A figura acima é o quadro Abapuru, obra de Tarsila de Amaral pintada como presente para seu esposo Oswadl de Andade. Abapuru significa "home comedor de gente", em tupi. A imagem levou Oswald a escrever o famoso Manifesto Antropofágico.
Os dois - quadro e manifesto - eram uma resposta a uma questão antiga, que até hoje ainda gera debates: o que é a cultura brasileira?
Vale lembrar que o manifesto, e de certa forma o modernismo, surge em protesto contra a arte acadêmica, certinha, neo-clássica.
Aqui entra um parêntese.
A origem dessa arte era a missão francesa, um grupo de artistas que chegou ao Brasil a convite de D. João VI para ensinar a arte aos brasileiros e trazer as novidades da Europa para nosso país. O discurso era de que o que se fazia no Brasil até então (o barroco de Aleijadinho, como exemplo) não era arte verdadeira. O episódio colocou na cabeça do brasileiro a ideia de que "o que é bom vem lá de fora", que ainda hoje domina a mentalidade local.
Fecha parênteses.
A antropofagia fazia uma referência aos índios canibais que haviam devorado o bispo português Sardinha quando o navio deste afundou na costa brasileira. Para Oswald o episódio mostrava a nossa principal característica: nós deveoramos a cultura que vem de fora, mas não de forma passiva. Nós a transformamos em outra coisa. As festas juninas, por exemplo, foram criadas a partir dos bailes europeus, mas em nosso país se transformaram em outra coisa.
Abaixo algumas frase do manifesto antropofágico:
"Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará"
"Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade"
"Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago"
OSWALD DE ANDRADE Em Piratininga Ano 374 da Deglutição do Bispo Sardinha.
domingo, junho 30, 2019
Roteiro de quadrinhos: O Marvel Way
O marvel way é uma modalidade de roteiro em que o roteirista discute com o desenhista, ou lhe entrega uma sinopse, e este desenha as páginas, que são posteriormente devolvidas ao roteirista para que sejam colocados os textos e diálogos. É chamado assim porque foi um método criado por Stan Lee e utilizado por todos os roteiristas da casa das ideias. Há um grande preconceito contra o marvel way. Uma pessoa, por exemplo, me dizia que Stan Lee não era co-autor das histórias, uma vez que ele se baseava no desenho pronto.
Houve uma época, nos primórdios dos quadrinhos em que o texto era realmente redundante com relação à imagem e até desnecessário. Arte: Antonio Eder |
Essa visão equivocada e preconceituosa parte da ideia de que o texto é apenas um complemento do desenho numa história em quadrinhos. Isso podia até ser verdade nos primórios dos quadrinhos, quando o desenho mostrava o herói batendo no bandido e o texto dizia: "O heroi bate no bandido". Da Marvel para cá, o texto tem se caracterizado por permitir uma outra leitura do desenho, muitas vezes resignificando-o, como aconteceu com o Surfista Prateado, que era apenas um arauto de Galactus e, com o texto de Lee, tornou-se uma espécie de filósofo interestelar: ¨Quando chegou a hora de estabelecer o seu padrão de discurso, comecei a imaginar de que forma um apóstolo das estrelas se expressaria. Parecia haver uma aura biblicamente pura no nosso Surfista Prateado, algo altruísta e magnificamente inocente¨. Isso é chamado de resignificar e é um princípio básico da arte moderna e pós-moderna.
Eu usei muito o Marvel em todas as histórias que escrevi com o compadre Joe Bennett. Nós discutíamos a história, o Joe muitas vezes fazia o rafe na minha frente e eu colocava o texto em cima do rafe.
Era sempre um desafio, pois Joe Bennett é da escola de Jack Kirby, John Buscema e Garcia Lopez, todos grandes narradores visuais. Ou seja: ele parecia contar toda a história apenas com imagens. Então logo descobri que meu texto deveria criar uma camada a mais de leitura e interpretação.
Uma das páginas que, lembro, me deram muito trabalho, foi a cena da história O farol. Na história, um casal de namorados encontra um farol desconhecido em uma praia deserta e decide investigar. Quando estão lá dentro, acabam se perdendo (não, não vão contar o resto). Na sequência abaixo, Fábio se separou de Cassandra e vai se desesperando aos poucos ao não conseguir encontrar a saída. Lembro que quando peguei a página rafeada, pensei: "Caramba, o que vou colocar aqui? O Joe já contou tudo com desenhos!". No final, o texto cria uma camada a mais de leitura, permitindo que o leitor conheça o personagem, sua história de vida e motivações. E, claro, termina com uma ironia, que só funciona em conjunto com o desenho...
Na história A Família Titã, eu o Joe não tivemos tempo para conversar sobre os detalhes da história. O compadre precisava de dinheiro urgente e o Franco havia nos pedido 30 páginas para duas semanas, com tudo pronto. Algum tempo depois, descobrimos que, para o Joe, o Tribuno era o vilão, afinal o desenho o mostrava praticando as mais terríveis barbaridades. Mas para mim ele era o heroi, e o texto justificava suas ações, dando uma motivação para o personagem. E até hoje muitos leitores fãs da dupla debatem se ele é um vilão ou um heroi. Eis um exemplo de como texto e desenho podem permitir várias leituras de uma obra numa história em quadrinhos.
Na Refrão de Bolero, uma moça viaja para Belém e se encanta com Belém e diz que ela é uma cidade de cartão postal. No final, quando é assaltada e se vê sozinha e perdida, sem dinheiro ou conhecidos numa cidade que de fato não conhece, ela diz: "Agora tudo que eu tenho é um profundo corte na mão e uma cidade de cartão postal". O texto, além de dar um duplo sentido para a expressão "cidade de cartão postal" (positivo no início, negativo no final), apresenta os sentimentos da personagem de uma forma que o desenho não poderia fazer. Vale lembrar que a ideia da história surgiu quando eu fui assaltado em Belém.
Os quadrinhos, portanto, são uma junção de texto e desenho em que nenhum é mais importante que o outro e a coisa só funciona se houver harmonia entre eles.
Neil Gaiman em Conhecimento Prático Literatura
Neil Gaiman foi um autor que iniciou nos quadrinhos, mas se tornou uma sensação na literatura. Muitos de seus fãs literários nem mesmo conhecem sua trajetória nos quadrinhos. Foi para dar uma ampla visão desse grande autor que publiquei na revista Conhecimento Prático Literatura 24 a matéria “Neil Gaiman: o escritor dos sonhos”. No texto eu falo do início da carreira do premiado roteirista, em Sandman e Orquídea Negra, e a analiso suas incursões literárias e os vários prêmios conseguidos.
sábado, junho 29, 2019
Por que nossos jovens não têm o hábito da leitura?
Uma reclamação constante dos pais é: meus filhos não lêem. Quanto mais se aproxima o vestibular, mais comum é a reclamação quanto a esse item. No entanto, o que fazem os pais para incentivar seus pais a lerem?
A verdade é que, por trás dessa aparente preocupação há muita hipocrisia. A maioria das pessoas que reclama é gente que não lê e não dá valor aos livros. O discurso do faça o que eu digo, não o que eu faço dificilmente funciona quanto o assunto é hábito de leitura. Só aprende a gostar de ler quem vive rodeado de textos. É na interação com os livros e com os adultos que as crianças aprendem a dar significado à leitura.
Claro, muitos argumentam que não têm tempo para ler, mas será que isso é verdade? Tenho o costume de reservar um livro para filas. Sempre que entro em uma fila, já vou com meu livrinho embaixo do braço. Consigo ler pelo menos um livro de fila por mês, sem grande dificuldade.
Pais que passam o final de semana inteiro assistindo televisão e não pegam um livro, uma revista semanal para pelo menos passar os olhos estão dando a seus filhos a lição de que é possível reservar tempo para tudo, menos para ler.
Apesar de tudo, há algumas crianças, que, mesmo sem maior estímulo começam a ler. Uma amiga minha, diretora de uma escola, diz que as crianças até os seis/sete anos são freqüentadoras assíduas da biblioteca escolar. A partir dessa idade elas vão diminuindo suas visitas até desaparecerem por completo.
O que acontece nesse meio tempo? O que faz com que crianças que eram muito interessadas em leituras percam o interesse?
Por incrível que pareça, a culpa é justamente das duas figuras que mais reclamam da falta de leitura dos jovens: os pais e a escola.
A escola trata o texto não pelo prazer de tirar dele seus vários significados, mas como desculpa para encontrar ditongos, hiatos e verbos e dificilmente tem programas sérios de incentivo à leitura.
Há algum tempo a editora Mithos, em convênio com a italiana Bonelli, resolveu incentivar a leitura distribuindo gibis de personagens como Tex, Zagor, Dylan Dog e outros para alunos da sexta-série e ensino médio. A idéia era fazer isso em escolas públicas e privadas. Na escola pública escolhida, depois de nove dias de espera, os editores ouviram da coordenadora pedagógica que os gibis eram inadequados para seus alunos. Provavelmente essa mesma coordenadora é uma das que reclamam diariamente da falta de leitura dos estudantes...
Essa postura revela uma moral preconceituosa: existem leituras adequadas e leituras inadequadas. Leitura adequada é leitura só de livro. Leitura formal, intelectual e poucas vezes relacionada com a vida do aluno. A leitura divertida, para essa visão antiga, é quase sempre inadequada. Postura muito distante dos paradigmas atuais, que falam de leitura de mundo. Um bom leitor não é só leitor de livros. Ele lê tudo, de livros a propagandas, passando por gibis e livros de ficção-científica. Tudo pode ser passível de leituras, até os gestos das pessoas. Desse ponto de vista, a leitura de uma história em quadrinhos é tão saudável quanto a de um livro.
A arte espetacular de John Harris
John Harris é um artista e ilustrador britânico, conhecido por trabalhar no gênero de ficção científica. Suas pinturas foram usadas em capas de livros para muitos autores, incluindo Orson Scott Card, Arthur C. Clarke, Isaac Asimov e Frederik Pohl. Uma das suas especialidades são as imaginativas naves espaciais e paisagens aéreas.
Máquina do Tempo, de H. G. Wells
Viagens no tempo sempre existiram. Rip van Winkle, de Washington Irving, publicado em 1919, conta a lenda de um homem que dorme na floresta e acorda 20 anos depois. Um conto de Natal, de Dickens, publicado em 1843, conta a história de um homem avaro visitado por três espíritos que o levam ao passado, ao futuro e ao presente. Já Um Yanke na corte do rei Arthur, de 1889, escrito por Mark Twain, mostra as aventuras de um americano que retorna à Idade Média.
Mas as viagens no tempo se tornam um gênero próprio com A máquina do tempo, escrito por HG Wells e publicado em 1895. Até então as viagens eram involuntárias, fruto de acontecimentos fantásticos. Wells trouxe a ciência para a jogada. Seu protagonista não viaja no tempo graças a fantasmas ou seres sobrenaturais, mas com uma máquina construída graças ao progresso técnico.
O escritor britânico também inovou ao introduzir a crítica social e o paradigma evolucionista à trama. Na história, o protagonista viaja até o ano de 802.701 e vê uma Londres decadente, dominada por dois grupos: os Eloi, evoluídos a partir da aristocracia, que se transformam em seres diminutos, frágeis e ocioso e os Murdock, evoluídos a partir das classes trabalhadora, seres monstruosos, canibais, que vivem no subterrâneo.
Ao introduzir a ciência na viagem no tempo e usar o recurso para refletir sobre o mundo em vivemos e como será seu futuro, Wells abriu as portas para diversas outras obras, desde o ingênuo seriado Túnel do Tempo até o complexo filme Os 12 macacos.
sexta-feira, junho 28, 2019
Santiago - guia de viagem
Santiago, apesar de ser uma cidade latino-americana, é muito diferente da maioria das cidades brasileiras - e mesmo da América Latina. Para começar, é a capital mais segura da região. Mesmo uma população enorme, de 5 milhões de pessoas, parece não ter afetado a criminalidade. Eu andava pelas ruas e via gente mexendo no celular como se estivesse numa cidadezinha de interior. E, apesar da maconha ser liberada, não vi uma única pessoa fumando na rua - algo que vi muito em cidades como São Paulo e Curitiba.
Lojas de maconha são comuns na cidade menos violenta da América Latina. |
No centro há os chamados cafés com pernas, em que os clientes são atendidos por moças em mini saias - daí o nome. Dizem que antigamente esses cafés tinham atração a mais. Em determinado momento todas as garçonetes tiravam a camisa exibindo seus seios - mas esse espetáculo parece ter ficado no passado.
Os prostíbulos são chamados de cafés elegantes - e você poderia facilmente entrar em um por engano, pois parecem realmente cafés.
As bancas de revistas têm poucas revistas jornalísticas. |
Para alguém da área de comunicação o que espanta é a ausência de revistas nas bancas. Não há, por exemplo, revistas como Veja e Istoé. Em compensação, há muitos jornais, inclusive sobre maconha e sobre saúde, além dos jornais especializados em humor político. Para os fãs de quadrinhos uma dica são os álbuns do personagem Condorito - tão popular no Chile que em locais turísticos vendem imãs de geladeiras. É possível comprar os álbuns por valores que vão de 5 a 10 reais.
Palácio de La Moneda |
Há também uma curiosidade: o palácio de governo se chama Casa de La Moneda. Isso porque de fato ela foi construído para ser uma casa da moeda, mas com o tempo acabou sendo apropriada como residência pelos presidentes. Aliás, a construção atual foi totalmente reformada. Quando do golpe militar que levou Pinochet ao poder, o palácio foi duramente bombardeado.
No centro há diversos guias turísticos oferecendo seus serviços. Não caia nessa. Nós contratamos um e o valor é alto (aproximadamente 100 reais por pessoa) e os guias falam pouca coisa que realmente interessa, se contentando com algumas piadinhas. Além disso, o percurso é feito totalmente a pé. Não vale os 100 reais.
Os ônibus panorâmicos da Turistik são uma boa opção para conhecer os principais pontos turísticos da cidade. |
Para quem está chegando na cidade, uma boa dica é o ônibus da Turistik, que percorre os principais pontos turísticos da cidade. O valor é um pouco maior que o dos guias turísticos e são percorridos muito mais lugares - além da narração gravada que traz informações realmente relevantes sobre os pontos turísticos - inclusive sobre a resistência dos índios Mapuche aos espanhóis (uma dos poucos povos pré-colombianos que botaram terror nos espanhóis). Só não compre o passeio pelo site. Eu comprei e eles não mandaram o volcher. Tive que comprar numa loja da Turistik (há muitas espalhadas pela cidade) e pedir o reembolso.
O shopping Costanera pode ser visto de todas as partes da cidade. |
Ponto turístico obrigatório é o shopping Costanera, um dos prédios mais altos do mundo - que pode ser visto de qualquer ponto da cidade - uma maravilha arquitetônica numa cidade que costuma ter frequentes abalos sísmicos. Aliás, prepare-se: os tremores são frequentes. Nós pegamos um de 6.4. Foi assustador (e divertido) ver a porta do apartamento batendo como se alguém quisesse entrar. Mas os chilenos só se preocupam se for acima de 7.0.
Falando em dinheiro, prepare-se. Embora o real seja muito valorizado com relação ao peso chileno, os preços são altíssimos. Quando fomos cheguei a fazer a conversão de um real para 180 pesos. Parece muito, mas você vai no supermercado e não encontra nada mais barato que mil pesos. Uma garrafa de água de 300 ml custa 800 pesos. Ou seja, quase cinco reais dependendo da conversão. A conversão engana. Uma senhora que foi conosco nos dizia que comprou uma barra de chocolate por um preço baixíssimo. Fui fazer a conversão e descobri que ele pagara quase 10 reais numa barra de chocolate que no Brasil custo no máximo 5 reais.
Muitas empresas mandam fazer casas para cachorros de rua. |
Os cachorros de rua de Santiago parecem cachorros de raça brasileiros. |
Outra boa opção é o passeio para Vina del Mar e Valparaíso. Mas não aconselho ir pela Turistik. Gastamos quase 60% do tempo em Vina del Mar, um local repleto de prédios de luxo nos quais os ricos passam férias. E passamos quase correndo por Valparaíso, uma cidade histórica super-interessante - para ter uma ideia, passamos tão rápido pelo Museu Pablo Neruda que algumas pessoas sequer viram o prédio. Se o seu interesse é por cidades históricas, aconselho ir de ônibus normal e ficar pelo menos um dia inteiro em Valparaíso. Se o seu interesse for tirar fotos para parecer rico, o passeio da Turistik é uma boa.
A troca da Guarda é uma das atrações no Palácio de La Moneda |
A arquitetura de Santiago chama atenção tanto pelos prédios modernos quanto pelos clássicos. |
O funicular é usado para subir ou descer dos cerros (morros) |
Para evitar que as casas históricas fossem pichadas, a prefeitura de Valparaíso incentivou os grafites. Isso transformou a cidade num museu a céu aberto. |
Até mesmo as mercearias de Valparaíso são diferenciadas, com placas vintage. |
Em Vina del Mar, praia e prédios luxuosos. |
Homenagem a Pablo Neruda. |
O teleférico permite ver toda a cidade de Santiago. |
Bonnie e Clyde
Bonnie e Clyde, filme de 1967, produzido e idealizado por Warren Beatty e dirigido por Arthur Penn, abriu caminho para a Nova Hollywood, a geração de cineastas que revolucionou o cinema norte-americano com obras como Sem Destino e O poderoso Chefão. O tema básico dessa geração já estava lá: o conflito de gerações, que aparece com maior destaque no final. Para quem não sabe, os dois eram assaltantes de bancos que ficaram famosos na década de 1930. Nessa época de depressão, muitas pessoas estavam perdendo suas propriedades para os bancos (fato muito bem mostrado no filme Vinha da Ira) e a população logo se identificou com a dupla, muitas vezes protegendo-os. Para a geração do final dos anos 60, a identificação foi imediata: eles eram como o casal, em busca de aventura e novidades, e a polícia representava a geração anterior, conservadora.
Dizem que Warren Beatty se jogou aos pés do presidente da Warner (que já estava praticamente falindo na época) para fazer esse filme. Ao invés de receber um cachê normal de astro, ficou com 40% da bilheteria, o que o tornou milionário quando o filme (indo contra todas as expectativas do estúdio) se tornou um sucesso de bilheteria.
Um dos aspectos curiosos do filme foram as adaptações feitas no roteiro. Na história original, Clyde era bissexual, e só conseguia se excitar com a presença do terceiro membro da gangue, C.W. Moss. Os executivos proibiram essa parte do roteiro e a solução foi sugerir que o personagem tinha problemas de ereção, o que, de certa forma aumentou a tensão entre o casal, deu um ar de humanidade ao personagem e colocou a relação entre Bonnie e Clyde num patamar mais complexo, já que ficamos o tempo todo os nos perguntando o que os mantém juntos (talvez o gosto pela aventura).
Uma figura central no sucesso do filme foi o roteirista Robert Towne. Towne era extremamente inseguro quando estava escrevendo um roteiro próprio, mas era o melhor para consertar roteiros de outros. Uma das maiores contribuições dele foi antencipar uma cena que acontecia após a visita de Bonnie à mãe. A gangue rouba um carro e, no final, acaba dando carona aos donos do carro. O grupo está se divertindo quando Clyde pergunta ao homem qual a sua profissão. Agente funerário, diz ele. Bonnie ordena: "Tirem esse cara daqui". A cena, antecipada, marca o final do segundo ato e o início do terceiro ato. Dali em diante sabemos que o fim do casal está próximo e que eles serão mortos.
Uma curiosidade sobre o filme é que o seu sucesso entre a nova geração foi tão grande que a boina usada por Bonnie se tornou moda entre as garotas do final dos anos 60.
Dizem que Warren Beatty se jogou aos pés do presidente da Warner (que já estava praticamente falindo na época) para fazer esse filme. Ao invés de receber um cachê normal de astro, ficou com 40% da bilheteria, o que o tornou milionário quando o filme (indo contra todas as expectativas do estúdio) se tornou um sucesso de bilheteria.
Um dos aspectos curiosos do filme foram as adaptações feitas no roteiro. Na história original, Clyde era bissexual, e só conseguia se excitar com a presença do terceiro membro da gangue, C.W. Moss. Os executivos proibiram essa parte do roteiro e a solução foi sugerir que o personagem tinha problemas de ereção, o que, de certa forma aumentou a tensão entre o casal, deu um ar de humanidade ao personagem e colocou a relação entre Bonnie e Clyde num patamar mais complexo, já que ficamos o tempo todo os nos perguntando o que os mantém juntos (talvez o gosto pela aventura).
Uma figura central no sucesso do filme foi o roteirista Robert Towne. Towne era extremamente inseguro quando estava escrevendo um roteiro próprio, mas era o melhor para consertar roteiros de outros. Uma das maiores contribuições dele foi antencipar uma cena que acontecia após a visita de Bonnie à mãe. A gangue rouba um carro e, no final, acaba dando carona aos donos do carro. O grupo está se divertindo quando Clyde pergunta ao homem qual a sua profissão. Agente funerário, diz ele. Bonnie ordena: "Tirem esse cara daqui". A cena, antecipada, marca o final do segundo ato e o início do terceiro ato. Dali em diante sabemos que o fim do casal está próximo e que eles serão mortos.
Uma curiosidade sobre o filme é que o seu sucesso entre a nova geração foi tão grande que a boina usada por Bonnie se tornou moda entre as garotas do final dos anos 60.
Galeão
Galeão foi meu primeiro romance. Lançado em 2013,
em capa dura, com linda ilustração de JJ Marreiro, foi a primeira publicação da
editora 9 Bravos.
Na história um galeão está vindo de Portugal para
o Brasil quando uma tempestade sobrenatural destrói os mastros e o leme,
fazendo com que o navio fique desgovernado. O capitão morreu durante os
acontecimentos estranhos que antecederam a tempestade.
Coisas sobrenaturais começam a acontecer no
navio, como pessoas que não deveriam estar lá e que aparecem do nada. Além
disso, começam a ocorrer assassinatos, indicando que um dos sobreviventes é um
psicopata.
Galeão é, portanto, um livro de fantasia
histórica misturado a uma história policial em que todos os sobreviventes
parecem ter algo a esconder sobre seu passado.
A primeira edição se esgotou totalmente e foi
lançada uma segunda edição, em brochura.
Revista acadêmica traz entrevista com Gian Danton
O número 12 da revista Imaginário!, a mais importante publicação acadêmica brasileira sobre quadrinhos, traz uma entrevista comigo realizada por Marcelo Engster a respeito de meu processo criativo.
A edição traz como matéria de capa o estudo de Douglas Pigozzi sobre um dos clássicos dos quadrinhos latino-americanos – El Eternauta – a partir da abordagem semiótica de Peirce. Já Ednelson Júnior e Roberto Lima analisam a metaficção em filmes de horror nos anos 2000. O universo dos super-heróis é tratado em dois artigos, um de Marcelo Bolshaw e Dickon Tavares, sobre Trinity, o triângulo arquetípico da DC; e outro de Paulo de Oliveira, sobre os arquétipos mitológicos nos quadrinhos da Liga da Justiça. As publicações independentes também são abordadas no estudo de Omar Sánches, em atualização da concepção sobre zine.
A revista pode ser baixada neste link.
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