Em 1993 a editora Globo publicou o álbum
Fumetti – o melhor do quadrinho italiano. O álbum de 114 páginas reunia
histórias curtas dos principais personagens da Bonelli: Tex, Mister No, Martin
Mistery, Dylan Dog, Nathan Never e Nick Raider. Como dizia o título, era o
melhor da editora italiana e uma boa introdução a esses personagens.
As revistas Bonelli são calhamaços de
aproximadamente 100 páginas e estamos acostumados a ver seus personagens assim,
em histórias longas. Assim, deve ter sido um desafio interessante para os
roteiristas produzir em poucas páginas HQs que sintetizassem a essência desses
heróis. Na maioria das vezes os roteiristas se saem muito bem.
A história que abre o volume é a de Tex, com
roteiro de Guido Molitta (pseudônimo de Sérgio Bonelli) e desenhos de Giovanni
Ticci. Na HQ, um bandoleiro está refugiado num bar no meio do deserto esperando
por seu irmão e cavalos roubados. De repente chega Tex e o bandido, achando que
ele está à sua procura, decide que o único jeito de escapar é matá-lo. É a
melhor história de um volume com boas histórias. Bonelli e Ticci conseguem
caracterizar muito bem os personagens e o final guarda uma bela ironia.
Sérgio Bonelli escreve a segunda melhor
história do volume, “Amazônia mon amour”, protagonizada por Mister No. Bonelli,
que criou Mister No a partir de suas viagens à Amazônia, brinca com o fascínio
que a região exerce sobre turistas numa HQ em que o herói ciceroneia um
americano pelo meio da selva. O gringo logo percebe que nem tudo é beleza, a
começar pelos carapanãs (erroneamente traduzidos como pernilongos). Mais uma
história que termina com uma bela ironia do destino.
“O mistério de Leonardo”, aventura de Martin
Mystère mostra a busca por um tesouro escondido por Leonardo Da Vinci, escrita
por Alfredo Catelli e desenhada por Giancarlo Alessandrini. A HQ tem uma virada
no final que parece forçada, talvez pelo fato do roteirista precisar de mais
páginas para estruturar os personagens. Ainda assim, o final, no qual se descobre
o que é o segredo de Leonardo, é inspirado e nada previsível.
Segue-se uma história de Dylan Dog, em que se
ele se vê às voltas com um fantasma, uma HQ em que Nick Raider investiga um
assassinato e uma de Natha Never na qual ele tenta impedir um grupo de
empreender uma fuga na prisão lunar.
Dessas, curiosamente, a melhor é a de Nick
Raider, com uma história que envolve chantagem e síndrome de Estocolmo.
Destaque para o traço de Bruno Ramella, que consegue equilibrar a história
entre o erotismo e a sensibilidade.
Algo a se destacar no álbum é que os traços das
seis histórias são muito diferentes, demonstrando a variedade de estilos da
Bonelli.
Fumetti – o melhor do quadrinho italiano é uma
daquelas pérolas obrigatórias na coleção de qualquer colecionador.
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