Há algum tempo, em entrevista à revista Veja, o escritor Paulo Coelho declarou que não é mais um bruxo. Caminho oposto fez o roteirista inglês Alan Moore, autor de algumas das melhores histórias em quadrinhos de todos os tempos. Alan declarou que utiliza magia para escrever suas obras.
Para Moore, o ato de escrever está diretamente ligado à magia: “Eu percebi que você tem que ter cuidado com o que diz e escreve. Há algo de estranho no ato escrever. Recentemente li uma entrevista com a cartunista Carol Lay na qual ela menciona que tinha o cuidado de não desenhar nada de muito negativo em seus roteiros porque provavelmente aconteceria”.
Para Moore as idéias de magia e arte em geral estão ligadas desde o início da cultura: “As primeiras pessoas que conjuraram a imagem de um bisão na parede de uma caverna era magos para uma audiência que não tinha idéia de representação visual”.
Da mesma forma, as primeiras pessoas a empregarem a palavra escrita, numa fase em que a comunicação era extremamente rudimentar, eram tão inexplicáveis e misteriosas quanto o seriam os telepatas hoje. Afinal, através de algumas marteladas no barro elas conseguiam transmitir seus pensamentos a outras pessoas... “O fato de alguém conseguir enviar seus pensamentos para uma outra pessoa, registrar seus pensamentos e poder entender a passagem do tempo, tudo isso era visto como mágico”, diz Moore.
Não é uma coincidência que boa parte dos deuses dos panteões antigos eram também deuses da escrita ou da comunicação. Civilizações como a egípcia e a asteca revereciavam os escribas como verdadeiros representantes dos deuses na terra.
Em um de seus livros, A voz do fogo (publicado no Brasil pela editora Conrad), Alan Moore narra a história de sua cidade natal, Northampton, desde o período pré-histórico até a atualidade. Em um dos contos, um feiticeiro manda tatuar em sua pele o mapa da cidade e, a partir daí, o que ocorre a ele influencia a cidade e o que ocorre à cidade o influencia: “Esta aldeia é parte de mim. Suas doenças são as minhas. Se há besouros nas sementes dos campos ao sul, meus órgãos vitais aqui também são corroídos. Se as velhas rodas lá na Colina-da-fera caem na ruína e no esquecimento, os ossos de minhas costas ficam fracos tal como pedra amarela e se esfacelam ondee um raspa o outro. As pessoas são a pior parte. Quando Jebba Dente-quebrado fica louco e mata sua mulher e seus filhos, algo escorre de meu ouvido. Ou, se os irmãos Muito-cavalos estão em rixa, meus dentes ardem de dor”.
Da mesma forma, todo escritor é influenciado pela sociedade na qual vive e, ao mesmo tempo, a transforma com seus escritos.
Escrever pode ser uma elegia a um futuro melhor, uma promessa de dias mais felizes, como Júlio Verne e a era tecnológica ou Thomas Morus e a Utopia. Ou pode ser um exorcismo, uma forma de conter em palavras um futuro terrível e torna-lo impossível justamente porque foi escrito, como fez George Orwell em 1984.
Elegia ou exorcismo, escrever será sempre um ato de magia. Senão, como explicar que escritores possam fazer chorar ou rir, promover a esperança ou o desespero, o amor ou ódio?
Para Moore, o ato de escrever está diretamente ligado à magia: “Eu percebi que você tem que ter cuidado com o que diz e escreve. Há algo de estranho no ato escrever. Recentemente li uma entrevista com a cartunista Carol Lay na qual ela menciona que tinha o cuidado de não desenhar nada de muito negativo em seus roteiros porque provavelmente aconteceria”.
Para Moore as idéias de magia e arte em geral estão ligadas desde o início da cultura: “As primeiras pessoas que conjuraram a imagem de um bisão na parede de uma caverna era magos para uma audiência que não tinha idéia de representação visual”.
Da mesma forma, as primeiras pessoas a empregarem a palavra escrita, numa fase em que a comunicação era extremamente rudimentar, eram tão inexplicáveis e misteriosas quanto o seriam os telepatas hoje. Afinal, através de algumas marteladas no barro elas conseguiam transmitir seus pensamentos a outras pessoas... “O fato de alguém conseguir enviar seus pensamentos para uma outra pessoa, registrar seus pensamentos e poder entender a passagem do tempo, tudo isso era visto como mágico”, diz Moore.
Não é uma coincidência que boa parte dos deuses dos panteões antigos eram também deuses da escrita ou da comunicação. Civilizações como a egípcia e a asteca revereciavam os escribas como verdadeiros representantes dos deuses na terra.
Em um de seus livros, A voz do fogo (publicado no Brasil pela editora Conrad), Alan Moore narra a história de sua cidade natal, Northampton, desde o período pré-histórico até a atualidade. Em um dos contos, um feiticeiro manda tatuar em sua pele o mapa da cidade e, a partir daí, o que ocorre a ele influencia a cidade e o que ocorre à cidade o influencia: “Esta aldeia é parte de mim. Suas doenças são as minhas. Se há besouros nas sementes dos campos ao sul, meus órgãos vitais aqui também são corroídos. Se as velhas rodas lá na Colina-da-fera caem na ruína e no esquecimento, os ossos de minhas costas ficam fracos tal como pedra amarela e se esfacelam ondee um raspa o outro. As pessoas são a pior parte. Quando Jebba Dente-quebrado fica louco e mata sua mulher e seus filhos, algo escorre de meu ouvido. Ou, se os irmãos Muito-cavalos estão em rixa, meus dentes ardem de dor”.
Da mesma forma, todo escritor é influenciado pela sociedade na qual vive e, ao mesmo tempo, a transforma com seus escritos.
Escrever pode ser uma elegia a um futuro melhor, uma promessa de dias mais felizes, como Júlio Verne e a era tecnológica ou Thomas Morus e a Utopia. Ou pode ser um exorcismo, uma forma de conter em palavras um futuro terrível e torna-lo impossível justamente porque foi escrito, como fez George Orwell em 1984.
Elegia ou exorcismo, escrever será sempre um ato de magia. Senão, como explicar que escritores possam fazer chorar ou rir, promover a esperança ou o desespero, o amor ou ódio?
1 comentário:
Ótimo texto!
Queria eu saber escrever!
Hasta!
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