Liga Extraordinária é um dos projetos mais curiosos de Alan Moore, por uma série de motivos. Para começar, como surgiu. O desenhista inglês Kevin O`Neil ouviu o boato de que Alan Moore iria fazer um projeto com ele. Não era verdade, mas quando foi conferir a história com o próprio Moore, os dois tiveram a ideia de realmente fazer uma série. Além disso, a proposta é interessante: reunir heróis da literatura popular do século XIX em uma liga para combater grandes perigos.
A primeira geração tinha o Capitão Nemo (do livro 20 mil léguas submarinas, de Júlio Verne), Nina (de Drácula, de Bran Stock) o aventureiro Allan Quatermain (De As minas do rei Salomão, de Henry Rider Haggard), Dr. Jekyll (de O médico e o monstro, de Robert Louis Stevenson), e Hawley Griffin (de O Homem Invisível, de H.G. Wells).
A história fez grande sucesso e ajudou a popularizar o subgênero steampunk nos quadrinhos. Também deu origem a um filme, absolutamente esquecível.
Liga Extraordinára Século integral, publicado pela editora Devir em 2015 reúne uma história posterior da Liga, ambientada entre os anos 1910 e 2009. É centrado em Nina, Alan e um agregado: o imortal Orlando, que de tempos em tempos se transforma em mulher. Os três investigam um mago que pretende gerar o anti-cristo e as investigações passam da era vitoriana para a era hippie, chegando n a era atual (embora em uma realidade paralela).
Essa saga foi escrita quando Alan Moore já estava em guerra declarada contra a DC, que comprara a editora Widstorm, e, portanto, o universo ABC, criado por ele. Em decorrência disso, Moore resolve literalmente chutar o balde, sendo mais provocativo que nunca. O anti-cristo, por exemplo, é um Harry Potter enlouquecido. À certa altura ele atinge os heróis com um raio saído diretamente de seu... pênis!
Um dos problemas da série é que o clima steampunk, que caracterizava a primeira história aqui se perde completamente, perdendo muito de seu charme. Outro problema: há um intervalo de tempo muito grande na trama, e, no meio dele, um outro álbum, Dossiê Negro. Quem não leu o Dossiê Negro, como eu, fica perdido em muita coisa.
De resto, é uma boa trama, com sequências memoráveis. Destaque para a sequência de alucinação de Nina ou aquela em que o mago troca de corpo pela primeira vez.