A premissa da história Superman – o último filho, terceiro
volume da colução de graphic novels da DC Comics (Eaglemoss) é muito
interessante. Uma astronave cai no centro de Metrópolis e sai dela uma criança.
Tudo leva a crer que a criança é kriptoniana. Mas como isso seria possível, já
que Kripton foi destruída quando Kal-El chegou à Terra?
A história tem roteiro de Richard Donner e Geoff Johns. Se
conhecemos bem como funcionam as coisas na indústria, Donner deve ter entrado
apenas com o argumento e Johns deve ter escrito o texto. Os desenhos ficaram
por conta de Adam Kubert.
Filho do lendário Joe Kubert, Adam é um bom desenhista, mas aqui
parece estar imitando Jim Lee ou alguém similar. O resultado é horrível, tanto
do ponto de vista de desenho quanto de narrativa. Há momentos em que você só
vai entender o que está acontecendo dois ou três quadrinhos depois, quando alguém
comenta o fato.
O roteiro começa tão interessante quanto à premissa. O governo
tenta sequestrar o menino e o Super-homem o resgata. Kent e Lois Lane resolvem
adotar o menino – o que nos leva a uma sequência divertida e auto-referente em
que o garoto se disfarça usando óculos!
Aí descobrimos que a coisa toda faz parte de uma trama do
General Zod, que usa a nave do garoto para abrir um portal da zona fantasma
para Metrópolis, libertando todos que estão ali presos.
No processo, Superman é enviado para a zona fantasma e quando
volta, os exilados da zona fantasma tomaram conta da cidade, derrotando toda a
Liga da Justiça. Isso obriga o Homem de aço a se aliar a Lex Luthor, Parasita,
Metallo e Bizarro. É nesse ponto que a porca torce o rabo.
Os exilados da zona fantasma conseguem derrotar com a maior
facilidade a Liga da Justiça e depois, são facilmente derrotados por Luthor com
equipamentos criados por ele para derrotar kriptonianos! O mesmo Luthor que
nunca conseguiu derrotar o Superman! É tão pouco crível que dá vontade de jogar
a revista no lixo...
O que vale a edição é uma história solo, publicada no final do álbum,
“O melhor do dia”, com roteiro de Fabian Nicieza e Kurt Buziek e desenhos do
brasileiro Renato Guedes (que assina a linda capa do volume). A história se
passa no meio da trama de “o último filho” e gira em torno do Superman levando
seus pais adotivos, Lois Lane e o garoto kriptoniano para um piquenique em um
planeta paradisíaco. Como se vê é um plot simples, sem super-vilões ou grandes
conflitos. Mas os autores conseguem tornar isso em algo interessante e até
divertido focando mais nos personagens e suas relações. Ajuda muito a belíssima
arte de Renato Guedes, que consegue dar verossimilhança para o planeta alienígena
e, ao mesmo tempo, ecoar o saudosismo inerente à HQ,
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