Yuki é, imerecidamente, uma obra menos
conhecida de Kazuo Koike, o roteirista de Lobo Solitário.
O mangá surgiu em 1972, um ano depois do Lobo
Solitário e conta a história de uma moça em uma jornada em busca de vingança.
Seu pai e seu irmão foram mortos, sua mãe foi presa e, na prisão, seduz todos
os homens que encontra com o objetivo de ter um filho e, assim, realizar a
vingança contra as pessoas que desgraçaram sua família. A menina é criada desde
cedo nas mais diversas artes, inclusive artes marciais e se torna uma assassina
de aluguel com o objetivo de arrecadar dinheiro para seu plano de vingança.
Kazuo Kamimura nem de
longe é um desenhista tão competente quanto Goseki Kojima, mas o roteiro é tão
bom quanto o de Lobo Solitário, especialmente graças aos planos geniais da
protagonista para cumprir sua missões. Koike parecia ter uma criatividade
infinita para criar situações interessantes para seus personagens e misturá-las
com detalhes que vão desde uma planta de edifício até uma o valor de uma
prostituta no período. A série é também um passeio pela história do Japão na
era Meiji
Já na primeira
história, Yuki se deixa ser presa para matar um chefe da yakusa. Mas ela não
usa apenas sua habilidade física para matar suas vítimas. Na maioria das vezes
ela se vale da estratégia e é isso que faz desse trabalho algo tão genial. O
desafio do leitor é imaginar que golpe brilhante Koike pensou para a sua
protagonista.
Um exemplo (se não
gostar de spoiller, pare aqui): ao ser contratada para acabar com o aluguel de
rixixás, carruagens para duas pessoas puxadas por homens que eram usadas pelos
casais para transar, Yuki se deixa prender por um vigarista que recruta
prostituta. Uma vez no local, ela se oferece para pintar as carruagens. A
novidade se torna um sucesso, mas também leva o dono do local à ruína: ela
pinta a imagem do imperador embaixo de um banco e denuncia à polícia. Como o
imperador é considerado um deus, pintá-lo debaixo do banco de um quixixá faz
com que o dono do local seja condenado à forca.
Há um recurso
narrativo muito usado em Lobo Solitário, mas que aqui aspectos fantásticos: a
história começa no meio da ação, ou de alguma missão, e só depois, através de
flash backs é explicado o que está acontecendo. A diferença aqui é que na
maioria das vezes as ações de Yuki parecem totalmente sem sentido, ou até mesmo
suicidas, até que seja apresentado o flash back.
Além disso, a série é
de uma poesia única.
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