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A galinha sentiu-se curiosa. No
começo, estivera insegura com a mudança de ares e as novas pessoas que
conhecera.
Com o tempo, no entanto, ganhara
confiança naquelas outras pessoas e se sentira segura para explorar o ambiente.
Olhou à volta e achou o local onde estava escuro e claustrofóbico. Lá fora
parecia muito mais arejado e iluminado, um novo mundo a ser explorado.
Pimpinela se empoleirou no batente
da porta traseira e olhou à volta. Tudo parecia muito silencioso e tranquilo.
Deu um ou outro piado exploratório. Nada parecia ameaçador naquele mundo
iluminado e silencioso.
Alegre, ela saltou de seu poleiro
e andou à volta. Pensou ter visto algum bicho no chão. Tentou ciscar, mas
descobriu que aquela terra era dura, assim, resolveu andar mais. Sua
curiosidade foi recompensada: um verme se debatia contra o chão quente. Andando
um pouco mais, achou outro e outro, para só então perceber, alegre, que era
como uma trilha indo na direção de um saco de lixo, um verdadeiro tesouro.
A galinha soltou outro piado de
satisfação e seguiu em frente.
- Ah, não! – gritou Zu.
Edgar estava ao lado do tanque,
enchendo-o com a mangueira. Dessa vez tinha conseguido colocar uma grande quantidade
e esperava enchê-lo. Ao ouvir o grito, estancou, assustado:
- O que aconteceu?
Jonas e Alan tinham se aproximado
da mulher, que ficara do outro lado do carro. Ela chorava:
- A Pimpinela... Meu Deus, como
fui deixar isso acontecer?
- O que foi? – indagou Jonas.
- A Pimpinela sumiu! Temos que
procurá-la!
Alan sacudiu a cabeça, incrédulo:
- Não vou arriscar minha pele por
causa de uma galinha!
Zu franziu o cenho:
- Eu não vou sair daqui sem minha
galinha!
- É arriscado sairmos por aí em
busca dela. Não sabemos onde os zumbis podem estar. Da última vez que
abastecemos, por pouco Edgar não foi pego.
Zu parecia furiosa:
- Eu vou procurá-la. Só peço que
me esperem.
- Vamos lhe dar quinze minutos. –
decidiu Edgar. Depois vamos embora.
A pequena Sofia fez menção de
acompanhar a mulher, mas Edgar segurou-a: já era ruim demais ter uma pessoa
fora do grupo. Não queria arriscar também a menina.
Zulmira seguiu por uma rua como se
seguisse uma pista (que tipo de pista poderia ser?). Depois virou uma esquina e
desapareceu.
Edgar olhou à volta: um silêncio
opressor se espraiava pela paisagem. Era como o silêncio antes da tempestade,
quando até mesmo o vento para de circular. Como se a natureza segurasse a
respiração, antevendo o caos.
Sofia segurou sua mão esquerda e
apertou. Ele acariciou seu cabelo com a outra e isso pareceu reconfortá-la.
Estavam todos tensos.
- Ela não vai achar essa galinha.
Vamos embora. – pediu Alan.
- Eu prometi. Quinze minutos.
Alan olhou no relógio:
- Já se passaram quase dez.
- Vamos esperar os quinze minutos.
Isso foi o combinado.
Pouco tempo depois o som chegou
até eles. Era o rugido desconexo da horda, se aproximando.
- Eles estão vindo. – avisou
Jonas.
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