terça-feira, dezembro 31, 2019

Heróis politizados

No início da década de 1970 a juventude achava que podia mudar o mundo. Nos EUA, os jovens lutavam contra a guerra do Vietnã, contra o preconceito racional e a favor da natureza. Era uma geração politizada, que desprezava os velhotes que mandavam no país. Essa geração adorava os quadrinhos. A perseguição que os gibis haviam sofrido por parte dos setores mais conservadores da sociedade fizeram com que os jovens rebeldes simpatizassem com eles. Além disso, as histórias em quadrinhos da Marvel, com heróis realistas, ídolos com pés de barro, mostravam que os gibis não eram simplesmente uma questão da luta do bem contra o mal.
            Foi nesse contexto que surgiu um dos trabalhos mais revolucionários do gênero super-heróis: a série do Lanterna e do Arqueiro Verde.
            A idéia começou com um pedido do editor Julius Shwartz ao roteirista Dennis O´Neil para que ele reformulasse a revista do lanterna Verde. O gibi não estava vendendo bem, mas a DC Comics não queria cancelar o título. O´Neil era um desses jovens rebeldes do final dos anos 1960. Além escrever quadrinhos, ele trabalhava como jornalista e já havia publicado um livro sobre as eleições presidenciais. Ele admirava profundamente o novo jornalismo e se perguntava se seria possível fazer algo semelhante nos quadrinhos. Além disso, ele participava de passeatas contra a guerra, assinava abaixo assinados, era fã de Martin Luther King. O convite para reformular o Laterna pareceu-lhe uma oportunidade de colocar essa atuação política no gênero superheroiesco.
            Seu princípio básico foi: o que aconteceria se um super-herói fosse colocado num contexto real, para lidar com problemas reais? O Laterna era um policial, um militar, assim como aqueles que batiam em estudantes ou matavam pessoas no Vietnã. Tudo porque nunca haviam questionado as ordens que recebiam. E se o Lanterna começasse a questionar suas ações?
            Para ter um contraponto, O´Neil resgatou um personagem menor, que nunca tivera popularidade suficiente para estrelar uma revista: o Arqueiro Verde. Ninguém parecia estar muito preocupado com Arqueiro, do modo que o roteirista teve total liberdade para transformá-lo de Playboy em um anarquista vigoroso, de pavio curto. Era ele que colocaria o lanterna contra a parede, apresentando-o ao mundo real das pessoas que passavam fome, sofriam abusos e eram exploradas.
            Para desenhar a história foi chamado Neal Adams. Adams e O´Neil já tinham trabalhado juntos no Batman e feito um ótimo trabalho, tornando-o mais adulto e sombrio. Mas seria nessa série do Lanterna e do Arqueiro que eles fariam sua obra-prima. Os dois artistas não tinham nada em comum. Ao viajarem juntos para uma excursão promocional, descobriam que não conseguiam concordar nem mesmo sobre que canal assistir na televisão. Mas quando produziam quadrinhos, eram perfeitos. 
     Logo na primeira história, ¨O mal sucumbirá ante à minha presença¨, O Lanterna Verde é confrontado com o fato de que até então ele estivera defendendo capitalistas exploradores contra trabalhadores. Essa primeira história deu o tom da série, que iria abordar alguns dos maiores problemas do mundo, da fome à destruição da natureza.
     O gibi foi um sucesso de crítica, sendo mencionada em dezenas de jornais e revistas. Os autores eram convidados para falar em programas de TV e em universidades. Além disso, todo mês chegavam centenas de cartas elogiosas. Apesar disso, a revista foi cancelada no número 13. Os editores alegaram vendas baixas, mas, como essa série é republicada até hoje, sempre com sucesso, o mais provável é que a editora estivesse assustada com o tom crítico que o gibi estava tomando e temesse uma reação conservadora contra os seus quadrinhos.
     De certa forma, o fim da revista foi positiva, pois sua continuação levaria O´Neil a vasculhar os jornais, em busca de novas causas: ¨No fim, iríamos degenerar a série até a autoparódia, um gibi de ´causa do mês´¨. 

Stan Lee - o reinventor dos super-heróis




Stan Lee é uma das figuras mais importantes da cultura pop ocidental. Foi co-criador de alguns dos personagens mais famosos dos quadrinhos, entre eles Thor, Hulk, Homem de Ferro e o Homem-aranha. Seu estilo de produzir quadrinhos foi revolucionário para a época ao introduzir a cronologia nas histórias e personagens humanos cheios de defeitos influenciou gerações inteiras de artistas e até produções cinematográficas (o recente filme dos Vingadores é exemplo disso). Além disso, seu estilo de auto-promoção levou os leitores a reconhecerem os artistas das histórias (antes dele muitas HQs não eram nem assinadas) e comprarem os gibis por causa da equipe criativa. Foi o primeiro roteirista de quadrinhos a se tornar uma celebridade, abrindo caminho para astros como Alan Moore e Neil Gaiman. É esse homem cativante e muitas vezes polêmico que Roberto Guedes retrata em Stan Lee, o reiventor dos super-heróis (Kalaco, 160 páginas). O livro é escrito de maneira fluida e divertida, lembrando inclusive o texto do próprio biografado, principalmente nas fases de efeito.
Guedes acompanha seu personagem desde a infância pobre em Nova York até o estrelato ao participar das milionárias produções de Hollywood. Algo que fica claro na leitura é que Lee é não só um grande escritor, mas um verdadeiro vendedor de ideias, alguém capaz de entusiasmar as pessoas ao seu redor.
O livro relata uma experiência que parece ter sido fundamental nesse processo. Quando criança, um colega de escola pediu para entrar na turma para vender a assinatura de um jornal. Ele foi tão empolgante em sua explanação que Lee assinou o jornal na hora. Foi além: usou-o como referência em sua atuação profissional nos quadrinhos.
Outro acontecimento que parece ter marcado profundamente o garoto foi uma carta enviada ao jornalista Floyd Gibbons, do Chicago Tribune, um herói nacional por sua cobertura da atuação dos EUA na I Guerra Mundial (ele chegou a perder um olho ao ser alvejado). O jornalista não só leu sua carta, como a respondeu.
Quando comandou a revolução da Marvel nos anos 1960, Lee fez da seção de cartas uma das grandes atrações das revistas: "As seções de cartas da concorrência eram uma chatice só. Se algum leitor reclamava de algo, o editor mandava aquela: 'seria bom você reler a história, pois é evidente que você não a entendeu', mas nas da Marvel nós respondíamos assim: 'Sabe que você tem razão? Na próxima edição publicaremos uma história tão boa que o fará esquecer-se dessa', e os leitores adoravam isso, pois entendiam que sua opinião era levada em conta, que eles eram respeitados".
Lee passou por diversos empregos, inclusive lanterninha de cinema, antes de entrar na editora Timely, com 17 anos. Lá ele conheceu Jack Kirby, o rei dos quadrinhos, que o achou intrometido e tagarela e concluiu que ele só poderia estar ali por ser parente do dono. Quando este e seu parceiro Joe Simon foram para a DC Comics, o cargo de editor ficou vago. O dono da editora, Martin Goodman perguntou a Stan: "Você acha que pode encarar o trabalho enquanto procuro um adulto?". Stan ficou no cargo por décadas.
Nem toda essa época foi boa. Logo depois da guerra os super-heróis caíram em desgraça e até campeões de popularidade, como o Capitão América tiveram de ser cancelados. Para piorar, Goodman vendeu sua distribuidora, passando suas revistas para outra distribuidora, que faliu duas semanas depois. O jeito foi usar o esquema de distribuição da National (atual DC Comics), que colocou uma condição para a rival: só podiam ser publicadas 12 revistas. Para uma editora que publicava 80 títulos foi um baque e tanto.
A Marvel só voltaria a se levantar no início dos anos 1960. Nessa época, Goodman tinha o costume de jogar golfe com os chefões da National, e ouviu de um deles que o gibi da Liga da Justiça estava vendendo muito bem. Ele correu para a editora e encomendou uma imitação para Stan. "Goodman jamais permitiria qualquer ousadia conceitual em qualquer um de seus títulos. Tudo sempre girava em torno de copiar alguma fórmula já pronta, de ir à esteira de algum sucesso do momento, de simplesmente fazer o pastiche nosso de cada dia", escreve Guedes.
Foi a esposa de Lee que o convenceu a produzir o Quarteto Fantástico: "O pior que pode acontecer é o Martin te demitir. E você quer pular fora de qualquer jeito".
A revista foi publicada e se tornou um sucesso absoluto. Além da arte revolucionária de Jack Kirby, em que a ação parecia explodir nas páginas, havia heróis imperfeitos, com personalidade, problemas. E havia a continuidade. Se um personagem quebrava um braço em uma edição, no número seguinte, aparecia com o gesso. Isso tudo junto fazia o púbico vibrar - e faz até hoje.
O livro de Guedes analisa a criação destes e de outros personagens, mostrando os bastidores e detalhado o método Marvel de produção (em que o roteirista entrega apenas uma sinopse ao desenhista e depois coloca o texto sobre a página pronta).
Como não poderia deixar de ser, o livro não ignora as polêmicas, como a suposta briga de Jack Kirby e Steve Ditko com a Marvel e com Stan Lee em particular. O autor não é imparcial quanto a isso. Deixa claro que a saída de Steve Ditko do Homem-aranha se deveu à diferença filosófica entre os dois criadores: Lee era um humanista e Ditko um conservador, que colocava críticas aos hippies nas histórias do aracnídeo e do Dr. Estranho (uma burrada, pois os dois personagens eram os prediletos da juventude da época). Lee mexia nas histórias através do texto. "Não mude minhas histórias!", reclavama Ditko. Um dia se encheu e foi embora. O episódio mostra que Stan Lee não só era um grande roteirista, mas também um especialista em marketing
Quanto a Jack Kirby, Roberto Guedes deixa a entender que a esposa do desenhista poderia ter sido influenciado pela esposa em suas declarações (ele chegou a dizer que havia criado todo o universo Marvel sozinho e que Stan Lee nunca escrevera uma palavra). Mesmo defendendo o biografado, Guedes deixa clara a importância desses dois desenhistas para o sucesso da editora e lamenta a separação das duplas.
O livro, enfim, é delicioso. Li as 160 páginas em dois dias, sem conseguir parar. Contribui para isso o ótimo tratamento editorial: além da bela capa assinada pelo desenhista Seabra, a edição traz miniaturas coloridas das capas da Marvel nos EUA e no Brasil, além de fotos e mais fotos de Lee e outros artistas, sempre com a legenda irreverente de Guedes.
Uma leitura essencial para fãs de quadrinhos.

Entrevista para a Agecom

A agência experimental de jornalismo da Unifap produziu uma minuciosa entrevista-perfil comigo relatando desde os meus primeiros contatos com a leitura até a minha produção de quadrinhos. Para ler, clique aqui

segunda-feira, dezembro 30, 2019

Elvis, o mascote de Xuxulu


Os herdeiros da caverna

Eu me lembro perfeitamente da primeira vez que vi um fã do Fantasma. Claro, eu já conhecia o personagem, e já tinha lido alguma coisa por alto, mas não imaginava toda a mitologia que havia por trás do personagem. E nem de longe podia imaginar a razão de tanto sucesso. Foi naquele dia que, pela primeira vez prestei atenção ao espírito-que-anda e foi naquele dia que tive o insight sobre a razão de seu sucesso.
O dito colecionador era um jovem senhor, na casa dos vinte e poucos anos, já graduado e na época cursando mestrado. Mas naquele dia, limpando e organizando suas revistas, ele parecia uma criança inebriada com um brinquedo novo. Ele sabia de cor tudo sobre o personagem, seus artistas e histórias e inebriava-se contando como o Fantasma havia derrotado os terríveis japoneses em plena II Grande Guerra.
Mais tarde, quando o pai dele chegou, os dois ingressaram juntos na fantasia que incluía Capeto, a caverna da caveira, os pigmeus e tudo o mais. Olhando dois eu percebi o que havia de tão interessante naquela história em quadrinhos: O Fantasma é uma história sobre herança. Sobre pais e filhos, sábios e discípulos. Não é por acaso que tantos pais legam a leitura desses gibis aos seus filhos. Temas como esse sempre calam fundo por falarem dos mitos mais ancestrais.
Não é de estranhar que esse seja o tema da tira. O criador do personagem, o escritor norte-americano Lee Falk, sempre teve um olhar paternal para com suas criações. Tanto que uma única vez o Fantasma fugiu de seu controle: quando foi publicado no Brasil e os editores, sem referencial de cores, trocaram o roxo original pelo vermelho, mais fácil de imprimir.
Lee Falk nasceu em 12 de abril de 1911, na cidade de St. Louis, Missouri. O primeiro personagem imaginado por ele foi o mágico Mandrake, criado aos 19 anos e fruto do fascínio do escritor pelos mágicos e ilusionistas.
Algum tempo depois, ele desenhou algumas tiras do personagem e aproveitou uma viagem que fez com seu pai para Nova York e passou nos escritórios da King Features Sindicate. Passou o dia mofando na ante-sala do chefão da KFS, Joe Conolly, mas quando este viu o material, decidiu-se imediatamente pela história. Era uma época de mudança, em que as antigas tiras cômicas estavam sendo abandonadas pelo público em favor de histórias de aventuras, que os levassem a viajar por mundos imaginários e esquecer as agruras da depressão norte-americana e as histórias do mágico se encaixavam nesse perfil.
Pouco seguro de seus dotes artísticos, Falk encarregou um colega, o desenhista publicitário, Phil Davis, de ilustrar o personagem. Mandrake estreou em 11 de junho de 1934, quando o escritor tinha apenas 23 anos. E foi um sucesso.
Lee Falk tornava-se não só um autor de sucesso, como também o primeiro roteirista de quadrinhos. Antes dele havia outras pessoas que se encarregavam da parte textual, como o criador do romance policial Dashiell Hammett, que assinava o Agente Secreto X9, mas faziam isso como se estivessem envergonhados de se envolverem com algo tão trivial. Falk, ao contrário, assumia seu amor pelo que fazia, o que provavelmente é uma das razões da verdadeira idolatria dos fãs por ele.
O nome do mágico era inspirado na planta mandrágora, usada como medicamento há séculos. Junto com ele, surgia seu fiel escudeiro, Lothar, um negro vestido de maneira exótica. Pouco tempo depois surgiu Narda, uma princesa do reino de Cockaigne que tinha uma curiosa característica: a ausência de umbigo. Inicialmente pensou-se que fosse falha de Phil Davis, mas a conforme a história avançava e o umbigo não aparecia, muitos estudiosos começaram a cogitar que Narda seria apenas mais uma ilusão do mestre das artes mágicas... uma antecipação talvez de temas como os que foram explorados em Matrix.
A história do umbigo demonstra a mitologia que se formou não só em torno da obra, mas também da vida do criador Lee Falk. Na época em que criou seu primeiro personagem, os relações públicas da KFS pediram dele uma biografia para ser apresentada aos jornais. Falk escreveu que era um aventureiro que, em suas viagens pelo mundo, encontrara diversos magos e se inspirara neles para criar Mandrake. Tudo balela, claro, mas convenceu.
Dois anos depois, Falk teve uma idéia para seu segundo personagem e a apresentou à KFS, que comprou de imediato o projeto. Para desenhar, foi chamado o assistente de Davis, Ray Moore, que deu ao personagem um traço elegante e misterioso.
A primeira história mostrava a saga de um lorde inglês, Kit Walker, único sobrevivente de um ataque pirata que jura devotar sua vida à destruição da pirataria, ganância, crueldade e injustiça. E não só isso: também seus filhos e os filhos de seus filhos seguiriam seu caminho. Assim que morria um fantasma, seu filho assumia seu lugar no combate ao mal. Para evitar que os malfeitores percebessem a troca, o herói usava uma máscara, dando a entender que o personagem era imortal.
A idéia inicial era mostrar o personagem como uma espécie de playboy que combatia o crime à noite, assustando malfeitores, um conceito muito próximo de personagens clássicos da literatura, como Zorro ou o Pimpinela Escarlate e certamente uma antecipação de Batman. Mas com o tempo, Falk foi se distanciando dessa idéia e, ao deslocar a ação para o mítico país de Bangala construiu toda a mitologia do personagem.
Falk, fã de Rudyard Kipling, cria a tribo de pigmeus bandar, inspirados na tribo de macacos homônimos de O Livro da Selva. Surgem as crônicas do Fantasma, os anéis, um para amigos, outro para inimigos, a Ilha do Éden, onde leões e tigres convivem harmonicamente com zebras e girafas. Surgem a cabana de Jade, onde os Fantasmas passam sua lua-de-mel, as Montanhas Misteriosas, a plataforma Walker, base de operações do Fantasma na América... a cada nova aventura um novo detalhe é acrescentado.
É essa mitologia que vai fazer com que o Fantasma torne-se eterno e angarie mais fãs que seu irmão mais velho, o Mandrake. A herança passada de pai para filho inclui os diversos itens que foram se acumulando ao longo do tempo e qual era a criança que não sonharia ganhar tudo isso de seu pai? De certa forma, é como se o leitor fosse o XXII Fantasma, lendo as crônicas de seu antecessor e preparando-se para entrar em ação e enfrentar o mal. E quando um pai lega ao filho a velha coleção de revistas do Fantasma, vai com ela todo o resto da mitologia.
Lee Falk podia não saber, mas estava construindo uma das grandes mitologias do século XX, um personagem que, mesmo diante de concorrentes mais modernos, terá seu lugar.
Nos anos 70 o Fantasma migrou para a literatura, numa série de livros publicados pela Avon Books e escritos pelo próprio Lee Falk. Também foi na década de 70 que o escritor ganhou o reconhecimento internacional com o prêmio Yellow Kid recebido em Luca, em 1971.
Aliás, Falk, embora fizesse questão de ser conhecido como escritor de quadrinhos, era também um teatrólogo de sucesso, tendo trabalhado com artistas como Marlon Brando e Charlton Heston.
Falk morreu em 13 de março de 1999. Até os últimos dias ele escreveu as tiras de Mandrake e Fantasma. Um pai preocupado até o último momento com seus dois filhos diletos e com seus milhões de filhos adotivos, leitores ávidos por mais e mais aventuras de seus heróis favoritos.

Ps: este texto foi publicado na edição especial sobre o Fantasma lançado pela editora Opera Graphica em homenagem aos 60 anos do personagem.

Touro Ferdinando

Touro Ferdinando é a história de um bezerro criado para touradas, mas que, ao invés de lutas, prefere flores. Ao saber que seu pai morreu na arena, ele foge e acaba sendo adotado por uma família de floristas. Dirigido por Carlos Saldanha (de Rio), o filme tem um ritmo perfeito, alternando entre cenas de ação vertiginosa e momentos idílicos. Os personagens também são bem construídos, a começar pelo pacifista Ferdinando (cuja índole contrasta com seu tamanho enorme) até a cabra, que é usada para acalmar os touros, mas que se revela uma das personagens mais estressadas do filme. Hilária a cena em que todos acreditam que Ferdinando está enfurecido (quando na verdade ele apenas está com o chifre preso) e a cabra tenta acalmá-lo. Em tempos de ódio, é um belo filme, com uma bela mensagem, cada vez mais necessária.

domingo, dezembro 29, 2019

Team Kids Drogas

Team Kids é um grupo de personagens da editora NES cujas histórias trabalham temas como ecologia, cidadania e outros. Eu escrevi para eles o volume sobre drogas. Tema difícil, que deve ser abordado com delicadeza, ser informativo e, ao mesmo tempo, divertido. Pesquisei muito, tivemos a consultoria de uma pessoa ligada a uma ONG de combate às drogas e acho que o resultado foi interessante. A revista foi distribuída em escolas do Rio Grande do Sul.

A Copa de 1982




O futebol no Brasil é uma espécie de obrigação nacional. Eu, embora não desdenhe do esporte, evito jogar para não provocar brigas entre amigos. É que, quando eu era criança, nas aulas de educação física, os times sempre brigavam por mim:
- Você fica com ele!
- Está doido? Prefiro ficar sem goleiro!
Logo o professor dessa emérita disciplina descobriu que a melhor forma de lidar com esse problema era me deixar no banco de reservas (às vezes eu levava um livro para passar o tempo e ficava lá, lendo, sob o olhar aliviado dos companheiros).
Então eu nunca tive muita razão para gostar de futebol, não sei data de jogos, não sei quem são os jogadores e sempre me espanto ao descobrir que o Corinthians, que estava em crise, depois era campeão e agora está em crise de novo, num período de tempo que me parece muito pequeno. Isso, aliás, me dá a impressão de que o futebol muda mais que a ciência e a filosofia. Heráclito, para quem tudo está em constante mutação, devia ser técnico de futebol.
Mas, embora eu não goste de futebol, assisto a todos os jogos da seleção brasileira na Copa do Mundo.
Esse comportamento anômalo tem uma origem remota, na Copa de 1982. Qualquer um que tenha passado pela Copa de 82, por mais que não goste de futebol, bate ponto na Copa do Mundo.
Eu tinha apenas 11 anos na época e minha memória já não é mais a mesma, mas lembro que havia toda uma mística sobre a seleção. Dizia-se que era a melhor equipe de craques já reunida. Uma seleção de reis tendo como imperadores Sócrates e Zico. No imaginário popular, esses dois só perdiam para Pelé. Era a seleção canarinho, 120 milhões em ação. A música cantada por Júnior vendeu 600 mil cópias e era lembrado de cor por todos os garotos: 
Voa, canarinho, voa
Mostra pra este povo que é rei
Voa, canarinho, voa
Mostra na Espanha o que eu já sei
Verde, amarelo, azul e branco
Formam o pavilhão do meu país
O verde toma conta do meu canto
Amarelo, azul e branco
Fazem meu povo feliz
E o meu povo
Toma conta do cenário
Faz vibrar o meu canário
Enaltece o que ele faz
Bola rolando
E o mundo se encantando
Com a galera delirando
Tô aqui e quero mais.
A empolgação era tanta que, antes e depois dos jogos eu e um amigo, igualmente perna-de-pau, arriscávamos uma pelada na rua. Isso, claro, antes de começar a transmissão. Nessa hora, todo mundo grudado na TV, o coração a mil.
O mascote da copa era uma laranjinha

Na época eu não podia perceber isso, mas hoje acredito que a esperança no escrete canarinho não era só futebolística. O Brasil estava saindo, muito lentamente, de uma ditadura e começava a vislumbrar uma era de liberdade e isso era, de certa forma, repassado para o futebol. Se a vitória na Copa de 1970 servira aos militares, a Copa de 1982 serviria à democracia.
E as perspectivas eram as melhores possíveis. A seleção de craques e o futebol arte de Telê Santana fez 2 a 1 na União Soviética, 4 a 1 na Escócia, 4 a 0 na Nova Zelândia e 3 a 1 na Argentina. As goleadas empolgavam a torcida e na escola não se falava em outra coisa. Era impossível não acreditar que o Brasil seria campeão!
O próximo adversário era a Itália, uma equipe que na primeira fase empatara todos os jogos numa chave fraca com Peru, Polônia e Camarões (estreante na Copa e um país pobre, que logo angariou a simpatia dos brasileiros) e só passara para a segunda fase graças ao saldo de gols.
Seria moleza. Mas não foi. Paolo Rossi fez a diferença e três gols. O Brasil, irreconhecível, só conseguiu colocar a bola na rede duas vezes.
Para quem já se achava campeão, foi um balde de água fria. Lembro que o Jornal Nacional inteiro daquela noite foi sobre a derrota da seleção. A televisão mostrava imagens das pessoas chorando na rua e de fato, aonde eu ia, encontrava pessoas cabisbaixas, tristonhas.
A esperança na Copa, que àquela época se misturava com a esperança de democracia e de dias melhores, acabara nos pés de Paolo Rossi.
A partir daí, embora eu não gostasse de futebol, continuei acompanhado religiosamente as Copas do Mundo. Mas, nunca, nunca uma Copa foi tão emocionante quanto aquela. Como um amor que não se realiza, e por isso é o melhor de todos, a seleção de 1982 ficará eternamente marcada como a melhor de todas.

Jornada nas estrelas – corte marcial



Jornada nas estrelas é uma série cuja pluralidade de temas surpreende. Havia histórias de terror, de ação, filosóficas... e até uma trama de tribunal: Corte marcial, da primeira temporada da série clássica.
No episódio, Kirk é acusado de provocar a morte de um tripulante, ejetando sua cápsula antes do alerta vermelho (que seria a dica para que o tripulante abandonasse a cápsula). Para piorar, o computador da nave tem um registro que parece provar que Kirk é culpado.
O episódio tem alguns problemas de verossimilhança, como o fato da cápsula precisar ser operada por um tripulante em uma situação de perigo e o fato de ser possível manipular os registros da nave – incluindo o registro visual, forjando um vídeo. A filha do oficial morto também aparece com um visual que parece saído diretamente de um concurso de cospobre.
Apesar desses problemas, é um episódio que diverte, especialmente graças à atuação de Leonard Nimoy, que tranquilamente joga xadrez com o computador em uma das sequências enquanto seu capitão é julgado (e, como sempre, essa ação será essencial para a solução do episódio) e de William Shatner, que consegue passar diversos nuances da personalidade do Capitão Kirk, do divertido ao arrogante. Shatner era, provavelmente, o melhor canastrão de todos os tempos.
Se esquecermos os exageros e falhas no roteiro, a história consegue prender a atenção do leitor com uma interessante reviravolta final. Talvez atualmente, com os programas de computador capazes de produzir simulacros a trama fizesse mais sentido.

Galeão - um mistério para desvendar



Cássia Lima
Existem vários tipos de leituras, umas nos decepcionam no final. Outras são bem previsíveis. Ainda há aquelas que nos surpreendem. E é nesse ultimo estado que termino de ler O Galeão - Gian Danton
Depois de uma noite terrível de tempestade, o dia amanhece em um Galeão no meio do oceano atlântico. Um assassinato inicia a narrativa de maneira provocativa e instigante. Os tripulantes descobrem que estão perdidos no oceano. Passado, presente e futuro se misturam no romance. Flashbacks nos fazem conhecer o passado de personagens mais temer o seu futuro. A comida começa a ser racionada, alguém está cometendo assassinatos e parece que o destino de todos já está traçado. O Tesouro do capitão pode ser o motivo de tudo...
À medida que Gian Danton revela o passado dos personagens, ele nos provoca e instiga a atenção para as próximas páginas. Cada detalhe tem seu valor, lembranças podem ser fantasias e sonhos tornam-se realidade. A narrativa em flashbacks, além de aguçar a curiosidade nos prepara para o próximo acontecimento.
Cada revelação nos deixa extasiado, cada capítulo nos faz ver a história diante de nossos olhos, o suspense chega a ser doloroso para o leitor. A partir do capítulo 14 as palavras de Gian Danton não permitem que fechemos o livro.
O primeiro romance desse autor além de provocar a leitura, mexe com a nossa percepção de detalhes, nos deixa pensativos sobre o que cada pessoa preserva do seu passado, a riqueza da descrição nos deixa atônito, a mistura de tantas personalidades nos impressiona, e o casal...Bom, vocês só irão saber se lerem, não vou dar spoilers aqui.
Tolkien, criador do O Senhor dos Anéis escreveu sobre Um anel “Um Anel para a todos governar. Um anel para encontrá-los, Um Anel para a todos trazer e na escuridão aprisioná-los”.
Parafraseando Tolkien, a minha definição do Galeão é:
“Um passado para revelar, Um mistério para desvendar e Um tesouro para trazer e na escuridão aprisionar”.
Que reviravolta! Fim surpreendente.

sábado, dezembro 28, 2019

Xuxulu já está perdendo a paciência com seu cachorrinho


Sonja – a chave maldita



Quando as vendas de Conan estouraram, a Marvel ficou louca atrás de outros personagens criados por Robert E. Howard que pudessem repetir o sucesso do cimério. O mais próximo que conseguiram foi Sonja, ou Red Sonja, como é conhecida nos Estados Unidos (por conta do seu cabelo vermelho).
Para desenhar foi chamado Frank Thorne, um ilustrador que se tornou especialista em mulheres guerreiras. Seu desenho pouco convencional destacava o ar de magia da série, com destaque para cenários, roupas e ornamentações extravagantes. Mestre da anatomia, sua Sonja era linda, mas também dúbia. Seu olhar felino conferia à personagem uma característica que ia muito além da simples heroína.
E, entre os roteiristas que abrilhantaram a personagem, estava Bruce Jones, provavelmente um dos mais subestimados da era de bronze.
Bom exemplo do trabalho entrosado dessa dupla é “A chave maldita”, publicada no terceiro número da revista Marvel Feature, de 1975 e no Brasil em Superaventuras Marvel 17.
A história começa com a guerreira montada num cavalo, sendo perseguida e proferindo uma frase icônica: “Soldados malditos! Esses miseráveis estão atrás de mim há horas! Será que não se pode ganhar a vida por aqui roubando honestamente?”.
Essa primeira página, aliás, além do diálogo impagável de Jones, mostra o domínio de Thorne da parte visual: a imagem é emoldurada por uma corda que segura uma... chave!
Encurralada, Sonja é salva por uma bruxa, que cria uma ilusão para os soldados, dando a entender que a guerreira caiu num precipício.
O bruxa está interessada na chave roubada por Sonja (a razão pela qual ela está sendo perseguida) e lhe conta a história da chave: em tempos antigos, dois reis guerreavam. Um deles contrata um artesão que faz uma réplica do rei em tamanho gigantesco, mas seu castelo é invadido e, para se vingar, ele envia o gigante metálico feito à sua semelhança para destruir o local. O mecanismo era controlado por uma chave. Como logo fica óbvio, a bruxa está interessada na chave roubada por Sonja para fazer reviver o autômato.
Assim, mitologia e ação se misturam perfeitamente nessa trama muito bem escrita.

Thomas Kuhn e a teoria dos paradigmas

Thomas Kuhn percebeu uma falha na teoria de Popper: nenhum cientista procura falsear sua hipótese. Ninguém passa a vida toda pesquisando clonagem para depois chegar à conclusão de que clonar um ser vivo é impossível (falseamento).

         Ele percebeu que a ciência caminha através de revoluções científicas.

         Para melhor explicar sua teoria, ele utilizou o termo Paradigma. Paradigmas são grandes teorias que orientam a visão de mundo do cientista.

         Uma mudança de paradigma pode representar uma alteração total na maneira como as pessoas vêm o mundo. São as chamadas revoluções científicas.

Por que as coisas queimam?

Antes de Lavoisier: porque contém flogisto, um produto altamente inflamável.

Lavoisier: por que entram em contato com oxigênio.

Os paradigmas fornecem uma visão de mundo que orienta os pesquisadores.

De tempos em tempos surgem as anomalias, fenômenos que não se encaixam no paradigma.

Para explicá-los os cientistas mais jovens criam um novo paradigma, que leva bastante tempo para ser aceito, pois os cientistas antigos não mudam de idéia.

Exemplos de revoluções científicas: O heliocentrismo, a teoria da evolução, a lei da gravidade, a teoria da relatividade, A psicanálise...

A arte impressionante de Hieronymus Bosch



Hieronymus Bosch foi um pintor e gravurista holandês que se especializou em cenas grandiosas, detalhistas e extremamente simbólica. Sua obra, profundamente influenciada pela moral cristã, dedicava-se a mostrar o vício, o pecado, o inferno e todos os temores que afligiam o homem medieval. Seu trabalho teria sido uma das grandes influências dos pintores surrealistas.













sexta-feira, dezembro 27, 2019

Coleção Fantástica: um marco da ficção-científica brasileira

A Coleção Fantástica foi um projeto experimental realizado pelos fanzines Hiperespaço e Megalon, para viabilizar a edição de ficções longas nos gêneros da Ficção Científica, Fantasia e Horror, que não eram comportados pelos formatos editorias dos referidos fanzines, adotando o princípio de publicar apenas uma novela inédita de um único autor brasileiro em cada volume.
A Coleção Fantástica foi formada por seis edições bimestrais publicadas entre maio de 1999 e março de 2000, e foi muito bem aceita pelos fãs, esgotando todas as suas edições.
A coleção Fantástica foi um ponto importante de resistência da ficção de gênero brasileira numa época em que as editoras tinham banners nos quais se lia: Não aceitamos originais de ficção-científica, fantasia e terror. 
Foram publicados seis volumes: 


1- Quando os humanos foram embora

Gerson Lodi-Ribeiro
2- A âncora dos argonautas, Miguel Carqueija
3- As dez torres de sangue, de Carlos Orsi
4 e 5 - Invasores da sétima dimensão partes 1 e 2, Jorge Luiz Calife
6- Spaceballs, Gian Danton

Confira a s sinopses: 


A âncora dos argonautas
Miguel Carqueija
Coleção Fantástica Nº2, julho de 1999
"A âncora dos argonautas" conta a aventura que duas jovenzinhas superdotas têm ao enfrentar
o perigo de uma âncora milenar a serviço das forças malignas do temível Cthulhu.
Uma obra movimentada, com personagens femininas fortes e narrativa veloz.
O trabalho foi terceiro colocado na categoria Noveleta do
Concurso Nautilus, realizado pelo fanzine Intrepid em 1999.
Miguel Carqueija é carioca, colaborador costumaz de todos os fanzines e revistas de gênero no Brasil
e um dos escritores mais ativos do fandom. Teve trabalhos
publicados nas revistas Dragão Brasil e HorrorShow,
e no livro Dinossauria Tropicalia (GRD, 1994). Publicou individualmente
dois pequenos livros, A volta dos dinossauros (1992) e A caixa lunar (1993),
e participou da antologia Verde... verde... (1989), cooperada entre diversos autores.
Foi convidado de honra da HorrorCon 2, Convenção Multimídia de Horror,
realizada em 1995 pela SBAF, em São Paulo/SP.



As dez torres de sangue
Carlos Orsi Martinho
Coleção Fantástica Nº3, setembro de 1999
O terror é a especialidade de Carlos Orsi Martinho.
Porém 'As dez torres de sangue', publicada nesta edição,
vai além: também é uma fantasia ibérica com muita ação e aventura
no ambiente mítico dos desertos africanos e suas tribos nômades.
Martinho é jornalista, natural e residente da cidade de Jundiaí, estado de São Paulo.
É um dos melhores autores na nova geração da FCB. Sua estréia profissional aconteceu em 1992
na saudosa Isaac Asimov Magazine, com a elogiada noveleta "Aprendizado".
Em 1996 teve publicado seu primeiro livro, a antologia Medo, mistério e morte
pela Editora Didática Paulista, um dos melhores livros de horror já escritos por um brasileiro.
Confirme o talento deste jovem escritor na noveleta aqui
apresentada, cuja leitura certamente trará muito prazer.


Invasores da sétima dimensão
Jorge Luiz Calife
Coleção Fantástica Nº4, novembro de 1999
Alguma "coisa" aparece nas fronteiras do Sistema Solar entre a Nuvem de Oort e o planeta Plutão:
Alienígenas? Um corpo celeste errante de dimensões estelares ou planetárias?
Seja o que for, pode alterar radicalmente o modo de viver da humanidade, tanto na
decadente Terra, quanto nas florescentes colônias e estações espalhadas ao redor de planetas e luas.
O jornalista Jorge Luiz Calife é autor da já clássica trilogia 'Padrões de contato' formada pelos livros
Padrões de contato, Horizonte de eventos e Linha terminal,
obra vinculada à vertente hard da ficção científica brasileira.
É, portanto, altamente recomendável a leitura desta nova e instigante aventura espacial de Calife,
"Invasores da sétima dimensão", que começa nesta edição e terá seu desfecho
no próximo número da Coleção Fantástica.

Invasores da sétima dimensão - volume II
Jorge Luiz Calife
Coleção Fantástica Nº5, janeiro de 2000
Neste volume encontra-se a segunda parte da aventura espacial
"Invasores da sétima dimensão" de Jorge Luiz Calife, iniciada na edição anterior.
Às portas do século XXI, ainda que muita gente acredite que entramos no terceiro milênio
já neste ano 2000, Calife nos remete à Golden Age da FC, sem perder o realismo
científico da FC "hard" que sempre permeou seus trabalhos.
Esta empolgante noveleta, inserida na melhor tradição das space operas, cujas promessas de maravilhas
tecnológicas para a virada do século deslumbraram leitores em todo o mundo,
faz parte do mesmo universo de sua trilogia "Padrões de contato", considerada por muitos leitores
e críticos especializados como a mais importante série da ficção científica brasileira.

Spaceballs
Gian Danton
Coleção Fantástica Nº6, março de 2000
Nesta edição a ação vai para o espaço, literalmente. Um grupo de revolucinários hippies seqüestra
uma astronave e, sem usar qualquer organização hierárquica, consegue ludibriar todo o aparelho
repressor do estado totalitário que domina o mundo em sua realidade.
Uma história bem ao gosto dos leitores que apreciam a aventura, no estilo agradável e bem desenvolvido
de Gian Danton, excelente autor paraense mais conhecido por roteiros para
histórias em quadrinhos, mas que também tem um trabalho consistente na literatura fantástica.

Posteriormente foi publicada a Nova Coleção Fantástica,uma série de livros de bolso artesanais, editada pelo
selo Hiperespaço que apresentou noveletas e pequenas coletâneas de ficção fantástica de autores brasileiros.
Ela deu seqüência à Coleção Fantástica, publicada entre 2001 e 2009.0. Teve 6 edições numeradas mais 3 especiais. Tenho desejo de retomá-la.