A adesão do Pará à independência foi marcada
por uma tragédia.
O Grão Pará foi a última província à aderir à
independência do Brasil. A província era comandada por portugueses e estava
mais próxima de Lisboa do que do Rio de Janeiro e, portanto, a classe dominante
não tinha o menor interesse na independência.
Em 1823, para resolver a situação, Dom Pedro I chamou
um militar inglês, John Pascoe Grenfell, que rumou para a capital da província
com um navio de guerra. Mas, ao encontrar a elite portuguesa que governava a
província, blefou dizendo que tinha toda uma esquadra. Os portugueses
concordaram em aderir à independência, com uma condição: continuar mandando no
Pará.
Os soldados paraenses e a população local
ficaram revoltados. Afinal, esperava-se que a independência mudasse a
configuração de poder. O acerto feito não mudava nada: quem mandava continuava
mandando.
Estourou uma revolta. Casas comerciais de
portugueses foram depredadas.
Grenfell foi implacável: fez com que suas
tropas percorressem as ruas de Belém, prendendo qualquer um que parecesse
suspeito. Mais de 250 pessoas foram detidas.
O inglês mandou fuzilar cinco dos detidos e
prendeu o cônego Batista Campos à boca de um canhão, ameaçando atirar. Grenfell
acreditava que o religioso tinha sido responsável pela revolta. Só depois de inúmeros
apelos inclusive das principais famílias, Batista Campos foi libertado.
Mas o que fazer com os outros 252 presos?
Grenfell decidiu transferi-los para o porão de
um navio, chamado Brigue Palhaço. Lá, apertados, em calor extremo, com pouco ar
e sem água, os prisioneiros começaram a agonizar. Um dos soldados, apiedando-se
deles, pegou um balde de água do rio e jogou lá dentro, o que só piorou a
situação, pois a correria para beber um pouco do líquido provocou várias
mortes. Grenfell mandou atirar no porão para calar seus gritos, mas isso só fez
aumentar o lamento dos sobreviventes. A
situação afetava os nervos dos soldados e o inglês temia que sua tripulação se
rebelasse.
Enfim, alguém achou uma solução: trouxeram cal
virgem de uma obra, jogaram no porão e fecharam a entrada. 252 pessoas morreram
sufocadas.
A tragédia marcou a história do Pará e seria um
dos principais estopins da revolta cabana, que aconteceria treze anos depois.
O massacre do brigue palhaço aparece no meu
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