Durante
décadas, todo super-herói deveria ter um parceiro mirim. Batman tinha Robin, o
Arqueiro Verde tinha o Ricardito. Aquaman tinha o Aqualad. A Mulher Maravilha
tinha a Moça Maravilha. Acreditava-se que os parceiros mirins eram o chamativo
para a garotada por serem alguém com quem as crianças poderiam se identificar.
Em 1964, a DC Comics teve a ideia de reunir os principais heróis juvenis em um
grupo chamdo Turma Titã. Mas, surpreendentemente, o gibi não se saiu bem nas
bancas. Na verdade, o grupo só viria a fazer sucesso na década de 1980, quando
começou a ser escrito por um roteirista que odiava parceiros juvenis.
Marv
Wolfman vinha de uma vitoriosa carreira na Marvel, onde escrevera alguns dos
principais heróis da editora. Ao passar para a DC, fizera uma exigência: nada
de histórias fechadas ou de parceiros.
Wolfman
não gostava de histórias fechadas porque o que lhe dava prazer era justamente a
possibilidade de desenvolver personagens. O ódio pelos parceiros tinha origem
nas suas lembranças de infância: “Eles não se comportavam como eu e minha
turma. Usavam uma gíria antiquada que nenhum garoto real usaria. Caramba! A
maioria dos meus amigos nem usava gíria! Os parceiros também eram muito
respeitosos com os mais velhos”. Além disso, eles eram desenhados muito, muito
pequenos, só um pouco mais altos do que a cintura do herói. Difícil para um
pré-adolescente se identificar com um personagem tão subserviente.
Curiosamente,
Wolfman acabou propondo escrever exatamente a Turma Titã para mostrar como de
fato deveriam ser esses heróis. Os fracassos anteriores haviam sido tão
retumbantes que a diretoria da DC Comics disse não. Wolfman explicou que seria
uma versão totalmente nova, com novos personagens e versões atualizadas dos
parceiros clássicos. Criou até um novo nome: Novos Titãs. Acabou convencendo.
O
roteirista acreditava que todos os bons heróis são nascidos na tragédia e que
isso influencia em suas ações. Assim, a origem de cada um dos heróis acabaria
influenciando suas ações e seu jeito de ser. E a maioria dos Titãs tinha origens
dramáticas. Estelar era uma princesa alienígena cujo pai a vendeu como escrava
para salvar o seu mundo. Ravena era uma terrestre cuja mãe engravidara de um
demônio interdimensional. Ciborgue odiava o pai, que o transformara para
salvá-lo da morte. “O mote dos Titãs começou e continuou como o novo em
oposição ao velho e filhos em contraste com os genitores”, escreveu Wolfman
sobre o assunto.
Além
do conflito com os pais, os Titãs tinham conflitos entre si. Ravena, por
exemplo, era tímida e pacifista. Estelar, uma guerreira nata, era extrovertida.
Para
desenhar a revista foi chamado George Pérez, que havia se especializado em
desenhar grupos e seria chamado sempre que se precisava mostrar vários heróis
ao mesmo tempo. Seu traço realista encaixava perfeitamente com a proposta da
revista de mostrar os heróis juvenis numa abordagem mais séria.
A
dupla acreditava que a revista não duraria mais do que seis edições, mas o
primeiro número vendeu muito até por conta de uma boa campanha de marketing da
DC Comics. Mas as vendas começaram a cair a partir do número 2. Até o sexto
número, que bateu recordes de vendas. A partir daí, Os Novos Titãs se tornaram
uma das revistas mais populares da década de 1980.
O
número 6 mostrava o início da saga de Trigon, o demônio que dominara toda uma
dimensão e era pai de Ravena, que reunira os Titãs justamente para combater sua
ameaça. A história unia os principais elementos que fariam o sucesso dos Titãs,
especialmente o embate pais-filhos. Além disso, Trigon era um vilão de verdade.
Não era um simples palhaço, como o Coringa, mas uma ameaça real para toda a
humanidade.
Novos
Titãs uniam boas tramas, vilões realmente terríveis e heróis adolescentes que
realmente pareciam adolescentes. Tudo isso contribuiu para transformar o gibi
em um dos maiores sucessos da DC na década de 1980 – um sucesso tão grande que
foi para outras mídias, com várias animações e um seriado live action.
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