O SISU
foi criado na época do governo do PT com uma proposta bem definida: a ideia era
usar a nota do Enem para que estudantes pudessem escolher a universidade que
iriam cursar. Assim, ao invés de precisar viajar para fazer vestibular em vários
locais, o estudante poderia fazer a prova em sua cidade e depois escolher uma
das diversas opções. Era uma opção caríssima, com uma grande estrutura, mas que
se justificaficava pelo argumento acima, de dar opções e facilitar a vida dos
estudantes.
Entretanto,
a proposta original do SISU vem sendo deturpada por diversas leis locais, que
garantem bônus de 20% para quem fez integralmente o ensino médio em determinado
estado.
Exemplo
disso foi a Unifap, que acrescentou 20% sobre a nota de quem fez o ensino médio
totalmente no Amapá.
A medida,
um jeitinho, foi criada para solucionar um problema ocasionada por outro
jeitinho: em 2017 a Unifap deu bônus para alunos maranhenses. O resultado é que
cursos mais procurados, como Medicina, foram integralmente ocupados por alunos
maranhenses, deixando de fora todos os amapaenses.
Mas a
Unifap não foi a única. Várias outras universidades estão dando esse bônus de
20%.
O
resultado disso que o SISU se tornou um elefante branco: uma estrutura caríssima
que acaba não cumprindo função nenhuma, já que a situação volta a ser como era
na época do vestibular. Aliás, até pior. Em cursos mais concorridos, como
Medicina, um ponto pode ser a diferença entre quem passa e quem não passa. Imagine
20%. O bônus torna praticamente impossível que pessoas de fora sejam aprovadas.
Mas essa
situação cria um problema outro problema: gera uma multidão que nunca será
aprovada no vestibular por mais que estudem ou se dediquem: a de estudantes que
por necessidade, como mudança dos pais para outro estado, fizeram parte do
ensino médio em um local e parte em outro.
Além disso, mais um problema: estudantes de estados que não têm determinado curso ficam impossibilitados de cursar a faculdade em outro estado.
E, em
breve, veremos um outro jeitinho, para contornar o jeitinho: pais que enviam
seus filhos para estudar o ensino médio em estados onde a nota média é menor.
O Brasil
de fato é o país em que se cria um jeitinho para resolver um problema provocado
por um jeitinho.
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