Poucas
vezes houve, na história dos quadrinhos, uma dupla tão afinada quanto Gerry Conway
e José Luís Garcia-Lopez. E um dos melhores exemplos desse afinamento é a
minissérie Cinder e Ash, lançada pela editora Abril em 1989.
Cinder
e Ashe são dois “peritos em controles de danos”, o que significa que eles são
aquele tipo de pessoa que você procura quando está em apuros. A história inicia
com os dois resgatando uma mulher que foi sequestrada por uma gangue e se
recusando a devolve-la ao marido (eles descobrem que ela era agredida pelo
esposo). Em seguida são procurados por um fazendeiro que está sendo perseguido
por uma misteriosa corporação econômica, que, lhe sequestrou a filha – é o caso
Starger que dá título à história. Por trás dessa história há muitos mistérios e
um fantasma do passado: um agente da CIA que nos EUA usava Cinder como ladra e
agenciava prostitutas que foi dado como morto e agora parece ter estar de
volta.
Cinder
é chamada assim por seu cabelo ruivo, que lembra brasas em chamas e Ashe, que a
salvou no Vietnã e seu tornou seu parceiro e guardião, é cinzas, uma referência
provavelmente aos cabelos grisalhos. Além disso, os nomes simbolizam a
personalidade de cada um e a forma como se complementam.
Só
o desenho de Garcia-Lopez já valeria o preço da revista, mas aqui temos uma
mistura perfeita de ação bem desenvolvida com aprofundamento de personagens.
Conway destrincha a história por trás de cada dos dois ao mesmo tempo em que
desenvolve o relacionamento entre os dois (que oscila entre o romântico e o
paternal), alternando entre sequências de presente e flash back (com passagens
entre uma e outra que lembram muito Watchmen).
Cinder e Ashe foi um dos melhores quadrinhos
lançados em uma época em que as bancas estavam cheias de obras-primas.
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