sábado, setembro 30, 2017

Um quarteto clássico


Quem hoje em dia vê o Quarteto Fantástico naufragar no cinema filme após filme dificilmente poderia imaginar que esse pequeno grupo de super-heróis foi durante muito tempo o que havia de mais interessante e revolucionário nos quadrinhos americanos de super-heróis. A coleção histórica Marvel, recentemente lançada pelo Panini, serve como exemplo disso.
O Quarteto surgiu em 1961, graças a uma partida de golfe. Martin Goodman, dono da Marvel (que na época chamava-se Atlas) jogava com Jack Liebowitz, dono da National (atual DC Comics) e Liebowtiz se vangloriou que a revista da Liga da Justiça, lançada recentemente, estava se tornando um sucesso absoluto entre os jovens leitores.
Goodman correu para a Marvel e pediu para seu editor-chefe, Stan Lee, que criasse um grupo de heróis aos moldes a Liga: unindo heróis da Era de Ouro.
Lee, à essa altura, estava pensando em abandonar os quadrinhos e se dedicar à literatura. Queria propor algo diferente, mas achava que o chefe não iria aceitar. Foi sua esposa que o encorajou a apresentar a nova ideia. Afinal, o máximo que poderia acontecer seria ele ser demitido, algo que ele já queria.
A ideia de Lee era um grupo totalmente diferente de heróis, humanizados, com histórias dotadas de cronologia e que nem mesmo usavam uniformes ou máscaras (posteriormente eles usariam um informe azul, mas sem máscaras). Surpreendentemente, o dono da Atlas aceitou e assim surgiu o Quarteto Fantástico.
 Além da continuidade, dos heróis bidimensionais (em oposição aos heróis unidimensionais da DC da época), Stan Lee e Jack Kirby criaram uma série de tirar o fôlego, em que a ação acontecia de maneira ininterrupta e ganchos e mais ganchos seguravam o leitor e o deixavam se fôlego.
Provavelmente o melhor exemplo disso seja o volume dois da coleção histórica, dedicado aos confronto do Quarteto com Galactus. Dizem que a sinopse, escrita por Stan Lee para a história foi: “O Quarteto enfrenta Deus!”. E de fato era um deus, um ser tão poderoso que se alimentava de planetas. Essa história elevou o nível dos vilões. Se antes eles queriam roubar um banco, ou dominar um país, esse singrava as estrelas e tinha tanta consideração pela humanidade quanto um ser humano tinha por uma formiga.
O volume apresenta histórias de duas fases, ambas escritas por Lee, mas com dois desenhistas diferentes. Na primeira fase, Jack Kirby imprime seu traço simples, mas potente, de ação pura. Na segunda fase, John Buscema imprime elegância aos desenhos e dá o visual que seria definitivo do Surfista Prateado, que havia sido colocado na primeira história como um simples coadjuvante, que deveria desaparecer depois. Dizem que Stan Lee viu o desenho e viu ali um ser nobre, um profeta ou filósofo das estrelas, mas essa nobreza só foi alcançada no traço de Buscema em um trabalho tão fantástico que deu origem à revista do personagem, de vida curta, mas que virou cult entre os leitores.   

Ivanhoé

A batalha por um trono. Um personagem sem força física, mas inteligente, que consegue se destacar por sua sagacidade e frases de efeito. Parece "As crônicas de Gelo e Fogo", série de fantasia de George Martin, mas trata-se de Ivanhoé, romance histórico escrito pelo Walter Scott e publicado na Inglaterra em 1820. O livro de Scott é um daqueles clássicos que definem um gênero a ponto de influenciar desde obras mais profundas, como os livros de Martin, até os ingênuos filmes matinês. Está tudo ali, desde suas melhores qualidades aos mais irritantes clichês (como da mocinha que acaba sendo salva em cima da hora por um herói adoentado, mas valente).

A obra se passa na Inglaterra da Idade Média. Nesse período, a ilha tinha sido invadida pelos normandos (vindos do norte da Europa e falando a língua francesa), que exerciam sua opressão e desprezo pelos habitantes locais, os saxões. 

O personagem principal, Wilfred, é um jovem nobre saxão deserdado pelo pai após aceitar os costumes cavalheirescos franceses e acompanhar o rei Ricardo Coração de Leão à Terra Santa para participar da Cruzada. Seu pai, Cedric, é um saudosista da época em que a Inglaterra era governada pelos saxões e todos os seus pensamentos parecem voltados para o retorno do domínio de sua raça sobre a ilha. 
Ao ler a obra, é importante lembrar que ela foi escrita numa época em que o gênero romance (que seria o mais importante da literatura moderna) ainda estava se construindo. Isso provoca, de um lado, algum estranhamento pelo aparente pouco domínio de algumas técnicas narrativas e, por outro, acaba tornado muito previsível alguns acontecimentos para leitores mais atentos, que facilmente conseguem desvendar os segredos escondidos pelo autor, como o fato de que Wilfred é o cavaleiro que luta incógnito na justa ou que o arqueiro vestido de verde na verdade Robin Hood. O leitor desavisado irá estranhar principalmente as elocuções (a forma como o diálogo é introduzido na narrativa) e as descrições, muitas vezes deslocadas ou didáticas demais como se o romance se misturasse com um livro histórico. Exemplo: 

"O chão era composto de terra batida misturada com cal, que se transformava numa substância consistente, como a que é muitas vezes empregada em nossos celeiros modernos". 

Igualmente irritante são as digressões que muitas vezes paralisam a narração comprometendo o ritmo do livro ou frases desnecessárias, como: "No capítulo seguinte, vamos procurar descrever a cena que lhe surgiu diante dos olhos". 

Esses "defeitos", que mais se devem à época em que foram escritos acabam sendo suplantados pelas qualidades do livro. 

O personagem Wamba, por exemplo, um bobo da corte de Cedric, é um proto-Tyrion. Sua atuação na trama é fundamental em vários momentos e suas tiradas são praticamente equivalentes ao do anão Lannister (a ponto de se imaginar que o bobo tenha sido a principal influencia para a criação do famoso personagem de George Martin). Por exemplo, quando viaja sozinho com o rei Ricardo pela floresta e pressente que serão atacados por inimigos e que o rei não fará uso de uma trompa que poderá chamar amigos para auxiliar na luta, diz: "Quando a coragem e a loucura viajam juntas, a loucura deve encarregar-se da trompa, pois sabe tocá-la melhor". 

Outro aspecto interessante da trama é a forma como são retratados os judeus, especialmente se considerarmos que o livro foi publicado em 1820, época em que esse povo era vítima de grande preconceito. Há quem pense que a perseguição aos judeus foi invenção dos nazistas. Nada mais falso. O povo judaico era perseguido por razões religiosas desde a Idade Média e Ivanhoé tem o grande mérito de mostrar essa perseguição, retratando os judeus de maneira positiva:

"Não havia raça alguma na terra, no mar ou nas águas, que fosse objeto, por parte de todos, de tão interrupta e constante perseguição, como os judeus eram nessa mesma época. Sob os mais ligeiros e irrazóaveis pretextos, bem como ante as acusações mais absurdas e infundadas, as suas pessoas e propriedades eram expostas a todos os caprichos da fúria popular, pois os normandos, saxônicos, bretões e dinamarqueses, por mais adversas que essas raças fossem entre si, disputavam a primazia da ferocidade para com esse povo, que eles supunham, baseando-se em suas próprias religiões, dever odiar, insultar, desprezar, saquear e perseguir". 

E essa condição permaneceu por séculos, só sendo encerrada pela divulgação dos horrores dos campos de concentração nazistas. Só para termos de comparação, outro clássico romântico, Taras Bulba, do grande escritor russo Nicolai Gógol mostra com simpatia a perseguição que soldados cossacos realizavam contra os judeus, chegando até mesmo ao ponto de matá-los por pura diversão. Assim, é surpreendente que um livro escrito em 1820 mostre com tanta benesse esse povo, a ponto de colocar uma judia, Rebeca, como protagonista romântica, de caráter extremamente correto, capaz de abdicar de uma paixão por puro amor.
Num romance recheado de personagens famosos, como Ricardo Coração de Leão, o princípe usurpador João, Robin Hood e outros, são justamente os que seriam os secundários, como a judia e seu pai, um bobo e um guardador de porcos que acabam se destacando, demonstração mais do que inequívoca de que Walter Scott estava muito além de seu tempo. 

Vapor Punk: ficção científica retrô

Vapor Punk, relatos steampunk publicados sob as ordens de Suas Majestades é antologia da editora Draco.
A estética steampunk é uma das grandes inovações da ficção científica. Ao imaginar uma era vitoriana em que a tecnologia do vapor levou o homem a grandes avanços tecnológicos, ela tem dominado o imaginário popular com filmes como A Liga Extraordinária, de Alan Moore e Kevin O´Neill.
A ideia da antologia da Draco era imaginar essa estética do ponto de vista brasileiro e português e o resultado foi muito bom, mostrando que já temos uma geração de grandes autores de FC. Entre os autores, alguns que já acompanho desde a saudosa Issac Asimov Magazine, como Gerson Lodi-Ribeiro e Carlos Orsi, cada um dos quais com ótimas noveletas. Lodi-Ribeiro, um especialista em história alternativa, imagina um Brasil em que Palmares se tornou de fato uma nação graças à aliança com um ser das trevas. Carlos Orsi flerta com a filosofia ao imaginar que as invenções poderiam chegar ao ponto de substituir o homem.
Outro destaque vai para Octavio Aragão, que investiga as consequências sociais de uma explosão tecnológica em plena era da escravidão.
Mas o que mais me chamou atenção até agora foi a novela Os primeiros astecas na lua, de Flávio Medeiros Jr. Flávio imagina uma realidade em que Júlio Verne se tornou ministro da ciência da França e H.G. Wells ministro da ciência da Inglaterra. Como consequência, os dois países deram um enorme salto tecnológico, vivendo uma guerra fria que pode explodir a qualquer momento. Flávio foi vasculhar toda a literatura pop do século XIX para procurar personagens para sua novela. O protagonista, por exemplo, é Mister Prendick, de A ilha do Dr. Moureau. A ele somam-se diversos outros, como Dupin, de Edgar Alan Poe e até Jack, o estripador, que no texto torna-se O homem invisível por sua capacidade de entrar e sair dos locais sem ser notado. O autor consegue encaixar com perfeição todos esses elementos. O que poderia ser uma simples salada literária torna-se um todo coerente, com uma trama bem elaborada e um final surpreendente, mas que já vinha sendo delineado ao longo da narrativa. 
Ou seja: uma ótima leitura.

Evolução do marketing


O surgimento do marketing, como se conhece hoje, é resultado de uma longa evolução, que está diretamente ligada à evolução das próprias empresas.
            Na primeira fase, a centralização ocorria na produção. Essa fase corresponde ao início da revolução industrial, quando a demanda era maior que a oferta. Ou seja, havia mais pessoas querendo comprar do que produtos disponíveis. Isso fazia com que todos os esforços fossem direcionados à melhoria do processo de produção. Um exemplo muito bom disso foi Henry Ford. Ele percebeu que muitas pessoas não tinham carro simplesmente porque a produção não era suficiente. Os carros eram feitos artesanalmente, um a um, e demoravam muito para ficar prontos, além de serem caríssimos.
            Ford, então, implementou um processo de montagem em que cada operário fazia apenas uma parte do serviço. As peças eram feitas em série, exatamente da mesma maneira, para permitir um melhor encaixe e a aceleração da produção. Começaram a sair das fábricas milhares de Ford T, todos iguaizinhos, inclusive na cor: preta.
            O resultado foi um aumento incrível não só na produção, mas também no consumo de carros. Porém, logo começou a haver um excedente.  A situação tinha se invertido: agora havia mais oferta do que demanda e era necessário achar novos compradores. Era a segunda fase, da centralização nas vendas. Nessa fase, o vendedor começa a ter papel fundamental no marketing.
            O vendedor vendia um produto que a pessoa não conhecia e nem sabia que precisava. Então, a ênfase ficava no produto. O vendedor falava muito sobre o produto e focava pouco nos benefícios que o consumidor teria com a compra. O vendedor era a estrela.
            Nessa época, havia pouca concorrência. Geralmente uma empresa dominava o mercado e quem quisesse comprar não tinha muita opção. Exemplo disso era o Ford T. Quem não tivesse dinheiro para um caríssimo carro artesanal tinha de se contentar com o carro preto feito pela Ford. Isso não só nos EUA, mas no mundo todo, pois Ford ampliara sua rede de vendas por vários países.
            Então surgiu um homem chamado Alfred Sloam, da General Motors, que decidiu concorrer com Ford. Foi o marco da nova fase.
            Sloam percebeu que os carros de Ford tinham uma falha grave: eram todos iguais. Ele logo intuiu que o consumidor queria ter um carro diferente, com sua cor preferida, e começou a utilizar outras cores nos carros da GM. Além disso, nem todo mundo queria o mesmo carro. Alguns tinham dinheiro para pagar por um carro mais caro, outros não. Sloam criou quatro tipos diferentes de carro, um para cada faixa de renda. O mais caro era o Cadillac, e quem tinha um Cadillac não satisfazia apenas sua necessidade de locomoção, satisfazia também a necessidade de status.
            Foi um sucesso absoluto, e a GM desbancou a Ford em vendas. Os carros da Ford eram bons e baratos, mas não eram produzidos visando às necessidades e aos desejos do consumidor.
            Nessa fase tornou-se muito importante também diferenciar o produto dos concorrentes. Veja o Bombril, por exemplo. Durante muito tempo ele foi a única palha de aço do mercado, mas, de repente, começaram a aparecer concorrentes. Na época, as palhas de aço eram vendidas em rolos, sem embalagem, então a primeira coisa que os donos da Bombril fizeram para diferenciar o produto foi colocar uma etiqueta. Essa etiqueta logo evoluiu para uma embalagem amarela e vermelha que todo mundo conhece de longe.
            Outro exemplo é a Coca-Cola. Com o surgimento de vários outros concorrentes muito semelhantes, a Coca adotou a famosa garrafa com curvas, que a diferenciava dos concorrentes até mesmo no escuro.
            Nessa fase do marketing, a estrela é o consumidor. O enfoque todo passou a estar nele e nos benefícios conseguidos com o produto. Se antes um vendedor dizia: “Veja como é lindo este vestido”, agora os vendedores diziam: “Veja como esse vestido fica lindo em você.” Pode parecer pouco, mas essa mudança de foco foi uma revolução radical, que fez com que algumas empresas dominassem o mercado e sobrevivessem num mundo de negócios cada vez mais competitivo.
            No entanto, as empresas logo descobriram que não bastava deixar o cliente satisfeito individualmente. Era necessário que a sociedade também estivesse satisfeita.
            O marketing societal surgiu da evolução do pensamento do consumidor, que começou a cobrar das empresas responsabilidade social.
            Quem nunca recebeu um email com dizeres do tipo: “Não compre dessas empresas. Elas poluem o meio ambiente”?
            Muitas vezes uma empresa satisfazia o cliente isoladamente, mas a falta de compromisso social fazia com que suas vendas baixassem.
            As iniciativas de marketing societal são as mais diversas possíveis: do supermercado que oferece um dia de lazer para a comunidade à empresa de perfume que financia projetos de proteção ao meio ambiente.

Empresas como O Boticário e a Natura têm se destacado justamente por sua atuação social e com isso acabam ganhando a simpatia do público. Em um mercado repleto de opções de cosméticos e perfumes, essa diferenciação tem um significado importante: competitividade. Além disso, elas ganham com a melhoria da imagem da empresa. E em marketing imagem é tudo.
É importante destacar que essas fases do marketing não são estanques e nítidas historicamente. Há países que ainda estão na primeira fase do marketing, enquanto outros já estão na fase do marketing societal. Isso depende muito das variáveis que compõem a sociedade e o mercado de cada país. Não se espera encontrar no Zimbábue, por exemplo, uma grande procura por produtos com embalagem reciclável. Num país em que a sobrevivência ainda é uma conquista diária, detalhes como esse não fazem a menor diferença.

sexta-feira, setembro 29, 2017

Grafipar, a editora que saiu do eixo


No final da década de 1970, Curitiba se tornou a sede da principal editora de quadrinhos nacionais. A produção era tão grande que se formou até mesmo uma vila de quadrinistas. No livro Grafipar, a editora que saiu do eixo, eu conto em detalhes essa história. O livro inclui também algumas HQs publicadas na época e análise das mesmas.
Pedidos: profivancarlo@gmail.com.

A arte mágica de José Luis Garcia-Lopez, o homem DC

Poucos desenhista foram tão emblemáticos para uma editora quanto Garcia-Lopez foi para a DC Comics. Seu traço se tornou a imagem dos personagens DC a partir da década de 1970. Confira abaixo alguns de seus desenhos para o Guia DC. 










Marketing: que bicho é esse?


Philiph Kotler, o papa do marketing e o principal autor dessa área, escreveu certa vez: “Marketing é a atividade humana voltada para a satisfação das necessidades e desejos do consumidor através de um processo de troca”.
            Vamos analisar essa definição.
            Kotler fala em necessidades e desejos. Todo mundo tem necessidades. Todo mundo precisa comer, beber, dormir... e todo mundo tem necessidade de coisas um pouco mais abstratas, como proteção, reconhecimento, status, autorrealização.
Essas necessidades não foram criadas pelo marketing, mas são usadas por ele para vender produtos. Quando um fabricante vende um colchão, ele não está vendendo uma armação de pano e algodão. Ele está vendendo a satisfação da necessidade de sono. Da mesma forma, quem vende grades não está vendendo um amontoado de metal, está vendendo segurança.
Todo produto de sucesso está associado a uma necessidade. Por exemplo: um time de futebol. Qual a necessidade que ele satisfaz? Você consegue imaginar? Para começar, o esporte trabalha a necessidade de relacionamento, pois as pessoas vão para o clube e acabam conhecendo outras pessoas. Muitas amizades começam com a pergunta: “Para que time você torce?”
Além disso, quando o time ganha, o torcedor se sente também um vitorioso. Está sendo satisfeita aí a necessidade de ser um ganhador. Não é à toa que, quando o time perde, o torcedor sente-se frustrado: afinal, a necessidade de vitória não foi satisfeita...
Kotler também fala de consumidor. Saber quem é o seu cliente é essencial, caso queira vender algo a ele. Na verdade, no marketing esse é o personagem principal. Tudo gira ao redor dele, tudo é feito para satisfazê-lo.
Portanto, produto é tudo aquilo que satisfaz uma necessidade. Uma pedra não é um produto, mas se ela for usada para satisfazer uma necessidade, ela se torna um produto.
Finalmente, Kotler explica que o marketing se dá por meio de um processo de troca. Só a necessidade e o produto não definem o marketing. Uma pessoa diante de uma necessidade (vamos dizer que ela esteja com fome) pode optar pelas seguintes alternativas:
Autoprodução – ela pode produzir a própria comida, seja pescando, colhendo frutas, seja caçando. Não há interação, já que a pessoa satisfaz a própria necessidade.
Coerção – essa é uma palavra bonita para roubo. A pessoa simplesmente se apropria da comida de outro. Isso não é marketing, pois só uma das partes é beneficiada.
Súplica – essa é uma opção mais civilizada que o roubo, mas ainda assim não é marketing. Não há nenhuma troca real envolvida e só o que o produtor recebe é a gratidão de quem recebeu a comida.
Finalmente, há a troca. Nesse caso, o produtor tem algo que o consumidor precisa (no caso, comida) e o consumidor tem algo que o produtor quer (dinheiro, provavelmente).
A maioria das necessidades pode ser encaixada numa escala, a chamada hierarquia das necessidades de Maslow. Para esse psicólogo norte-americano, existem necessidades básicas, que devem ser satisfeitas antes de se passar às necessidades mais elaboradas. Uma pessoa com fome, por exemplo, não pensa em status. Quanto mais sobe na pirâmide das necessidades mais valor tem esse produto.
Uma colher, por exemplo, satisfaz a necessidade fisiológica de fome, pois ajuda a pessoa a comer. Mas uma colher de ouro satisfaz a necessidade de status. Um copo d’água é barato porque satisfaz apenas a sede, mas um copo d’água Perrier satisfaz a necessidade de status, por isso é caríssimo. 

quinta-feira, setembro 28, 2017

Histeria - a história do vibrador

No século XIX qualquer mulher que tivesse insônia, irritação ou simplesmente rebeldia era diagnosticada como histérica. Acreditava-se que essa doença era provocada por problemas no útero. Uma das maneiras comuns de tratá-la era massagear a vagina da mulher, o que aliviaria o útero, provocando um "paroxismo histérico". Isso era feito por um médico e supunha-se que não havia nenhum prazer envolvido. Mas os médicos acabavam ficando horas com as mãos ocupadas e sofriam com a hoje famosa LER (lesão por esforço repetitivo). Foi nesse contexto que surgiu o vibrador. Inicialmente movido a vapor, ele permitia ao médico conseguir o tal "paroxismo" em minutos. 
Essa é a história por trás do filme Histeria, a história do vibrador, de . A película conta a história do médico Mortimer Granville (Hugh Dancy), inventor do aparelho. A história mistura fatos históricos com uma comédia romântica (Granville apaixona-se pela filha rebelde de seu sócio). 
As cenas mais engraçadas e que chamam mais atenção, claro, são aquelas em que os médicos, com aparente rigor científico, levam suas pacientes ao orgasmo sem nem mesmo desconfiar disso. 
Mas há muito mais: desde uma discussão sobre a situação do povo numa época em que a Inglaterra era um império, mas seus operários viviam na miséria até a questão da luta entre paradigmas. Médico inovador, Granville só vai parar no consultório do médico que seria seu sócio porque nenhum hospital o aceita por causa de sua crença nos germes como causadores de doenças. Na época, a teoria de Pasteur era vista como fantasia pela maioria dos médicos, que se recusava até mesmo a lavar as mãos. 
Histeria, uma história do vibrador, embora não seja uma obra-prima, certamente vai agradar quem gosta de uma boa comédia e, principalmente, por quem se interessa pela história da ciência. 
Anúncio antigo de vibrador. Os médicos recomendavam.

Monteiro Lobato: Adeus

Em 1943 Emília encasquetou de conhecer a história da América “auto-contadamente”. Queria ouvir a história da boca do vulcão Aconcagua!
            Esse livro, que provavelmente se chamaria História da América para Crianças, nunca foi escrito por Lobato. Isso porque, além de pesquisar muito, o autor precisaria fazer uma viagem pela costa do Pacífico, beirando os Andes - um velho sonho. Não teve tempo. A partir de 1943 ele começou uma série de livros sobre os trabalhos de Hércules. E eram 12!
            Depois precisou fazer uma viagem à Argentina para tratar da edição de seus livros por lá. Foi recebido como uma celebridade e ficou um ano naquele país. Voltou ao Brasil apenas em 1947. Nessa época seus livros já eram traduzidos para as mais variadas línguas, todos com muito sucesso, em especial os infantis.
            Mas nem todo esse sucesso agradava tanto Lobato quanto as cartas que recebia de crianças.
            Uma vez uma menina, desesperada com o pedantismo dos programas oficiais, escreveu-lhe, pedindo para que Dona Benta explicasse a “regência dos verbos mais freqüentes”. Lobato, que não sabia nada do assunto, foi obrigado a recorrer a uma gramática e estudou até que pudesse explicar de forma compreensível o ponto.
            Certa vez um pai escreveu-lhe: “Com meus agradecimentos pela cartinha que o senhor mandou em resposta à do meu filho Lindenberg, dou-lhe notícia de que essa missiva está concorrendo enormemente para a cura do rapaz. Diz ele que ontem foi o dia mais feliz de sua vida”.
            Em outra carta, uma moça dizia que reprimida por todos da família, refugiava-se no Sítio do Pica Pau Amarelo, único lugar em que era realmente livre. “Cartas assim constituem os verdadeiros prêmios que possa ter um escritor no fim da vida”, admitia Lobato.
            E o escritor ia morrendo. “Sinto, às vezes, à noite, umas coisas que só posso definir como tentativas de fuga de um prisioneiro. Até agora todas as tentativas fracassaram, como têm fracassado todas as tentativas de fuga do Piantadino: mas de repente o consegue e os jornalistas no dia seguinte vêm com aquele trololó fúnebre: ‘Faleceu ontem, de síncope cardíaca o ilustre escritor Monteiro Lobato, um dos mais’, etc, etc, etc e lá vem toda a tropa de lugares comuns dos necrológios. Mas eu, o Ego que não morre porque não pode morrer, porque nada morre, nem o mais miserável átomo, estarei a rir da inópia dos jornalistas”.
            Lobato nessa época já acreditava na teoria espírita da sobrevivência da alma. Mas e se não fosse assim? E se, ao invés da continuação da vida, a morte trouxesse a extinção total do ser? “Nesse caso, vis-ótimo! Entro já de cara no Nirvana, nas delícias do não-ser! De modo que me agrada muito o que vem aí: ou a continuação da vida, mas sem os órgãos já velhos e perros, cada dia com pior funcionamento, ou NADA!”.
            No dia 28 de abril de 1948, 10 dias depois de seu aniversário, o escritor teve um espasmo vascular que deixou completamente cego. Pior dos martírios para um escritor: não podia ler uma única linha.
            Melhorou algum tempo depois, mas não tinha mais ânimo para viver. Seus dois filhos homens, Edgard e Guilherme, haviam morrido. Acrescentava-se a isso o fato de ter sido preso. A morte ia se aproximando e Lobato a aceitava como um alvará de soltura.
            “Adeus, Rangel! Nossa viagem a dois está chegando perto do fim. Continuaremos do além? Tenho planos logo que lá chegar, de contratar o Chico Xavier para psicógrafo particular, só meu - e a primeira comunicação vai ser dirigida justamente a você. Quero remover todas as tuas dúvidas”, escreveu ele ao amigo, poucos dias antes de morrer.
            Lobato faleceu no dia 04 de julho de 1948. Ao que se saiba, Chico Xavier nunca recebeu qualquer mensagem do escritor...

Filmes baseados em obras de Stephen King

Stephen King é um dos escritores mais adaptados da história do cinema. Todo mundo já assistiu pelo menos um filme baseado em livros dele.Para os que não costumam ligar  o filme à obra original, coloco abaixo uma relação de algumas das melhores adaptações de obras de King. 


Carrie, a estranha - Obra-prima de Brian De Palma, um verdadeira aula de cinema. Numa época em que os efeitos especiais estava só engatinhando, o diretor consegue provocar medo apenas com um ótimo uso da linguagem de cinema. Além da memorável cena do sangue de porco caindo em Carrie, atenção para um momento no final: Carrie chega em casa, entra no banheiro para se lavar. Quando abre a porta, sua mãe aparece das trevas.
O iluminado - King nunca gostou dessa versão de Kubrick, especialmente por causa da interpretação de Jack Nicholson, que deixa claro desde o primeiro minuto quem é o vilão da história. Mesmo assim, é uma adaptação fenomenal e um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. 



Um sonho de liberdade - O diretor predileto de King, Frank Darabont, fez um dos melhores filmes sobre penitenciárias que já assisti, com final surpreendente. Foi um fiasco nos cinemas, mas se tornou um clássico nas locadoras, o que deu a Darabont liberdade para dirigir mais um grande filme baseado em um texto de King: à espera de um milagre. 

À espera de um milagre - Mais um ótimo filme de prisão. Um homem negro, enorme, é preso pelo assassinato de duas garotas, mas o policial responsável pelo corredor da morte descobre que ele tem o dom de curar doenças. Na minha opinião, é o melhor texto de King e Darabont não decepciona. Atuação fenomenal de Tom Hanks. 


O nevoeiro - outra ótima adaptação de Darabont, sobre um escritor que acaba ficando preso em um supermercado quando um nevoeiro assassino toma conta da cidade. Nem de longe é tão bom quanto os dois filmes anteriores, mesmo assim, é um ótimo filme de terror. 

Conta comigo  - de Rob Reiner, um dos filmes mais sensíveis baseados em uma obra meio auto-biográfica de King sobre um grupo de garotos que vai atrás do cadáver de um menino. Uma ótima metáfora sobre o processo de amadurecimento de um rapaz e sobre a amizade. Foi um dos campeões da Sessão da tarde nos anos 1990 e muita gente assistiu diversas vezes. Chegou a influenciar seriados como Anos Incríveis e Simpsons, que apresentaram episódios com histórias semelhantes. 




1408 - filme de Mikael Hafstrom baseado em um conto de King sobre um escritor cético que, para esccrever um livro, se hospeda em um quarto mal-assombrado e só percebe o que realmente está acontecendo quando é tarde demais. Deu um ótimo filme, com John Cusack dominando a interpretação como Johnny Depp fizera em Janela Secreta. É um belo exemplo de terror psicológico. 

Essa é uma pequena relação de algumas das adaptações que mais gostei. Certamente os leitores devem ter outros exemplos, afinal foram mais de 100 filmes baseados em textos de King. Deixe nos comentários suas sugestões para essa lista. 

quarta-feira, setembro 27, 2017

Os Seminovos - Florinda

Censura e ditadura


            A chamada revolução de 1964, que começara sutil, envergonhada, como diz Élio Gáspari, tornou-se ditadura aberta a partir de uma sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, quando o presidente Costa e Silva reuniu seus 23 ministros, no Palácio das Laranjeiras, para anunciar o Ato Institucional n. 5, que fechou o congresso, suspendeu o direito de habeas corpus aos acusados de crimes contra a segurança nacional. O presidente passou a ter o direito de intervir nos Estados e municípios, cassar mandatos e suspender direitos políticos.
            O A1 5 instalou a censura na imprensa e tornou oficial a tortura dos porões. Intelectuais e artista passaram a ser perseguidos. Em 1968, durante uma apresentação da peça Roda Viva, de Chico Buarque e dirigida por José Celso Martinez Corrêa, o espetáculo foi atacado pelo Comando de Caça aos Comunistas que ameaçou de morte os atores. Com a decretação do A15, Geraldo Vandré, compositor dos versos "Há soldados armados, amados ou não/quase todos perdidos de arma na mão" teve que se esconder na fazenda do escritor Guimarães Rosa antes de sair para o auto-exílio. Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil foram presos, interrogados pelos militares e gentilmente "convidados" a deixar o país. Paulo Coelho chegou a ser torturado por causa da música “Sociedade alternativa”, vista como subversiva pelos militares.
            A oficialização da censura chegou ao extremo da paranóia. Não havia lógica, apenas a opinião pessoal do censor contava.
            Uma história do Tio Patinhas foi censurada porque o tradutor adaptou a história, colocando a narrativa na cidade de Cananéia, coincidentemente o mesmo local em que havia sido desbaratado um núcleo de guerrilheiros.
            Em 1973 a censura vetou a música "Uma vida só (pare de tomar a pílula)", de Odair José, porque o governo militar patrocinava uma campanha nacional de controle de natalidade e o sucesso da música incomodava. No ano seguinte, a censura vetaria a canção "Tortura de amor", de Waldick Soriano, por entender que era uma alusão à repressão. Até os filmes de Kung fu eram proibidos por conterem conteúdo maoísta.
            Nesse contexto, os artistas usavam toda a criatividade e inteligência para driblar a truculência militar.
            Chico Buarque era um dos mestres em colocar de maneira disfarçada em suas músicas referências ao regime. Quando soube, por exemplo, que a filha do presidente Médice apreciava seu trabalho, tascou o refrão "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta".
            Uma das estratégias mais interessantes foi usada pelo crítico literário Oto Maria Carpeaux. Em um texto sobre Sherlock Holmes, ele concluiu que o personagem só poderia ter surgido na Inglaterra. “Os juízes e a polícia ingleses têm fama de serem os mais severos do mundo. Mas o seu rigor é limitado por normas legais, não menos severas”. Assim, a Inglaterra precisava usar a inteligência de um Sherlock, já que não era possível colocar um grandalhão bem armado, que poderia extorquir uma confissão da vítima. O texto, que passou pela censura, era ferina crítica à ditadura, que só usava os músculos porque era incapaz de usar a cabeça.

Nova coleção traz histórias do Homem-aranha

Já se encontra nas bancas mais uma coleção de graphic noveles da Salvat: a coleção definitiva Homem-aranha. Este primeiro número, vendido R$ 9,90, traz a história Caído entre os mortos, com roteiro de Mark Millar. O primeiro número traz também um poster do personagem. Clique aqui para conhecer a coleção completa.

MONTEIRO LOBATO: a chave do tamanho

Depois da prisão, o escritor publicou aquele que é, provavelmente, o livro mais original do sítio: A Chave do Tamanho. Na história, Emília, enervada com a bestialidade humana, resolve acabar com a Segunda Guerra Mundial. Usando o pó do pirlimpimpin, ela se transporta para a casa das chaves. Sim, porque todas as coisas do mundo têm uma chave, como a chave da eletricidade, e alguém tinha ligado a chave da guerra. . Emília inventou de fechá-la. Mas chegando lá deu com uma sala cheia de chaves sem qualquer identificação. E agora? Qual era a chave da guerra?
            Como não há como saber, Emília puxa a primeira que encontra. E encolhe. Não só ela, mas todas as pessoas do mundo. Em todo caso, acaba-se a guerra. Como iriam continuar os homens guerreando se ficaram menores que formigas? Claro que no final tudo volta ao normal, mas as quase 200 páginas do livro são um grande discurso contra o totalitarismo. Nesse livro Lobato deixa claro sua esperança num mundo melhor. Sua esperança estava nas crianças.
            Até aí nada de realmente estranho. A ditadura militar de 64 vivia propagando que as crianças e os jovens eram o futuro do país. A diferença é que Lobato não achava que as crianças fossem o futuro, mas sim o presente. Os livros do Sítio são os primeiros publicados no Brasil em que as crianças têm voz ativa e liberdade de ação. Pedrinho, Narizinho e Emília (que, embora fosse uma boneca, representava as crianças) não esperam crescer para tomar opiniões a respeito do mundo ou para agir afim de transformá-lo.
            Em que outro lugar do mundo, senão no Sítio, as crianças já tiveram direito de expressão e de voto?
            Um bom exemplo disso é a maneira como é resolvida a questão do tamanho. Todo o pessoal do sítio é convocado para decidir se a humanidade volta ao tamanho normal ou continua como está. As crianças defendem a pequenês. Os adultos, a volta ao tamanho normal. Fazem o plebiscito e a pequenês perde unicamente por causa do voto do Visconde.
            Em todos os seus livros, Lobato mostra que as crianças mais abertas para as novidades, para a mudança; bem ao contrário dos adultos, que já se acostumaram com o mundo como ele está. Entretanto, são justamente as novas idéias que levam ao progresso da humanidade.

            “Os personagens foram nascendo ao sabor do acaso e sem intenções”, dizia Lobato. “Emília começou como uma feia boneca de pano, dessas que nas quitandas do interior custavam 200 réis. Mas rapidamente evoluiu, e evoluiu cabritamente - cabritinho novo, aos pinotes. Teoria biológica das mutações. E foi adquirindo uma tal independência que, não sei em que livro, quando lhe perguntaram: ‘Mas que você é, afinal de contas, Emília?’, ela respondeu de queixinho empinado: ‘Sou a independência ou a morte’. E é tão independente que nem eu, seu pai, consigo dominá-la. Quando escrevo um desse livros, ela me entra nos dois dedos que batem as teclas e diz o que quer, e não o que eu quero”.

Monstro do Pântano - rio acima


Quando vi o Monstro do Pântano de Grant Morrison e Mark Millar resolvi dar uma chance à dupla. O primeiro número dessa fase me soou insuportável: parecia Grant Morrison tentando desconstruir o personagem que tornou famoso seu maior desafeto.
O volume três, no entanto, traz roteiros apenas de Mark Millar, em história fechadas em universos alternativos saídos de um livro escritos por uma roteirista de quadrinhos suicida.
Bem, vamos lá, vamos dar uma chance ao moço, decidi.
Rio acima é bastante irregular. As páginas iniciais, que mostram a roteirista-escritora, são confusas. Parecem Millar imitando Morrison em seus roteiros complexos e só sendo confuso. Esse clima se mantém no primeiro conto, cidade dos mortos, uma trama noir em uma cidade dominada por seres fantásticos.
Crepúsculo dos deuses se sai melhor, com um mundo em que os nazistas ganharam a guerra, oque não é exatamente uma ideia original, mas se mostra interessante até o final abrupto.
Semente ruim se revela um salto de qualidade na série, com uma trama em um mundo paralelo que inverte totalmente a realidade da série. Nessa história, Mark Millar aparenta ter encontrado o ponto correto de terror da série, em especial no final irônico e aterrador ao mesmo tempo.

O segredo do pântano da matança é consequência lógica do estilo definido no conto anterior. Destaque para a sequencia inicial, que conta a história do pântano maldito onde pessoas têm a tendência de matar outras ou se suicidar. Lembra os melhores momentos dos trabalhos de terror de Moore e Gaiman – com um toque Millar. Aí percebe-se que o roteirista finalmente acertou a mão. 

A arte única de Wallace Wood

Wallace Wood foi um dos mais emblemáticos desenhistas da EC Comics, editora que revolucionou os quadrinhos na década de 1950. Seu traço se encaixava perfeitamente no gênero ficção-científica, embora ele também fosse um ótimo desenhista de humor (sua sátira do Super-homem no supermercado é uma das histórias mais lembradas da fase clássica da revista). Ele era também um mestre em desenhar mulheres, dando ao seus trabalhos um toque erótico. Um dos seus poucos trabalhos com super-heróis foi no Demolidor.