domingo, dezembro 27, 2009

Sutilmente


Pensando sobre a música Sutilmente, do Skank: música boa é aquela que te toca, que fala sobre o que você sente. E isso nenhuma métrica consegue reproduzir. Mas a "Sutilmente" tem um jogo de palavras que a faz ainda mais interessante:

E quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace
E quando eu estiver louco
Subitamente se afaste
E quando eu estiver bobo
Sutilmente disfarce
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate, não
Dentro de ti, dentro de ti

Triste, louco, bobo e morto são adjetivos. Simplesmente, subitamente e sutilmente são advérbios. Só por aí, percebe-se uma preocupação em fazer uma estrutura de repetição incomum: toda frase tem um um adjetivo e um advérbio na mesma posição. Além disso, louco, bobo e morto são palavras com duas sílabas e cada uma delas tem um o.
Além da questão poética, há uma interessante questão filosófica: o medo da morte não como morte do corpo, mas o medo de morrer na memória das pessoas que amamos.
A consciência de que somos mortais nos levou a criar alternativas de imortalidade. Ter um filho, escrever um livro, compor uma bela canção, são formas de nos tornar imortais. Certamente o Skank se tornou imortal com essa música, que viverá por muito tempo na memória das pessoas.

2 comentários:

Anny disse...

Muito bom!
Parabéns pelo texto.
A música do Skank é perfeita.

uma leitora disse...

belíssimo poema! se não me engano é do Nando Reis. bjos e ótimo ano novo!

berenice