Enquanto nos EUA os quadrinhos ainda eram vistos ou como uma leitura infantil ou como algo perigoso, na Europa começava um movimento intelectual de pesquisa e valorização das HQs que daria origem a um novo gênero: o erotismo sofisticado, com ares de arte.
O primeiro trabalho a se encaixar nessa proposta foi Barbarella, do quadrinista francês Jean-Claude Forest. A personagem apareceu pela primeira vez na revista V Magazine, em 1962. Em 1964 foi republicada num álbum de luxo, com grande sucesso. Barbarella era uma heroína espacial que viajava pelo espaço libertando planetas inteiros de tiranos opressores. Símbolo da revolução sexual, ela tinha grande disposição para fazer sexo, fosse com um homem ou um robô. A sensualidade era, para ela, uma arma.
Sônia Luyten, no livro O que é história em quadrinhos, diz que Barbarella é ¨um reflexo da própria evolução da mulher na sociedade moderna¨.
Em 1968 a personagem foi levada às telas com direção de Roger Vadin e tendo Jane Fonda no papel principal.
Outra personagem de grande destaque foi Jodele, criada pelo desenhista Guy Peellaert e pelo roteirista Pierre Bartier. Essa personagem francesa aproveitava o visual e a proposta da pop art com muita cor e onomatopéias (isso foi curioso, pois a pop art foi influenciada pelos quadrinhos e depois acabou influenciando-os). As aventuras de Jodelle aconteciam numa Roma fictícia, com tubos de neon, clubes noturnos e cadilaques.
O sucesso de Jodelle levou Peellaert a publicar um novo álbum, com uma nova personagem, Pravda. Vestida apenas com um colete e um cinto largo, ela viajava pelas estradas com sua moto turbinada.
Em 1967 a França vê a criação de Blanche Epiphanie, do desenhista Georges Pichard. Blanche era uma heroína romântica ingênua. Com um humilde emprego de entregadora de cheques, ela passava as noites remendando os trapos que de dia eram rasgados pelos clientes do banco, que sempre a assediavam. Mas a moça tinha um defensor mascarado, o herói Défendar, identidade secreta de um estudante de ciências, vizinho do quarto da moça.
A história foi publicada com muito sucesso pela V Magazine e depois dela vieram outras heroínas criadas por Pichard, a maioria loiras, rechonchudas e com sardas no rosto. Outra de suas grandes criações foi Paulette, com roteiro de Wolinsky. Paulette era uma herdeira de um império industrial, mas com idéias socialistas. Tudo era desculpa que ela se desnudasse. Seu companheiro de aventuras era um velho de mais de oitenta anos, transformado em uma linda jovem morena, o que causava situações embaraçosas. A personagem foi publicada em capítulos entre 1970 e 1976 na revista francesa Charlie O movimento de erotismo elegante francês teve grande influência em outras partes do mundo, especialmente na Itália, inclusive conseguindo a atenção de leitores adultos, que já não se interessavam mais pelos gibis.
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