Duas pessoas que eu daria tudo
para ter conhecido são Monteiro Lobato e Marcos Rey (pensando bem, pode
acrescentar nessa lista Edgar Alan Poe e Isaac Assimov). Marcos Rey morreu há
pouco tempo, e poderia tê-lo conhecido se tivesse me atentado a tempo para sua
obra.
Marcos Rey
nos ensina que a clareza é a característica fundamental de uma boa obra
literária. A clareza, aliada à imaginação e boa caracterização de personagens. Todas
essas características podem ser percebidas em grau máximo em O último mamífero
do Martinelli.
Na obra, um
fugitivo da ditadura militar, depois de vários dias freqüentando cemitérios e
igrejas, finalmente decide morar no edifício Martinelli, que já foi o maior e
mais elegante de São Paulo, mas, na época em que se passa a história, está
abandonado.
Depois de
escolher um lugar parra morar, o personagem começa a revistar os apartamentos à
procura de algo para vender e aplacar sua fome. Em sua busca, ele começa a
encontrar pequenos objetos (um bilhete de despedida, uma ficha de jogo, uma
bala encravada na parede) que contam a história das pessoas que viveram ali. E
a história do fugitivo começa a se misturar com a dos antigos inquilinos do
prédio.
Marcos Rey
consegue fazer uma espécie de romance policial sem crimes em que a graça está
não em descobrir quem é o assassino, mas sim o que aconteceu com os moradores
do prédio. O escritor vai dando aos pistas aos poucos, deixando o leitor em
suspense até o final do livro, suspense que se acrescenta à angústia de não
saber se o fugitivo conseguirá fugir dos militares.
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