domingo, março 31, 2013

Lançamento: Artelectos & pós-humanos 7

Revista com HQs de Edgar Franco, premiada com o troféu Bigorna e apontada por críticos como um marco dos quadrinhos experimentais brasileiros, chega ao seu sétimo número. Dessa vez incluindo HQs inspiradas e/ou criadas em estados ampliados de consciência. Leia mais

sábado, março 30, 2013

Sobre a ditadura militar

Um leitor deixou um comentário no blog defendendo a ditadura militar. Segundo ele, se hoje tenho liberdade de expressão é por causa dos militares que tomaram o poder em 1964. Esse mesmo comentário dizia que, se eu não gostava da ditadura militar brasileira, deveria ir morar em Cuba ou no Irã.
Para começo de conversa, sou contra qualquer tipo de regime ditatorial, seja ele de direita (a ditadura militar no Brasil), de esquerda (Cuba, Coréia do Norte) ou religioso (como é o caso do Irã e foi, durante algum tempo, o caso do Afeganistão).
Ademais, é idiotice achar que os militares estavam lutando pela democracia ou até mesmo contra o comunismo.
Em toda a história, o único país que se tornou comunista na América foi Cuba e isso mesmo porque os EUA se negaram a apoiar a revolução e jogaram os cubanos no colo dos soviéticos.
Na verdade, mesmo países que nunca sofreram golpes militares nunca se tornaram ditaduras. No Brasil, a guerrilha comunista só surgiu na década de 1970, quase seis anos depois do início da ditadura. Ou seja: não havia um perigo comunista e mesmo que houvesse, o melhor remédio contra ele sempre foi o desenvolvimento econômico, vide o exemplos de países como a Alemanha, Japão, Coréia do Sul.
Os próprios americanos logo perceberam que uma democracia com desenovolvimento econômico é um meio muito mais seguro de manter um país longe do comunismo (tanto que o presidente Jimmy Carter chegou a cobrar um prazo para que a ditadura no Brasil acabasse).
Os militares tomaram o poder e se mantiveram nele porque o poder é doce para algumas pessoas. A busca do poder é a maior motivação. E, se poder é doce para essas pessoas, o poder absoluto de uma ditadura é um verdadeiro manjar. O mesmo poder, aliás, que tem o torturador na sala de tortura, por isso não existe ditadura sem presos políticos e tortura. Como dizia George Orwell: "pense no futuro e imagine uma bota esmagando um rosto humano". Esse é o sonho dos ditadores.
A democracia pode não ser o melhor sistema, e, como estamos vendo pelas notícias do Congresso, de fato não é. Mas, enquanto não temos uma democracia direta, a democracia representativa é muito melhor que qualquer ditadura.

quarta-feira, março 27, 2013

Livro sobre a Grafipar indicado para o HQ Mix

O meu livro Grafipar, a editora que saiu do eixo foi indicado para o troféu HQ Mix na categoria melhor livro teórico. A obra pode ser comprada aqui.

terça-feira, março 26, 2013

Guerra dos tronos no SBT

A assessoria de imprensa do canal SBT divulgou a aquisição de um novo pacote de seriados de grande sucesso da Warner, e Game of Thrones é um deles!

Leia mais.

segunda-feira, março 25, 2013

As expectativas para a terceira temporada de Game of Thrones

Com estreia marcada para 31 de março de 2013, a terceira temporada de Game of Thrones promete trazer ao público o que há de melhor na televisão. Fantasia, drama, aventura, sexo e muita ação nos dez episódios que serão transmitidos pela HBO e suas correspondentes internacionais. A sinopse oficial, divulgada pelo canal, já mostra o que podemos esperar:

“À medida que a Baía da Água Negra esfria, os vitoriosos consolidam seu poder e reconstroem Porto Real. Mas novos desafiadores do Trono de Ferro surgem dos lugares menos esperados. Personagens antigos e novos devem navegar entre as exigências da família, da honra, da ambição, do amor e – acima de tudo – da sobrevivência, uma vez que a guerra civil em Westeros avança outono adentro. Leia mais

E-books Jornalistas no cotidiano das redes sociais

A obra de Marina Magalhães é baseada em sua dissertação do Mestrado em Comunicação da UFPB, concluída em 2011, em que analisa como se instalam as comunidades virtuais na internet com
interesse nas discussões relativas ao jornalismo cultural.
Para desenvolver sua análise a autora buscou fundamentação teórica na obra
de Massimo Di Felice, Lucia Santaella  Pierre Lévy, André Lemos e Michel Maffesoli, entre outros pesquisadores, que vêm colaborando com um embasamento sólido para a compreensão da cultura
tecnológica no tangente aos conceitos de pós-humanismo, inteligência coletiva, cibercultura e tribalismo.
O trabalho investiga as interações na comunidade Jornalismo Cultural – PB, hospedada na rede de relacionamentos Orkut, a maior rede de relacionamentos digitais no Brasil à época da pesquisa.
O objetivo, segundo Marina, foi “compreender como o grupo, representante de uma categoria profissional tão atuante no contexto das sociedades atuais, revela um campo propício para
empreendermos um monitoramento do jornalismo cultural e das relações entre mídia, cotidiano e sociedade”. Leia mais

Jornalistas no cotidiano das redes digitais
Marina Magalhães
Série Veredas, nº 28.
João Pessoa: Marca de Fantasia, 2013. 169p. Ebook em pdf. R$5,00

sábado, março 23, 2013

Mano Juan, de Marcos Rey

Mano Juan é um lançamento da Global, editora que está publicando as obras completas de Marcos Rey. O livro, escrito na década de 1970 e lançado após a morte do autor, conta a história de um guerrilheiro ferido que chega a são Paulo e, sem ter a quem recorrer, procura um jornalista que escrevera diversos artigos sobre ele. Mas é a época da ditadura militar e o repórter teme se comprometer. Além disso, Dalila, uma atriz de pornochanchadas pela qual se apaixonara, lhe prometera para aquele dia uma noite de amor em troca da publicação de suas fotos no jornal. 
Marcos Rey é um dos grandes roteiristas de cinema do Brasil, tendo escrito diversas pornochanchadas e novelas (experiência que ele conta nos livros O roteirista profissional: televisão e cinema e Esta noite ou nunca. Esse olhar cinematográfico permeia a maior parte de sua obra, inclusive a juvenil, como O Mistério do Cinco Estrelas e O Rapto do Garoto de Ouro, mas é ainda mais visível em Mano Juan. O capítulo de abertura do livro é uma boa amostra desse tino visual: construído emtakes, mostra a chegada de um guerrilheiro a São Paulo e a balbúrdia da rodoviária num feriado prolongado:

"Como era sexta-feira da Paixão parte da população da cidade batia asas. São Paulo, parcialmente deserta, transformava-se numa amplo parque ideal ao adestramento de motoristas de carta nova. (...) O número de mulheres e crianças, superior ao de homens, contribuía para intensificar a irritante sonorização do ambiente, apenas dominada pela voz de uma locutora que anunciava a partida dos ônibus numa robotizada emissão vocal (...) O tumulto maior e mais angustiante concentrava-se nas escadas, a de degraus e a rolante, onde acontecia um massacre de proporções razoáveis. Inúmeros balcões e guichês de transportadoras informavam por escrito: 'Não há mais passagens' (...) Uma mulher grávida, segurando uma criança em cada mão, parecia ter perdido o marido e chorava, um grupo de cabeludos ameaçava destruir um dos balcões de passagens, um estrangeirão, loiro, tentava fazer-se entender".

A história toda parece ter sido escrita como um roteiro de cinema, inclusive com flash backs e e referências diretas a filmes em trechos como: "Batista diante daquela bem-rodada cena do cinema nacional, ficou cabreiro e começou a lançar olhares de pesquisa ao redor", "os seios, que só vira em filmes pornô, saltaram como molas, pagando na boca do caixa o trabalho das fotografias". 

Marcos Rey constrói a trama como um thriller de humor com personagens marcantes: o guerrilheiro saudoso da infância, o jornalista que o tempo todo divide o pensamento entre o medo de ser preso e a possibilidade de conseguir, finalmente, levar a atriz para a cama; a atriz de pornochanchadas que se deslumbra com a possibilidade de fama, mas se apaixona pelo guerrilheiro; o líder sindical que é respeitado pelos trabalhadores, mas em casa é tiranizado pela mulher... O autor apresenta uma verdadeira fauna de tipos que vão desfilando diante do leitor num verdadeiro plano sequência que vai das 19h10 da sexta às 4h05 da madrugada de sábado. 

O livro tem gosto da década de 1970 em que a tensão provocada pela ditadura militar se misturava à revolução sexual, à moda hippie de vestir e à profusão de gírias. Expressões como "cana brava", "manjo seu truque, malandro", "a velha teve outro balacobaco" ajudam a dar o clima do momento histórico.

Mano Juan foi escrito em 1978, mas permaneceu inédito até 2005. Em 2003, quando a Global negociou com a viúva Palma Donato a publicação de toda a obra de Rey, ficou acertado que, além dos títulos já publicados, a editora teria prioridade sobre esse inédito. Cumprindo o acordo, a viúva entregou à editora os originais datilografados. 

A Global fez um verdadeiro trabalho de fã, com uma edição belíssima, que segue o padrão das outras obras da coleção Marcos Rey, uma sugestiva capa Victor Burton, com imagens que simbolizam bem a trama, como uma loira, um revólver, uma garrafa de uísque e um botton de Che Guevara. Além disso, incluiu uma apresentação de Ignácio de Loyola Brandão, que acertadamente escreve: "Ele (Marcos Rey) foi um homem desprezado pela crítica, mas lentamente começa a ser reavaliado, revisado e sua obra reciclada. Era um narrador sutil e fino, e a prova está em cada página deste livro que inclusive é permeado pela mais intensa ironia, pelo sarcasmo. Quem nunca leu Marcos Rey pode começar por este Mano Juan". Bom conselho. 


Em tempo, O mistério do Cinco Estrelas, que também está no catálogo da Global, será transformado em filme. Os direitos foram comprados pela RT Features e o roteiro será de do paulista André Sirangelo. Ainda não foi definido o diretor da produção.

Talvez com a produção cinematográfica aumente o interesse por esse pouco valorizado escritor brasileiro. Para aqueles que se deliciarem com o filme e quiserem conferir o autor dessas histórias, a coleção da Global é uma ótima iniciativa.

quinta-feira, março 21, 2013

Filtro brasileiro de barro é o melhor do mundo

Sabe aquele filtro marrom de água que a sua avó com certeza tem ou já teve? Pois é, de acordo com uma pesquisa divulgada recentemente, ele é o mais eficiente do mundo. Surpreso? Pois então vamos aos fatos: pesquisadores americanos concluíram que o filtro feito de barro é o melhor quando o assunto é retenção de cloro, pesticidas, ferro, alumínio e chumbo.
Para quem nem sabia que tudo isso poderia ser encontrado na água, eis outra surpresa: a água pode conter Criptosporidiose, um parasita que causa alguns incômodos como diarreia e gastrenterites. De qualquer forma, não há motivo para pânico, pois o filtro de barro é capaz de eliminar 99% desses parasitas. Leia mais

Revista Entrelinhas é lançada

O Amapá tem mais um veículo jornalístico. Trata-se da revista Entrelinhas, que promete ser um diferencial em nossa imprensa. A publicação está nas bancas e no site.

Depoimento sobre o livro O roteiro nas histórias em quadrinhos

O quadrinista Renato Medeiros escreveu, no Facebook, um depoimento sobre o meu livro O roteiro nas histórias em quadrinhos, publicado pela editora Marca de Fantasia (www.marcadefantasia.com.br). Renato é um dos grandes nomes dos quadrinhos do Rio Grande do Norte.  Leia
abaixo a íntegra:

Caro Gian Danton, agradeço a sua pessoa pelo incrivel livro que escreveste sobre roteiro de historias em quadrinhos. Grande material e incrivel clareza. Parabéns! Que você continue nos esclarecendo as dúvidas desse mundo das hqs. Nem tenho palavras para agradecer, mas uma que acho mais apropriado deve significar alguma coisa que é: ajuda, agradecido! Recomendo recomendo seu livro e seu blog a todos que desejam fazer roteiro de HQ. Aliás no TOP, TOP do Manassés na Paraíba que ministrei uma óficina de roteiro para HQ mencionei seu livro e sua relevância para as feitura das comics. Muito bom!

Mais uma antologia: Lendas Urbanas

Fui selecionado para mais uma antologia de contos de terror. Agora é Lendas Urbanas, da editora Llyr. Para ver a relação completa, clique aqui.

Llyr Editorial é o selo de literatura especulativa da editora Vermelho Marinho. Coordenado por Ana Cristina Rodrigues, tem como missão apresentar ao público leitor histórias de qualidade e envolventes, sejam elas de Ficção Científica, Fantasia, Terror, Romance Sobrenatural, Steampunk…

segunda-feira, março 18, 2013

Dia do fã

Venha comemorar com os fãs-clubes de ficção e fantasia 9 Dia do Fã,que será realizado com o apoio da Faculdade Sumaré, na cidade de São Paulo, no dia 23 de março.
As dependências da Unidade Sumaré receberão os fãs para um dia repleto de alegria, muitas brincadeiras, exposições, bate-papo, desfile de fantasias e muito mais.
Neste ano, os visitantes terão a chance de adquirir produtos dos fãs-clubes e das lojas para colecionadores.

Data: 23 de março - das 9 horas às 17 horas
Local : Faculdade Sumaré – Rua Capote Valente, 1121 – Próximo à Estação Sumaré do Metrô – São Paulo/Capital
Entrada Franca.
Saiba mais

Devir lança conclusão da Saga de Ender, multipremiada série de quatro romances de ficção científica



É finalmente lançado no Brasil Os Filhos da Mente, romance que encerra a multipremiada “Saga de Ender”, iniciada com os sucessos internacionais O Jogo do Exterminador (mais de três milhões de exemplares vendidos no mundo) e Orador dos Mortos, dois romances ganhadores dos principais prêmios da ficção científica: o Hugo e o Nebula.

O ano de 2013 marcará o lançamento da aguardada adaptação cinematográfica de O Jogo do Exterminador, um filme de Gavin Hood (diretor de X-Origens: Wolverine e O Suspeito), com produção de Summit Entertainment, K/O Products e Odd Lot Entertainment, distribuição da Lionsgate e estreia prevista para dezembro.

Os Filhos da Mente traz o planeta Lusitânia, colonizado por brasileiros, onde o herói da saga, Andrew “Ender” Wiggin, forjou uma situação em que humanos, pequeninos e a Rainha da Colmeia podem viver juntos.


Em Os Filhos da Mente, Orson Scott Card alia sua poderosa imaginação, perfeita técnica narrativa e domínio do enredo, com um raro conhecimento da condição humana. Uma ficção científica de ideias e de emoções, que prova que a especulação filosófica e científica pode ser tão instigante quanto a ação física.


Esta edição de Os Filhos da Mente conta com arte de capa de Vagner Vargas (http://www.vagnervargas.com.br), o mais experiente ilustrador brasileiro de ficção científica.

Sobre o autor:

Orson Scott Card é um premiado e popular autor de ficção científica e fantasia, cuja carreira começou em fins da década de 1970 — estréia coroada com o Prêmio John W. Campbell Jr. de Melhor Autor Novo em 1979. Seus livros da Saga de Ender alcançaram enorme popularidade internacional, e O Jogo do Exterminador motivou — além dos Prêmios Hugo e Nebula — um Prêmio Edwards, da Associação Americana de Bibliotecas, por sua contribuição à literatura para jovens nos Estados Unidos. Sobre Card, Isaac Asimov escreveu: “Não vi ninguém que alcançasse a popularidade de Orson Scott Card, seja com leitores ou críticos, desde Robert Heinlein em seu auge, quarenta anos atrás.” Card, que já viveu no Brasil, mora atualmente na cidade de Greensboro, Carolina do Norte. Dele a Devir já publicou no selo Pulsar O Jogo do Exterminador e Orador dos Mortos.

SERVIÇO
Título: Os Filhos da Mente
Autor: Orson Scott Card
Tradução: Sylvio Monteiro Deutsch
Capa: Vagner Vargas
Número de páginas: 352
Formato: 14 x 21 cm
Editora: Devir Livraria, Selo Pulsar
Preço: R$ 42,50

domingo, março 17, 2013

Eu no Café de Domingo: repertório pessoal

Hoje participei do quadro Repertório Pessoal, no Café de Domingo, apresentado pela grande Ana Girlene. Nesse quadro, os convidos escolhem sete músicas. Para ouvir, clique aqui.

As minhas músicas foram:
1 - Eduardo e Mônica - legião Urbana
2 - Minha viola - Raul Seixas 
3 - O mundo ainda não está pronto - Pato Fu
4- Todos estão surdos - Chico Science
5 - Eu só tenho um caminho - Roberto Carlos 
6 - Força estranha - Roberto Carlos
7 -Zé Geraldo - como diria Dylan

Francesco Francavilla

Descobri ontem esse desenhista italiano, com estilo vintage e muito influenciado pelas capas dos pulp fictions. Ele é o criador da série The Black Beetle e tem se destacado nos EUA pelas belíssimas capas para os mais diversos personagens. 






sábado, março 16, 2013

A teceira onda: fascismo na escola

publicado em recortes por
Na primavera de 1967, em Palo Alto, Califórnia (EUA), o professor Ron Jones recriou em uma sala de aula do ensino médio o ambiente nazi fascista da Alemanha pouco antes da II Guerra Mundial. O que era para ser apenas uma aula de história sobre o totalitarismo na Alemanha nazista, acabou se tornando um experimento que deixou lições inesquecíveis para todos, até os dias de hoje.
O professor de história Ron Jones tinha apenas 25 anos quando tudo aconteceu. Era jovem, bonito, carismático, surfista, inovador. Em suma, um líder nato. Aquele, era o seu primeiro ano completo como professor. Tudo aconteceu muito rápido, como é típico na vida dos jovens. Para se ter ideia; os acontecimentos da Terceira Onda deram-se apenas entre 5 ou 8 dias escolares. Pouco mais de uma semana entre o fim de março e o começo de abril de 1967. O cenário era a Elwood P. Cubberly Senior High School, em Palo Alto, Califórnia, EUA. A escola foi fechada em 1979. A classe do professor Jones era chamada "Contemporary world" (Mundo contemporâneo), era o curso de história como parte do Departamento de Estudos Sociais. A famosa Terceira Onda ocorreu durante os estudos das condições do mundo da época, e dos eventos que levariam à II Guerra Mundial.

Promoção é isso aí!

Imperdível: leve 5, pague 6! Num supermercado aqui perto de casa.

sexta-feira, março 15, 2013

Exploradores do Desconhecido - novo capítulo

Já saiu mais um capítulo da série de ficção científica Exploradores do Desconhecido. Para ler, clique aqui.

Membro da Comissão de Direitos Humanos defende tortura

Jair Bolsonaro, um dos novos integrantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, e um dos principais apoiadores do pastor Feliciano, presidente da comissão, é famoso por sua defesa da ditadura militar e seus métodos. Ao saber que os familiares de desaparecidos políticos queriam os corpos para poderem enterrar, ele declarou: "quem procura osso é cachorro". Em uma reunião no Clube Militar ele chegou a afirmar que os militares haviam errado em ter apenas torturado. Segundo ele, os militares deveriam ter torturado e matado todos os presos políticos. Como já divulguei aqui, até mesmo crianças eram presas e torturadas durante o regime militar. Ou seja: temos, na Comissão de Direitos Humanos, uma pessoa que defende até a prisão e tortura de crianças por crime político.
Parece que chegamos finalmente ao mundo de 1984.

quarta-feira, março 13, 2013

Qual diabos é o problema?

adventuresofsuperman
Texto publicado originalmente ICV2 no dia 7 de março (versão original aqui) e reproduzido com autorização do site e do autor.
Por Andrew Iwamasa (*)
Deixe-me começar dizendo que acredito que todo mundo tem direito a ter sua própria opinião e a fazer o que quiser desde que não agrida outras pessoas (e, sim, eu sei que esta fronteira é subjetiva, mas, neste caso específico, quero dizer que acredito que se duas pessoas do mesmo sexo querem se casar, elas devem ter o direito de fazê-lo).
Dito isto, acho ridícula toda a repercussão que essa história envolvendo Orson Scott Card e o Superman vem recebendo. Agora Chris Sprouse deixou o título. (Estou mencionando isto porque fico triste que ele não vai desenhar a história e não por qualquer outra razão. Respeito sua decisão de não fazer parte de algo que está começando a parecer um espetáculo de circo).
Se assumirmos que Card é um profissional e que está apto a escrever uma história (ou várias) sem impor seus próprios pontos de vista, então qual diabos é o problema? Será que as pessoas realmente pensam que de uma hora para outra Superman vai ser contra o casamento gay? Alguém acredita que o editor permitiria que algo assim fosse publicado?
Eu já li uma porção de trabalhos de Card e nunca notei sua visão pessoal sobre este tema em nenhuma de suas histórias, ou concluí que eram romances para expressar qualquer tipo de ódio. As pessoas que estão tentando tirar Card do projeto não estariam fazendo a mesma coisa da qual o acusam? Mantendo a mente fechada e ameaçando alguém por causa de seus pontos de vista? Leia mais no blog Papo de quadrinhos

Ps: Para quem não está acompanhando o caso, uma explicação: o escritor Orson Scott Card foi convidado para escrever as histórias do Supermana, mas surgiu uma campanha contra ele por sua posição contra o casamento gay. Recentemente até o desenhista pulou fora do título para evitar a controvérsia. Minha opinião sobre o assunto é que essa campanha é descabida. Como diz o autor, os ativistas acham que o Superman vai pregar o ódio contra os gays só por que seu escritor é contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo?

Ábum Medo faz homenagem a Flávio Colin

Alberto Pessoa é um jovem quadrinista que tem se destacado pelo domínio do traço e da narrativa. Um dos aspectos que impressionam no álbum Medo! é a desenvoltura com que transita por vários estilos gráficos e temáticos, sempre perpassados pelo terror. Desse modo, encontramos ambientes que remetem ao faroeste, campos nevados, paisagens urbanas, nazismo e cangaço, o que oferece ao leitor um diversificado portfólio da capacidade criativa de Alberto. O álbum é inspirado e homenageia a obra de Flavio Colin. Leia mais

SERVIÇO 
Medo!
Alberto Pessoa
Série Repertório, n. 14. 

João Pessoa: Marca de Fantasia: 2013. 
56p. 
14x20cm. 
R$10,00

domingo, março 10, 2013

Logan's run - um seriado clássico de FC

Existem obras que nos marcam para o resto da vida. No meu caso, uma obra fundamental foi Logan's run (Fuga do século 23), um filme de 1976, dirigido por Michael Anderson, posteriormente transformado em série televisiva. Não lembro de ter visto ao filme, mas eu devorava a série todas as tardes e era muito raro perder um episódio.

Logan's run conta a história de uma cidade hermeticamente fechada onde as pessoas vivem para o prazer. Mas há um porém. Ao chegarem aos 30, todos precisam ser "renovados". A renovação acontece durante um evento chamado carrossel em que as pessoas, flutuando no ar, são atingidas por raios que supostamente teriam a capacidade de renová-los. Na verdade, as pessoas são mortas para dar lugar a crianças. 

Para cada criança que nasce, uma pessoa deve morrer. A estratégia é uma forma de controle populacional imposto pelas máquinas que governam a cidade e convencem os cidadãos de que 30 anos é idade máxima que se pode viver. Logan é um patrulheiro, uma das pessoas que perseguem e matam os que tentam fugir da renovação no carrossel. 

Aí há algumas diferenças entre o filme e o seriado. No filme, Logan e uma jovem chamada Jéssica conseguem fugir, mas se deparam com um mundo destruído por uma guerra nuclear. Depois de muito caminharem, chegam em Washington, onde encontram um velho. Eles voltam para a cidade, que acaba sendo destruída e termina com os seus jovens habitantes ao redor do velho, admirados com um tipo de pessoa que nunca haviam visto. 

No seriado, Jéssica e Logan fogem ajudados por um andróide e são perseguidos por patrulheiros. Em suas andanças à procura do Santuário, um local paradisíaco, onde as pessoas vivem felizes, sem terem de morrer aos 30 anos, eles se deparam com os mais diversos tipos de perigos, de uma sociedade religiosa fundamentalista a uma casa mal-assombrada (é, às vezes os roteiristas viajavam um pouco...). 

Minha idolatria pela série fez com que eu encontrasse uma ressonância em obras distópicas, como 1984, de George Orwell, Admirável Mundo Novo, de Adous Huxley e Farenheith 451, de Ray Bradbury e isso talvez explique porque eu gostei tanto desses livros. Em todos eles havia a concepção de uma sociedade despótica em que não eram as próprias pessoas que decidiam sobre seus destinos. 


Nesse sentido, Logan's run me ajudou a definir minha filosofia política. Eu percebi que os sistemas autoritários surgem geralmente respaldados pelos cidadãos comuns. Em Logan's run as próprias pessoas colocaram o controle nas mãos das máquinas, pois isso era mais cômodo, já que as máquinas providenciavam tudo que se necessitava, podendo as pessoas viverem apenas para o prazer. Em sociedades desse tipo, em que as pessoas colocam o controle de suas vidas nas mãos de outros, os que governam conseguem impor o que quiserem. Os habitantes da cidade dos Domos achavam que morrer aos trinta anos era algo absolutamente normal porque era isso que a as máquinas diziam. A figura dos patrulheiros também é interessante, pois embora também sejam vítimas desse sistema (também eles devem morrer aos 30 anos), eles o defendem com unhas e dentes. Tanto no filme quanto no seriado, Logan e Jéssica são perseguidos por um patrulheiro totalmente cego a tudo que vê, pois só consegue obedecer à sua programação. Da mesma forma, todo regime autoritário só existe porque tem à sua disposição a tigrada, aqueles que obedecem cegamente ao ditador, mesmo que sejam vítimas dele. 

Outro aspecto interessante é observar uma sociedade formada exclusivamente por jovens (há uma cena em que uma garotinha vê a personagem Jéssica, de 24 anos, e diz que ela é uma velha bonita) em um filme lançado no auge do movimento hippie.

No filme, as pessoas, quando querem sexo, entram num circuito que permite escolher qualquer outra pessoa que esteja no circuito (uma antecipação dos chats eróticos?), e há a loja do amor, onde qualquer um pode se relacionar com qualquer um. Ao fugirem, Jéssica e Logan redescobrem as sociedades antigas e as uniões estáveis e decidem que serão marido e mulher e terão filhos. Seria uma espécie de auto-crítica da geração do amor livre? Como um jovem refletindo sobre suas mais importantes questões, a série não dá respostas. Se no filme Jéssica e Logan tornam-se um casal (amável esposa, amável esposo), no seriado os dois fogem juntos, mas não fica clara a relação entre eles. Ou seja, a série é mais uma reflexão sobre um comportamento do que uma censura do mesmo. 

O filme também antecipa toda a discussão ecológica sobre o aquecimento global. Numa sociedade em que restauram poucos recursos naturais, a solução encontrada é o controle populacional e o reaproveitamento dos recursos (creio que esqueci de mencionar que as pessoas mortas no carrossel são secretamente transformadas em comida para os mais jovens). 

A presença do andróide REM também permite interpretações interessantes pois, embora Logan e Jéssica estejam fugindo da ditadura das máquinas, eles estão sendo ajudados por uma máquina. Seria o andróide um espião infiltrado entre eles apenas para destruir o santuário quando o encontrarem? A série nunca deixou isso claro, mas o fato deu origem a situações interessantes que quebram com o maniqueísmo: o amigo pode também ser o inimigo. Aquele que parece simpático pode ser a maior ameaça. 

O seriado nunca mostrou os personagens chegando ao santuário, o que foi uma decepção para alguns fãs. Mas, por outro lado, deixou em aberto a situação, permitindo que cada um visualize o santuário a seu modo. O santuário, assim, passou a significar menos um local e muito mais um sentimento de esperança de que o homem um dia consiga encontrar uma maneira de viver sem ser dominado por regimes autoritários, em que cada pessoa viva feliz, sendo responsável e livre para fazer suas próprias escolhas. 

Embora Logan's run tenha permanecido no limbo durante muitos anos, Hollywood redescobriu a história e tem se falado muito em uma refilmagem, inclusive com direção de Brian Singer (Superman). Espera-se que nessa nova versão a riqueza da história seja preservada, e que o filme não seja transformado em mais um filme em que a ação se sobrepõe à reflexão.