A ideia para o livro Cabanagem surgiu de uma
conversa com o amigo José Ricardo Smith.
Ele me apresentou algumas moedas feitas pelos
cabanos (na verdade, moedas da regência “carimbadas” com novos dizeres) e
comentou sobre o quanto essa revolta tinha se alastrado pela Amazônia. E no
final perguntou: “Por que você não faz um livro sobre a cabanagem no Amapá?”.
Eu nunca tinha ouvido falar que a cabanagem
tivesse chegado ao Amapá, mas ao pesquisar, acabei descobrindo que ela se
alastrou pela Amazônia praticamente inteira. E os cabanos usavam para isso canoas,
na maioria das vezes amarradas umas às outras, que impulsionadas por braços
fortes de índios, negros e mestiços, atravessavam rápidas os igarapés da
região.
Eu comprei livros, baixei teses, artigos, li
muito sobre o assunto, mas a ideia de fazer um livro histórico não me agradava.
Eu queria fazer uma obra de fantasia histórica,
um gênero em que o fantástico se mescla aos acontecimentos reais.
Jorge Luís Borges dizia que o estilo do
escritor consiste, basicamente, na repetição de temas. Os temas preferidos de
Borges eram espelhos, tigres, espadas e mensagens cifradas. A maioria de seus
textos tem pelo menos um desses elementos, muitos têm todos.
O que Borges talvez tenha percebido é que, por
alguma razão, as histórias só funcionam para escritores se tiverem aqueles
elementos que fazem parte do seu estilo.
Assim, a trama de Cabanagem só se estabeleceu
quando consegui descobrir uma maneira de colocar nela um psicopata. Meus dois
outros livros, Galeão e O uivo da górgona, têm psicopatas assassinos.
A partir desse plot básico (um grupo de cabanos
fugindo e sendo perseguidos por soldados chefiados por um psicopata assassino)
a história se firmou. Também se tornou mais fácil incluir um outro elemento que
me é muito caro: os mitos amazônicos. E se essas lendas tomassem partido de um
lado ou do outro do conflito?
Assim surgiu o meu livro Cabanagem
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