Como fazer para o sal não
endurecer no saleiro? Qual a melhor época para plantar? Como tirar manchas da
roupa? Essas são perguntas com as quais o homem se depara em sua vida diária. A
maioria delas permite uma resposta sem que seja necessário recorrer à ciência.
O homem comum sabe que, se colocar grãos de arroz no saleiro, o sal ficará
soltinho e será fácil retirá-lo de lá.
Esse conhecimento é chamado de empírico, ou vulgar. É o conhecimento
que nasce da observação diária dos fatos. O ser humano observa relações de
causa e conseqüência, aquilo que os semióticos chamam de índice: se há uma poça
no chão, é por que choveu e há uma goteira no teto. Se vejo fumaça saindo da
floresta, intuo que há fogo.
Observando essas relações de causa e conseqüência, o homem
vai criando um conhecimento que lhe permite fazer diversas atividades diárias.
Entretanto, esse é um conhecimento não sistemático, assim
como sua transmissão. O homem comum não faz diversas experiências com vários
tipos de materiais até chegar ao grão de arroz como o mais apropriado para
colocar no saleiro. Simplesmente alguém um dia colocou um grão de arroz lá e
observou que deu certo.
Também é um conhecimento que não vai aos porquês. O homem
comum sabe que o arroz faz com que o sal saia facilmente do saleiro, mas não
sabe porque. Não sabe que o arroz tira a
umidade do ar e que o atrito com os grãos faz com que as moléculas do sal
fiquem soltas.
Apesar de suas limitações, o conhecimento empírico tem
feitos realizações realmente extraordinárias. A utilização de plantas
medicinais é uma delas. Os ribeirinhos da Amazônia sabem coisas sobre as propriedades
curativas das plantas que a ciência só tem descoberto muito recentemente
(inclusive muitas pesquisas científicas estão indo buscar, justamente nesse
conhecimento empírico, informações sobre essas plantas).
Um outro exemplo é a maniçoba. Descobrir que a planta da
maniva deveria ser cozida durante sete dias e sete noites deve ter sido uma
aventura tão surpreendente quanto qualquer pesquisa científica. É de se supor
que tenha havido muitas tentativas antes de se chegar ao ponto ideal de
cozimento (infelizmente muitos heróis devem ter morrido no meio do caminho).
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