Depois do sucesso do encontro do Super-homem e Homem-aranha surgiu
a ideia de realizar mais um crossover entre heróis da Marvel e da DC. Os
escolhidos foram Batman e Hulk. Para realizar a história foi chamado o
roteirista Len Wein (que já trabalhara na Marvel e estava na DC) e o desenhista
José Luís Garcia-Lopez, o mais emblemático ilustrador da DC.
Um encontro entre o homem morcego e o gigante esmeralda é um
desafio absoluto de roteiro. A diferença de poder entre os dois é tão gritante
que torna qualquer trama difícil, ainda mais uma trama que deixasse os dois
personagens com igual nível de protagonismo, como queria a direção das duas
editoras.
Wein escolhe como vilões o Coringa e o Figurador, um personagem
alienígena capaz de transformar sonhos em realidades, e usa esses dois
personagens numa trama bem elaborada e muito mais complexa do que o crossover
anterior das duas editoras.
Para começo de conversa, o Figurador não é retratado como um vilão
clássico. Enquanto na DC a diferença entre heróis e vilões é uma linha muito
clara, na Marvel essa diferença é muitas vezes é apenas de intenção – e outras
vezes nem isso. Conhecendo bem a diferença entre as duas abordagens, Wein as
explora corretamente. Assim, o Coringa quer transformar o mundo à sua
semelhança (nessa época ele ainda não havia se transformado no psicopata que
conhecemos atualmente), enquanto o Figurador só quer uma maneira de se salvar.
Na parte dos heróis, tirando um ou outro roteirismo (como Batman
chutando a barriga do Hulk e fazendo-o aspirar um gás), temos uma boa dinâmica.
Não fica óbvio que a coisa foi pensada milimetricamente para nenhum dos dois
ter protagonismo.
Quanto aos desenhos... Garcia-Lopez conta que quando o convidaram
para o projeto, mostraram o crossover anterior, desenhado por Ross Andru e ele
duvidou que pudesse fazer algo tão bom. Não só fez, como superou o mestre Ross.
Com arte final de Dick Giordano, o artista argentino faz com que cada página
seja um deleite de dinamismo e perspectiva. Pena que o formatinho da Abril não
favoreça a apreciação da arte.
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