Na década de 1970 a Marvel era mais do que nunca a Casa das
ideias. Enquanto a DC patinava, a Marvel lançava diversas séries que se
tornariam sucesso de público e clássicos dos quadrinhos. Um desses clássicos é
a série Micronautas, de Bill Mantlo (roteiro) e Michael Golden (desenhos).
Micronautas, uma curiosa mistura de Guerra nas Estrelas com Terra
de Gigantes mostrava um grupo de pequenos rebeldes que vem para nosso mundo
após sua dimensão ser dominada por um vilão, o Barão Karza (um personagem muito
parecido com Dart Vader, diga-se de passagem). Em nosso mundo os personagens e
suas naves eram pequenos como brinquedos.
Os personagens eram baseados em uma série de brinquedos japoneses
chamados microman e lançados nos EUA pela Mego como Micronauts.
A ideia de transformar esses brinquedos toscos em uma história em
quadrinhos veio do roteirista Bill Mantlo ao observar o filho brincar com um
dos presentes que ganhara de Natal. Especializado em histórias de fantasia e
FC, com passagens memoráveis pelo Hulk e Rom (que era também baseado em um
brinquedo), o roteirista conseguiu convencer o editor-chefe da Marvel, Jim
Shooter a lincenciar os direitos dos personagens.
Os brinquedos que deram origem aos quadrinhos |
Mantlo conseguiu dar profundidade à história, incluindo detalhes
como o fato de que o Barão oferecia à elite aliada a imortalidade através da
troca de corpos (de opositores ou das classes mais baixas).
Para ilustrar a HQ fizeram uma aposta arriscada: escalaram Michael
Golden, até então desconhecido. Golden começa de forma insegura (e convenhamos
que o material original, os brinquedos, não ajudavam). Mas consegue uma grande
evolução já ao longo da primeira história. Com o tempo ele se tornaria um dos
mais cultuados desenhistas da Marvel, com um estilo que se preocupava pouco com
regras anatômicas, mas era muito expressivo e inovador, sendo uma das
principais referências de artistas como Arthur Adams e Todd McFarlane.
Lançada em 1979, a revista dos Micronautas ganhou o Eagle Award daquele
ano como a melhor estréia nos quadrinhos.
Essas histórias foram publicadas no Brasil na revista Heróis da
TV, arrebatando uma legião de fãs, especialmente para o desenhista.
Infelizmente a Abril não publicou todas as 59 histórias, deixando a saga
incompleta.
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