A
noção de simulacro remonta a Platão. Segundo ele, havia o modelo original,
perfeito, no mundo das ideias. Em nosso mundo encontrava-se a cópia imperfeita
desse modelo original. E, por último, havia a cópia da cópia, o simulacro. No
simulacro, as imagens perdem seus referentes, são apenas signos, sem relação
com o mundo.
A relação entre imagem e natureza
muda, de forma radical, com as tecnologias digitais. A natureza é substituída
por um simulacro. A imagem se descola da realidade física do objeto para se
ater ao modelo do objeto. É o que Baudrillard chama de hyper-realité (hiper-realidade). Agora, a modelização do objeto é
mais importante que o objeto. Não se trata mais de representar o mundo, mas de
simulá-lo, ou até criá-lo.
Essas
imagens, mais interessantes e vívidas que as imagens reais, criam uma espécie
de hiper-realismo, que Umberto Eco no
livro Viagem na irrealidade cotidian definiu através da comparação com o slogan
da Coca-cola The real thing: “a
imaginação americana deseja a coisa verdadeira e para atingi-la deve realizar o
falso absoluto”.
Exemplo
disso é o Museu da Cidade de Nova York com seus pergaminhos vendidos na loja,
fac símiles do contrato de compra de Manhattan. A reprodução é cuidadosa, reproduzindo
até mesmo o cheiro de papel velho. Ocorre que o contrato original era em
holandês e o seu simulacro está em inglês.
O
próprio Umberto Eco lembra que os quadrinhos já brincavam com a hiper-realidade,
como nas histórias do Super-homem em que aparece a Fortaleza da Solidão com a
representação fidedigna, mas ampliada, de lembranças de aventuras do homem de
aço. Também ali estão diversos robôs, cópias fidedignas do próprio Homem de aço,
simulacros do mesmo.
Nas palavras de Baudrillard os
modelos deixam de ser uma projeção do real, mas tornam-se, eles mesmos, uma
antecipação do real.
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