Miyamoto Musashi foi o mais célebre samurai. Conseguindo
sua primeira vitória em duelo aos 13 anos, Musashi nunca foi derrotado. Aos 30
anos, após vencer Sasaki Kojiro, um dos mais hábeis samurais da época, Musashi
passou por uma grande mudança espiritual. Recolheu-se para buscar o significado
mais profundo da luta das espadas. Para isso ele começa a meditar e a praticar
pintura e caligrafia.
Aos 60 anos, escreve para seu discípulo um
livro contendo seus ensinamentos e seu estilo, Niten Ichi Ryu. Essa obra,
chamada o livro dos cinco anéis, se tornou um dos mais importantes livros de
estratégia do Japão.
A obra foi publicada em edição bilíngue
(português-japonês) em 2010 pela editora Conrad. É uma linda edição, com
ilustrações e textos explicativos nas bordas.
O livro é interessante tanto para entender a
cultura japonesa quanto para entender a estratégia de guerra. Segundo musashi,
os mesmos princípios usados para derrotar um único homem podem ser usados para
derrotar 10 milhões de inimigos. Para ele, um dos princípios básicos é que um
guerreiro deve entender não só de batalhas, deve conhecer e dominar várias
artes, não só a militar. Daí porque ele se dedicou a aprender pintura e
caligrafia, por exemplo. Nesse sentido, o livro já era, naquela época, uma ode
contra a hiper-especialização. Quanto mais amplo o conhecimento de alguém,
maior a chance dele se destacar naquilo que é sua especialidade.
Muito da filosofia de Musashi vem do
zen-budismo e podemos notar isso nos trechos em que ele recomenda saber
reconhecer o tempo certo da ascensão e declínio de todas as coisas. Ou quando
ele afirma que tanto no cotidiano quanto nos momentos de luta o espírito deve
permanecer inalterado, alerta, perfeitamente tranquilo e equilibrado: “Nunca se
permita paralisar, conserve o espírito sempre livre, mas de prontidão. Mesmo com
o corpo relaxado em situações de repouso, mantenha o espírito alerta e, quando
o corpo estiver agitado, o espírito deve permanecer tranquilo”.
O autor orienta a conhecer o ambiente em que se
dará a luta e usá-lo a seu favor: por exemplo, colocar-se na posição de combate
com as costas voltadas para o sol, ou de houver um fogueira, com as costas
voltadas para a fogueira.
Um dos capítulos mais interessantes do livro,
fundamento básico da estratégia de guerra é aquilo que ele chama de “pressionar
contra ao travesseiro”. A técnica consiste em nunca deixar que o adversário
comande seus movimentos: “É fundamental, a qualquer custo, subjugá-lo à sua
vontade (...) O importante na estratégia militar é neutralizar as ações úteis
do oponente e permitir as inúteis”.
São dicas que nitidamente têm aplicação não só
na guerra, mas no marketing, no marketing político ou qualquer outra situação em
que uma pessoa ou organização se deparada com algum tipo de adversário.
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