o dono acabrunhado, atacava o anticonstitucionalisticamente, a fim de alegrá-lo. Nem sempre conseguia, embora, às vezes, tivesse de se desviar de cadeados e chaves. Ficava feliz, então, com a disposição de espírito do companheiro.
Antony – ou Manuel, antes disso Robert, mas isso vocês já sabem – vivia há muito tempo. Tempo demais para se lembrar. Havia boatos. Dizia-se que, depois de ter traído um amigo, ele teria sido condenado a viver eternamente.
No começo a maldição parecia uma benção. Antony saiu ileso de Jerusalém quando da repressão romana à revolta dos Zelotes... desdenhou das invasões bárbaras enquanto contava seus cobres. Andou pelas cidades da Europa durante a peste negra, fazendo negócio com pessoas desesperadas. Guerra, fome e doenças jamais o afetaram definitivamente. Talvez de modo indireto: Antony viu todos os amigos morrerem e percebeu que apenas envelhecia, e pouco, enquanto outros que pegara no colo morriam caducos.
Não, não havia nada de realmente bom em viver para sempre. O homem imortal evitava se apegar às pessoas, sabendo que elas morreriam e ele não.
Em todos esses séculos a sorte não o acompanhou. Em períodos distintos ele acumulara riquezas suficientes para comprar toda a América, se ela estivesse à venda. Mas jamais conservara o dinheiro em suas mãos. Num dia era miserável e no outro miserável. Perdera milhões com a crise de 1929. Outros milhões se foram com jogatinas e funcionários desonestos.
Nos últimos tempos, sua única aspiração era morrer. Quando soube do projeto de colonização de Plutão, pensou lá consigo: “E se a maldição valer apenas para este planeta?”.
Assim chegara ao planeta gelado.
Contrariando suas expectativas, depois de dez anos em seu novo lar ele não morrera uma única vez.
Por fim, desistiu também disso e passou a viver exclusivamente para sua loja que, apesar de todos os seus esforços, permanecia sempre deserta.
Antony passava os dias debruçado sobre o balcão de vidro, os pés protegidos por confortáveis pantufas, esperando que entrasse algum freguês. Quando desistia e tirava uma soneca, acordava inevitavelmente com a voz fina de Pafúncio, animando-o:
- Anticonstitucionalisticamente... anticonstitucionalisticamente... anti...

segunda-feira, maio 21, 2007

Piada pronta


O número 2 da revista O PAVIO sai esta semana, e traz um especial sobre Buracos em Macapá. Na hora de fechar a revista, muita gente deu idéia e ouvimos todas as histórias que nos contavam. A Ana Girlene (do programa Café com notícia), por exemplo, deu a idéia de mostrar um buraco novo com o currículo pedindo emprego, pois a concorrência está tão grande que só buracos com experiência conseguem lugar no asfalto da cidade. Quando achava que já tinha visto tudo sobre o assunto, acabei me deparando com uma piada pronta: na Avenida Hildemar Maia, pouco depois da Padre Júlio, tem um buraco tão grande, mas tão grande, que a prefeitura colocou uma placa na frente dele, para alertar os motoristas. Era uma placa de obra, mas a prefeitura poderia mandar fazer algumas placas assim:

BURACO A 50 METROS!

Ou:

CUIDADO! BURACO À FRENTE!

Uma anedota do livro Roberto Carlos em detalhes:
Na mesma época em que São Bernardo do Campo era palco das greves que tornaram Lula famoso, RC lançava a música tudo pára. Na época, quando perguntados se estavam em greve, muitos operários respondiam: "Não, estou esperando o Roberto Carlos terminar de fazer amor".

Tudo Pára
(Roberto e Eramo Carlos)
Quando a gente fecha a porta tanta coisa se transforma
Tudo é muito mais bonito nessa hora
Entre os beijos que trocamos pouco a pouco nós deixamos
Nossas roupas espalhadas pelo chão
E é tão grande o amor que a gente faz
Que em nosso quarto já não cabe mais
Pelas frestas da janela se derrama pela rua
E provoca inexplicáveis emoções
Tudo pára quando a gente faz amor
Tudo pára quando a gente faz amor
Porque alguma coisa linda invade os corações lá fora
Tudo pára quando a gente faz amor
As pessoas se sorriem e se falam
Se entendem e se calam no fascínio desse instante
Passarinhos fazem festa nos seus ninhos
No momento em que sozinhos somos muito mais amantes
E é tão grande o amor que agente faz
Que pelas ruas já não cabe mais
Se eleva pelos ares, toma conta da cidade
E felicidade é tudo que se vê
Os sinais se abrem mas ninguém tem pressa
E o carteiro olhando o céu esquece até da carta expressa
Silenciam-se as buzinas, os casais fecham cortinas
E o mar se faz mais calmo por nós dois
E é tão grande o amor que a gente faz
Que até os absurdos são reais
Pára o bairro… e a cidade nessa hora tão feliz…
E é tanto amor que pára até o país

Uma música que representa bem como eu veja as coisas:

COMO diria Bob Dylan (Zé Geraldo)


Hei você que tem de 8 a 80 anos
Não fique aí perdido como ave sem destino
Pouco importa a ousadia dos seus planos
Eles podem vir da vivência de um ancião
ou da inocência de um menino
O importante é você crer
na juventude que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
Nunca deixe se levar por falsos líderes
Todos eles se intitulam porta vozes da razão
Pouco importa o seu tráfico de influências
Pois os compromissos assumidos
quase sempre ganham subdimensão
O importante é você ver o grande líder
que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos
Não se deixe intimidar pela violência
O poder da sua mente é toda sua fortaleza
Pouco importa esse aparato bélico universal
Toda força bruta representa nada
mais do que um sintoma de fraqueza.
O importante é você crer nessa força incrível
que existe dentro de você
Meu amigo meu compadre meu irmão
Escreva sua história pelas suas próprias mãos.
Se as pessoas escrevessem suas próprias histórias, ao invés de ficarem esperando um salvador a pátria, não teríamos tanta desgraça, tanta morte e tanta corrupção.

domingo, maio 20, 2007


Fomos assistir Homem-aranha 3. Filmaço. Não é tão bom quanto Homem-aranha 2, mas ainda assim dá de goleada na maioria dos filmes baseados em quadrinhos. Que roteiro, que direção, que elenco! Tobey Maguire encarnou tão bem Peter Parker quanto Christopher Reeve o fez com Clark Kent no filme da década de 70. O roteiro não deixa pontas soltas e resolve bem as situações. A direção de San Raimi é excepcional e percebe-se que ele tem verdadeira veneração pelos quadrinhos. Tanto que se preocupa com detalhes, como colocar Gwen Stacy usando botas e saia... O único senão do filme é que os produtores pressionaram para que aparecessem três vilões. Com isso, cada trama não pôde ser devidamente explorada. Só o Homem-areia dava um filme! É a velha história de pensar a curto prazo: com mais vilão, aparece mais gente no cinema, mas, também, com mais vilões, queima-se cartuchos que poderiam ser usados em outros filmes da franquia. Daqui a pouco só vai sobrar o Mistério como vilão...
Ben-hur de Gian Danton chega às bancas
A história de Bem-hur é uma das mais famosas do mundo ocidental, especialmente graças à versão cinematográfica de William Wyler, tendo Charlton Heston no papel principal, ganhadora de diversos prêmios óscar. Agora os jovens poderão conferir essa saga pelas palavras de Gian Danton, um dos mais atuantes roteiristas nacionais no volume Bem-hur, que chega às bancas ao preço de R$ 4,90.
O objetivo da coleção é apresentar histórias e personagens famosos de forma agradável e a preços populares. Nesse sentido, o volume ganha muito com as ótimas ilustrações de Luiz Saindenberg, em especial a bela capa pintada.
Gian Danton (pseudônimo de Ivan Carlo) é roteirista de quadrinhos desde 1989. Já trabalhou em diversas editoras do Brasil e do exterior. Seus trabalhos mais recentes incluem a graphic Manticore, ganhadora de diversos prêmios, inclusive o Ângelo Agostini de melhor roteirista de 1999. Outro trabalho recente foi o texto para o álbum War – histórias de guerra, desenhado pelo veterano Colonesse, lançado pela Opera Graphica. Atualmente Gian Danton mora em Macapá e trabalha como professor universitário e escreve livros para editoras do sul-sudeste e roteiros de quadrinhos para uma editora de Portugal. O volume dois da coleção Clássicos da Literatura Juvenil, Robin Hood, também foi de sua autoria.
Bem-hur conta a história de um príncipe judeu traído pelo melhor amigo, que o acusa injustamente de tentar matar o governador romano na Judéia. Bem-hur é mandado para as galés, de onde a maioria dos presos só saem mortos, e sua mãe e sua irmã são presas em infectos calabouços. Mas Bem-hur não desiste e luta com todas as suas forças para se vingar e livrar sua mãe e sua irmã da prisão.
"Bem-hur fala a todos aqueles que passam por dificuldades e precisam de alento para superar as adversidades da vida e fascina pela aventura grandiosa, com um herói que parece inabalável diante de tudo que lhe acontece", escreve o autor, no prólogo.
Bem-hur fez sucesso por ser não só uma história de vingança, mas também de superação espiritual. A saga do príncipe judeu é entremeada com a de Jesus Cristo e em vários momentos as duas narrativas irão se tocar, revelando um conteúdo que vai muito além da simples aventura.
A coleção ainda vai publicar mais um volume escrito por Gian Danton. Trata-se de Hércules, o famoso herói grego.

sábado, maio 19, 2007

MAD



O Júlio Daio Borges publicou um texto interessante intitulado "Publicar em papel? Pra quê?" no Digestivo Cultural. No artigo ele defende que um autor novo deve começar pela internet e ir alcançando leitores aos poucos, para só depois lançar livro. Ele argumenta que um autor novo será totalmente ignorado pelos leitores. Concordo com ele. Já lancei vários livros, mas ainda sou um ilustre desconhecido. Escrever num blog faz com que a gente treine, melhore a narrativa, fique mais solto, ao mesmo tempo que vamos apresentando isso ao leitor.

Força estranha



Segundo o livro Roberto Carlos em detalhes, no início de 1978, depois de um certo tempo
sem se ver, Roberto Carlos e Caetano veloso os dois se encontraram por acaso em um dos corredores da TV Globo. No momento em que o abraçava, Roberto Carlos comentou que Caetano estava um garotão bonito, como se o tempo não passasse para ele. "Você também, Roberto, está muito bem", retribuiu Caetano. "É, bicho, artista nunca envelhece", disse-lhe Roberto Carlos.
Caetano Veloso ficou com essa frase na cabeça e a partir dela compôs a canção Força estranha, que tem em uma das estrofes os versos: "Eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista/ o tempo não pára e, no entanto, ele nunca envelhece...". Enquanto compunha a canção, Caetano Veloso já pensava na voz de Roberto Carlos cantando aquelas palavras.
Tão logo a concluiu, gravou-a acompanhando-se ao violão numa fita cassete e mandou para Roberto Carlos. O cantor ouviu com atenção e gostou, mas pediu uma mudança. Ele ficou incomodado com a palavra "estranha", que para ele remete a alguma coisa negativa. Em casos assim, ele geralmente pede ao autor para trocar a palavra. Entretanto, no caso de Força estranha, a mudança da palavra não era tão simples, pois iria desfigurar a canção a partir do próprio título. O cantor então acrescentou o "no ar" para aquela
"força estranha" ficar mais leve, ficar para fora, não ficar com ele.

A primeira vez que ouvi Força estranha, há quase 20 anos, não foi na voz de Roberto, nem de Caetano. Foi na voz de minha esposa. Era a primeira vez que saíamos, um domingo de manhã e ainda nem éramos namorados mesmo. Estávamos naquela fase de experimentação, para ver no que ia dar. Passamos a manhã na praça, mas depois andamos até a parada e ônibus e ela me parou na porta de uma padaria fechada e ficamos lá, sentados, conversando.
Então, de repente, ela começou a cantar Força Estranha. A cena era meio estranha, surreal, mas mesmo assim gostei e foi um daqueles momentos mágicos pelos quais passamos poucas vezes na vida.
Uma parte ela cantou com especial dedicação:
“Eu vi a mulher preparando outra pessoa
O tempo parou para eu olhar para aquela barriga”
Logo eu percebi que aquela era a parte da música que lhe falava mais fundo, pois tratava da maternidade através de uma bela metáfora. Ela é uma dessas mulheres que ficariam loucas se não tivessem filhos e a música parecia dizer isso naquele momento.
Desde então, sempre que ouço Força estranha, lembro daquela manhã de domingo, daqueles bons momentos coroados pelos versos de Caetano e pela voz de Roberto que, de alguma forma ecoava na boca de minha namorada.
Era como se, de fato, o tempo tivesse parado para eu ouvir aquela música. O tempo, eu logo percebi, era uma espécie de força estranha.

sexta-feira, maio 18, 2007

ABELARDO, O HERÓI, ou farsa borgeana


A história acontece no século passado, em alguma colônia em vias de se livrar do jugo da metrópole. Um grupo de pessoas se reúne para planejar a rebelião. São atores, escritores, pintores, quase todos artistas. Três se destacam: Lafayete, Félix e Rodrigo. Lafayete é escritor, os outros dois atores.
O plano se concretiza maravilhosamente. As principais cidades são libertadas, mas a metrópole manda uma esquadra com milhares de soldados para controlar a situação. Assim, os três amigos se dirigem ao litoral para organizar a defesa da recém-criada nação. Nos intervalos, entre uma batalha e outra, engendram um divertimento. Resolvem inventar um herói. Dão a ele o nome de Abelardo. Imaginam sua personalidade, sua estatura, suas características físicas, sua história de vida, tudo. Mandam mensageiros à capital, noticiando a magnífica atuação de Abelardo. Félix chega a se disfarçar como Abelardo e aparece na frente das tropa, comandando-as. No final, percebendo a impossibilidade de levar o engodo muito a diante, resolvem matá-lo. Abelardo morre em batalha, defendendo a nação. O corpo de um dos soldados é escolhido para preencher o caixão.
Abelardo é recebido com triunfo por onde seu caixão passa. Ele é enterrado com toda a pompa na capital e sua morte faz com que os soldados ganhem novo ânimo para lutar. Se antes guerreavam pela liberdade, agora matavam por vingança.
Quando Lafayete, Félix e Rodrigo retornam à capital, toda e qualquer resistência à independência está anulada. Juntos, os três formam um triunvirato e governam o pais. Mas Félix e Rodrigo são pegos mantendo relações sexuais com seus servos. Lafayete, cego pelo poder, empreende contra eles uma cruzada moralista. Aos que argumentam que os dois são heróis da independência, ele responde simplesmente: "A independência só teve um herói, e foi Abelardo".
Félix e Rodrigo são presos, julgados e mortos em praça pública. Mas antes preparam sua vingança. Forjam documentos, abrindo caminho para que Lafayete seja acusado da morte de Abelardo. Alguns senadores descobrem o documento e o acusam formalmente. A notícia corre e a populança invade o palácio e mata Lafayete ali mesmo, aos pés da estátua que este havia mandado erigir em honra a Abelardo.

O Aprendiz 4 está à toda corda. Sinceramente, é o único reality show do qual se aproveita alguma coisa. Aliás, para quem é das áreas de administração, comunicação ou marketing, aproveita-se muito. Muitos dos exemplos que apresento na sala de aula são tiradas desse programa... Ontem, pela primeira vez, e contrariando as regras do programa, Justos não demitiu ninguém. O programa passa terça e quinta-feira, começando ali pelas 23 horas.

Novela do Zorro será exibida na TV Record

Por Marcus Ramone (18/05/07)Uma das telenovelas de maior sucesso na América Latina nos últimos tempos já tem estréia marcada no Brasil. No início da noite do próximo dia 28 de maio, a TV Record irá apresentar o primeiro capítulo de Zorro: A Espada e a Rosa, produção da Telemundo - NBC. Leia mais no Universo HQ.

Comentário: quando vi o anúncio, achei que fosse uma produção nacional... mas é mexicana!

quarta-feira, maio 16, 2007




Quando eu trabalhava como jornalista em Curitiba, havia um certo acordo implícito entre todos os meios de comunicação de divulgar qualquer iniciativa de educação ambiental, especialmente no que diz respeito a não jogar lixo nas ruas. Então, qualquer grupo que queria divulgação na mídia, bolava uma campanha ambiental. O pessoal que descia a serra de bicileta, por exemplo, reservava um domingo para retirar lixo da estrada e com isso ganhava a atenção de todos os meios de comunicação... esportistas radicais distribuam saquinhos de lixo para colocar no carro e assim por diante. Parecia um esforço conjunto, de todos os segmentos da sociedade.
O resultado disso eu observei uma vez enquanto estava em uma praça. Via uma menina chupando um picolé. Quando acabou o doce, ela olhou o lado e descobriu que só havia lixeira do outro lado da praça. A garota não pensou duas vezes: atravessou a praça e foi depositar a embalagem na lixeira.

Como consequência de toda essa campanha, Curitiba deixou de ter enchentes provocadas por lixo acumulado nas bocas de lobo. Hoje ninguém fala em enchente em Curitiba. Da mesma forma, ninguém fala de dengue em Curitiba.

Em oposição à história da menina na praça em Curitiba, lembro de outra, em um navio no trajeto Macapá-Belém, também protagonizada por uma menina. Ela estava comendo um biscoito e, quando acabou, foi jogar fora. Como havia uma enorme lixeira na sua frente, ela teve que se esticar toda, mas fez questão de jogar o lixo no rio.

Agora a Assembléia Legislativa do Amapá está liderando uma campanha contra a dengue e vi hoje, no jornal da tarde da TV Gazeta, uma extensa matéria sobre a questão do lixo jogado nas ruas e sua relação com a dengue. Um ótimo exemplo para todos os jornais.

Creio que todos os veículos de comunicação, de oposição e situação, devem se unir nesse momento nessa campanha. Chegamos a uma situação limite: ou o amapaense muda sua mentalidade com relação ao lixo, ou a dengue sai do controle e aí só Deus sabe...
Leia texto meu no Digestivo Cultural sobre a Wikipédia.

terça-feira, maio 15, 2007

Lendo Roberto Carlos em detalhes a gente vai ficando com raiva de Geraldo Vandré. Sujeitinho radical. Ele quase bateu em Caetano e no Gil quando eles tentaram colocar Maria Betânia cantando Roberto Carlos no programa que eles faziam na Record. Mais tarde, quando gravaram com Gal uma música que falava "aquela canção do Roberto...", mais uma vez Vandré quase foi para o braço.
E, de tão radical, hoje Vandré é professor no colégio Militar e se passou para os lados dos milicos...

Mad



domingo, maio 13, 2007


Ouço todo dia:
Café com notícia
Jornalismo livre, dinâmico, responsável
Com Ana Girlene e Márcia Corrêa
Na 94,5 - Equatorial FM
De segunda a sexta De 7 às 8 da manhã

Lady Laura
(Composição: Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Lady Laura

Tenho às vezes vontade de ser
Novamente um menino
E na hora do meu desespero
Gritar por você
Te pedir que me abrace
E me leve de volta pra casa
E me conte uma história bonita
E me faça dormir
Só queria ouvir sua voz
Me dizendo sorrindo
Aproveite o seu tempo
Você ainda é um menino
Apesar de distância e do tempo
Eu não posso esconder
Tudo isso eu às vezes preciso escutar de você

Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me conta uma história
Lady Laura, me faça dormirLady Laura!!!
Lady Laura, me leve pra casa
Lady Laura, me abrace forte
Lady Laura, me faça dormir
Lady Laura!!!

Quantas vezes me sinto perdido
No meio da noite
Com problemas e angústias
Que só gente grande é que tem
Me afagando os cabelos
Você certamente diria
Amanhã de manhã você vai se sair muito bem
Quando eu era criança
Podia chorar nos seus braços
E ouvir tanta coisa bonita
Na minha aflição
Nos momentos alegres
Sentado ao seu lado, eu sorria
E, nas horas difíceis
Podia apertar sua mão

Bento XVI é o Bush do Vaticano


O papa Bento XVI é contra o uso de camisinha e anti-concepcionais. Para ele, a melhor saída para combater a AIDS é o celibato. O papa também acha que a Igreja católica é a única forma de se chegar à salvação. Um dos seus cardeais mais próximos, Giacomo Biffi, recentemente declarou que o anticristo se aproxima e que o enviado do diabo está disfaçardo de "ecologista, pacifista e ecumenista". Bento XVI também tem opiniões muito claras sobre o divórcio (uma praga), o feminismo (uma bobagem) e os gays (um problema).

sábado, maio 12, 2007


Assisti Roberto Carlos em ritmo de aventura. O roteiro do filme não tem pé nem cabeça e o filme sofre com problemas sérios de continuidade. Mas vale pelas ótimas músicas.

Um detalhe do filme fez surgir uma piada aqui em casa: é que o cantor aparece dirigindo carro, avião, helicóptero e foguete espacial. A anedota é que só existe uma explicação para ele ter tantas licenças: ele tirou a carteira de motorista em Macapá... Só pode!

Em homenagem ao dias das mães

Ave Maria da Rua
(Raul Seixas/Paulo Coelho)

No lixo dos quintais
Na mesa do café
No amor dos carnavais
Na mão, no pé, oh
Tu estás, tu estás
No tapa e no perdão
No ódio e na oração
Teu nome é Yemanjah,Yemanjah
E é Virgem Maria
É Glória e é Cecília
Na noite fria
Ou, minha mãe
Minha filha tu és qualquer mulher
Mulher em qualquer dia
Bastou o teu olhar
Teu olhar
Pra me calar a voz
De onde está você
Rogai por nós
Ou ou ou
Minha mãe, minha mãe
Me ensina a segurar a barra
De te amar
Não estou cantando só
Cantamos todos nós
Mas cada um nasceu
Com a sua voz,
Ou ou ou
Pra dizer, pra falar
De forma diferente
O que todo mundo sente
Segure a minha mão
Quando ela fraquejar
E não deixe a solidão me assustar
Ou ou ou
Minha mãe, nossa mãee mata minha fome
Nas letras do teu nome
Ou ou ou
Minha mãe, nossa mãe
E mata minha fome
Nas letras do teu nome
Ou ou ouminha mãe, nossa mãe
E mata minha fome
Na glória do teu nome.

Leia no site Corrêa Neto um texto meu sobre Espiritismo e ciência.

quinta-feira, maio 10, 2007

Disneylândia pirata é construída na China


Por Marcus Ramone (10/05/07)

A pirataria sempre foi um dos principais problemas enfrentados pelos Estados Unidos em suas negociações comerciais com a China. Cópias piratas de propriedades intelectual e industrial são comuns no comércio daquele país asiático, mas agora o assunto ganhou proporções ainda maiores. Leia mais


Comentário: Esses são os problemas de um mundo globalizado...
Como não tinha comprado Roberto Carlos em detalhes, baixei e comecei a ler tentando achar o que teria levado RC a proibi-lo. Foi em vão. O livro é uma verdadeira homenagem escrita por um fã e não incursiona pela fofoca ou pelo sensacionalismo. Aparentemente, o único motivo para a censura foi o fato do autor contar o acidente que arrancou uma perna do cantor. Ou seja, o juiz mandou proibir um livro só por contar um fato real, de conhecimento público...
O que me preocupa nessa censura togada que vivemos hoje é que os juizes estão pouco preocupados com a opinião pública. Se é o governante que exerce a censura e a opinião pública pressiona, ele volta atrás, pois depende de votos, mas o judiciário não tem essa preocupação e pode censurar sem medo...
Não adiantou a justiça proibir a venda do livro Roberto Carlos em detalhes. O livro já caiu na rede e pode ser baixado em diversos endereços, entre eles este: http://www.escriba.org/blog/2007/05/08/tai-o-que-vc-queria/ .