segunda-feira, outubro 26, 2009

Fahrenheit 451



Finalmente assisti ao filme Fahrenheit 451, de François Truffaut, baseado na obra de Ray Bradbury (comprei por 12 reais no Submarino). O livro é uma das minhas obras prediletas e tinha muita curiosidade de ver o filme, já que o texto de Bradbury é muito poético, difícil mesmo de transpor para as telas.
Para quem não sabe, Fahrenheit é sobre uma sociedade na qual é proibido ler. Como as casas agora são à prova de fogo, a função dos bombeiros é queimar os livros. O personagem principal é justamente um bombeiro, Montag, que, perigosamente, começa a se interessar pelos livros que queima.
Há toda uma contextualização para a obra. Bradbury viu o movimento marcathista nos EUA, em que livros de escritores tidos como de esquerda eram queimados em praça pública. Viu também a perseguição aos quadrinhos, em especial à editora EC Comics, com a qual ele colaborava, perseguição que começou com queima de gibis em praça pública e terminou com a criação de um código que engessou os comics americanos. Bradbury também odiava a televisão, um aparelho que, na sua opinião, deixava as pessoas ocas, incapazes de refletir, em um estado de felicidade vazia e conformista.
Farenheit é um resultado de tudo isso: da perseguição aos livros e quadrinhos e da emergência da TV como mídia de massa.
Para além do conteúdo, o livro prende pela narrativa extremanete poética. Bradbury é um daqueles escritores que prendem mesmo que não estejam contando nada, de tão gostoso é seu texto.
Truffaut conseguiu o que parecia impossível: fez uma bela adaptação de uma obra quase inadaptável. Fez muitas mudanças, mas todas necessárias e adequadas ao espírito da obra original. Por exemplo, no livro há um cachorro mecânico com o qual Mantag tem problemas quando começa a se interessar por livros. Sem contar com os efeitos necessários, Truffaut fez Montag ter problemas com a barra pela qual os bombeiros descem. Do ponto de vista metafórico ficou ainda melhor, já que a cena indica que ele já não é mais um bombeiro.
O cineasta também aproveita para fazer uma homenagem a grandes obras da literatura. Aparece até mesmo uma MAD sendo queimada, numa referência direta à perseguição aos quadrinhos da EC Comics. Em outro momento, ele faz uma homenagem a Crônicas Marcianas, outro grande livro de Bradbury.
Ou seja: um filme de cabeceira.
Uma questão interessante, levantada pelo filme é: se você pudesse ser um livro, se você pudesse decorar um livro para guardá-lo para a posteridade, que livro você seria?
Eu adoro muitos livros, mas provavelmente seria O nome da Rosa, uma obra que reúne o que há de melhor em muitas outras obras que aprecio.
E você? Que livro seria? Diga aí, na caixa de comentários...


5 comentários:

Lelli Ramz disse...

Obrigada pela dica... verei.. lerei

bjinhus, filmes e livros

Lelli

FOGO!

Adalton Silva disse...

E pensando agora, como será possível ser um quadrinho?

Quanto ao livro, eu seria O Elogio da Loucura, do Erasmo de Rotterdam.

Cassionei Petry disse...

Difícil escolher, mas talvez eu seria "Sobre heroes y tumbas", de Ernesto Sábato.

Anónimo disse...

O.O fikei duas horas pensando e não consegui. U.U Melhor me matar logo do q pedir pra eu escolher um só. Ç____Ç PORQUEMEUDEUS? PQ? pq um livro? A maioria dos q eu mais amei são coleções, trilogias,..

dexa eu pensar.... @.@
enquanto eu penso deixa eu te falar q eu qro mto ler esse Livro do Farenheit. *O* Vo já caçar.

u.u Ah esqce, tá doendo minha cabeça já. Eu ia decorar o "Manual Básico de Clonagem para Idiotas" e ia fazer mtos clones meus pra cada um gravar um livro diferente, pronto! Um ia gravar A trilogia "A busca do Graal" do Bernard Cornwell, o outro "As crônicas Saxônicas", do mesmo autor. Outro, "a menina que roubava livros", do Markus Zusak, "A herdeira"do Sidney Sheldon, e outro os livros da série "Guia do Mochileiro das Galáxias", "Quando Nietzsche Chorou" do Irvim Yalom, "Assim falava Zaratustra"do Nietzsche, etc.

*O* my precious...

Anónimo disse...

oi Ivan, já assisti ao filme por indicação de um amigo e ainda pretendo ler o livro, achei o filme maravilhoso, ainda mais para alguem que trabalha com livros como eu...

Acho que escolheria ser "Os irmãos Karamazov", também pensei no "Sobre Herois e Tumbas" que gosto muito e já escolhido aqui =) pensando bem, acho que seria o "Livo do desassossego" do Pessoa.

abraço, rômulo