Durante anos foi uma tradição no mercado norte-americano de
quadrinhos edições natalinas. Era curioso ver como os roteiristas faziam
malabarismos para colocar o tema em histórias de super-heróis. Algumas eram
verdadeiros rios de lágrimas, outras tratavam de temas sociais e outras eram só
engraçadas.
Uma das mais interessantes é a edição 143 dos X-men, assinada
pela dupla genial Chirs Claremont e John Byrne.
A história se passa logo depois da morte da Fênix então não
fazia muito sentido uma história melosa. Byrne e Claremont optaram por fazer
uma HQ de ação focada na novata Kitty Pride.
A história começa com uma retrospectiva contando o encontro dos
X-men com os nagarai, criaturas de outra dimensão muito parecidas com as do
filme Alien. Tempestade conseguiu destruir o portal e o professor Xavier acredita
que a ameaça está extinta, mas descobrimos que isso não é verdade: na sequência
seguinte vemos um dos monstros matando um casal.
Só aí a história foca nos X-men, em Kitty Pride entendiada
aprendendo a ligar a nave e a controlar a sala do perigo.
Todos acabam saindo e Kitty fica sozinha na mansão. É quando
acaba sendo atacada pelo nagarai.
Para quem não conhece, Kitty é capaz de mudar sua estrutura
molecular para atravessar objetos. É um poder ótimo para fuga, mas a criatura é
poderosa a ponto de atravessar paredes. Por outro lado, o poder de Kitty parece
ser apenas defensivo e logo fica claro que ela só conseguirá se livrar da
caçada se matar o monstro. Isso cria um triller em que a tensão aumenta a cada
página. Byrne sabia manejar muito bem a ação – e na Marvel os desenhistas
tinham total liberdade para criar sua própria narrativa visual. Por outro lado,
Claremont era bom no aprofundamento dos personagens (o que, em alguns caso se
transformava em um defeito, mas nessa história em específico é muito bem usado).
Em outras palavras: é uma HQ em que tudo funciona. Uma bela despedida para
marcar a saída de Byrne do título.
Detalhe: quando essa história
foi publicada aqui no Brasil, em Superaventuras Marvel 42, os editores
simplesmente apagaram a árvore de natal da capa, tirando a referência natalina da
história.
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