terça-feira, janeiro 14, 2020

Al Williamson, o herdeiro de Alex Raymond

Entre os desenhistas surgidos na década de 1950, um deles se revelou um verdadeiro mestre, à altura de gente como Hall Foster e Alex Raymond. Seu nome era Al Williamson.
Williamson nasceu em New York, no ano de 1931, mas logo sua família se mudou para a Colômbia, onde ele permaneceu até 1943. Durante a infância, Al lia, basicamente, revistas em quadrinhos mexicanas com material mexicano e argentino. O quadrinho argentino iria influenciá-lo por muito tempo. Mas a sua grande inspiração foi o desenhista americano Alex Raymond. Williamson, ainda criança, assistiu uma fita do seriado de Flash Gordon e ficou encantado. A partir de então tornou-se absolutamente fã das histórias de Raymond. Quando voltou para os EUA, o garoto já se decidira que iria ser quadrinista. Assim, inscreveu-se na escola de Arte Visual, de Burne Hogart, desenhista de Tarzan. Al era um bom aluno, mas o atrito entre os dois era inevitável: Hogart insistia que os alunos seguissem o seu estilo, e Al preferia seguir o estilo de Alex Raymond. Apesar das desavenças, Hogart chegou a dar três páginas dominicais para que o jovem desenhista as trabalhasse a lápis.
Depois disso, Al Williamson foi desenhando várias histórias até se tornar um dos desenhistas mais importantes dos anos 50 e 60 nos EUA. Entre 1952 e 55 ele trabalhou na EC Comics, que foi a meca dos quadrinhos de qualidade nos EUA  antes de ser perseguida pelo marchatismo. Depois disso, fez trabalhos a Warren (cujas histórias saiam no Brasil na extinta Kripta). Mas em 1966 o garoto que adorava os seriados de Flash Gordon teve a oportunidade de desenhar o seu herói. Al Williamson desenhou três números da revista Flah Gordon (algumas dessas histórias saíram no Brasil em revistas da RGE). Foi o bastante para demonstrar que ele era o seguidor mais talentoso de Alex Raymond. Tanto que a King Features Syndicates o chamou para desenhar as tiras de Agente Secreto X9, outro personagem criado por Raymond. Os roteiros ficaram a cargo de Archie Goodwin. Goodwin tem uma característica interessantes. É um desses roteiristas que não conseguem trabalhar com super-heróis (suas histórias no gênero são sofríveis), mas que se movimenta muito bem no gênero policial. As histórias criadas por Goodwin para X-9 estão entre os melhores quadrinhos policiais de todos os tempos e são, inclusive melhores que algumas das histórias de Dashiell Hammett, que escrevia o personagem na época em que Alex Raymond desenhava.
            Goodwin e Williamson  reformularam completamente o personagem, dando à tira um toque de espionagem. O nome da tira, inclusive, foi mudado para Agente Secreto Corrigan. A dupla esteve a cargo do personagem de 1967 até 1980. Depois disso Al Williamson fez poucos trabalhos pessoais e chegou até mesmo a fazer arte-final para John Romita Jr quando este desenhava o Demolidor. O que é lamentável, pois, embora Romita não seja um desenhista ruim, seu traço é bastante simples e não chega nem de longe à sofisticação de Williamson.
            Al Williamson começou a desenhar X-9 numa época em que o feminismo estava em alta e, da revolução sexual parecia estar surgindo uma nova mulher. Seus desenhos refletem isso. As moçoilas que contracenavam com o agente secreto Corrigan não eram simples coadjuvantes, prontas a pedir socorro ao menor sinal de perigo. Ao contrário, eram mulheres liberadas e valentes. Williamson as fazia vestidas com calças justas e botas, mas ainda assim elas continuavam extremamente femininas.
            Outro trabalho importante do desenhista, até hoje lembrado pelos fãs, foi a quadrinização dos primeiros filmes da série Guerra nas Estrelas.

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