Estava decidido. Iam matar
o candidato à presidência.
- Precisamos contratar alguém.
Alguém que seja realmente competente. Precisa matar bem matado.
- Tem o Adelton.
- Adelton... Adelton... não
foi esse que nossa organização contratou para matar o Niemeyer em 1950?
- Esse mesmo. O cara é bom!
- O Niemeyer morreu em 2012!
Com 104 anos! De causas naturais!
- Mas morreu, não morreu? E
quem disse que foi de causas naturais?
- Nós também contratamos o
Adelton para matar o Mick Jagger.
- Isso mesmo. Serviço bem
feito.
- O Mick Jagger está vivo
até hoje e pelo jeito vai passar dos 100 anos!
- É, nessa o Adelton
falhou. Mas ninguém é perfeito. Além disso, ele está em promoção!
No final, acabou sendo o
Adelton mesmo pela simples razão de que ele era o melhor assassino de aluguel
que eles conheciam.
Adelton foi contratado e
recebeu uma arma.
- Quando ele estiver
sozinho fazendo cooper na praia, você atira e ponto. Fácil, não?
Não, não era fácil. Adelton
foi levado para uma fazenda para melhorar sua pontaria. Deu dois tiros, um em
cada pé. No terceiro conseguiu acertar a própria arma.
Desistiram do revólver. O
jeito ia ser usar uma faca. Treinando com ela, Adelton se cortou dez vezes. Numa
das vezes, em que cortava cebola para a comida, fez um corte tão profundo na própria
perna que teve que ser levado para o hospital.
- Bem, pelo menos sabemos
que ele é mortal com uma faca. – comentou uma das pessoas que o haviam
contratado.
- Só espero que ele não se
mate antes de executar o serviço.
No dia do atentando, estava
tudo certo. Adelton ia esperar o candidato no banheiro de uma churrascaria. Ia
esfaqueá-lo e fugir pela janela do banheiro.
- Adelton, você entendeu o
plano? É só ficar escondido aqui, esfaquear o homem e fugir pela janela. Entendeu?
- Entendi.
Mas não tinha entendido
nada. Era para ficar parado ou para ficar andando? Era para esfaquear ou para
esmurrar? E, afinal, como era mesmo o rosto da pessoa que ele devia esfaquear? Ele
simplesmente não lembrava.
Resolveu sair do
restaurante e ir para a rua, na tentativa de encontrar alguém que lhe explicasse
de novo o plano. Nisso viu uma aglomerado de pessoas. Gritavam, davam vivas e
carregavam alguém. Adelton se aproximou, achando que fosse algum jogador de
futebol. Se fosse, ia pedir um autógrafo. Na hora se empolgou e resolveu ajudar
a carregar o homem. Só esqueceu de guardar a faca.
O homem foi esfaqueado. Nada
grave, mas foi o suficiente para mobilizar a opinião pública. O candidato, que
antes era um azarão, se tornou o líderes das pesquisas e acabou ganhando a
eleição. Adelton não só não matara o homem, como ainda o elegera.
Mas isso não
era o pior. O pior de tudo é que ele esfaqueara o candidato errado.
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