A Turma da Mônica marcou a infância de milhões de brasileiros. Gerações se alfabetizaram lendo os gibis da turminha. Fazer um filme que agradasse a todas essas gerações, do avô ao neto, era o grande desafio do filme Turma da Mônica – laços.
Esse desafio já havia sido vencido com mérito na graphic novel Laços dos irmãos Cavaggi. A graphic foi uma das mais vendidas da coleção graphic MSP e recebeu elogios da crítica e do público – tanto o infantil quanto o adulto.
Mas levar a história para o cinema gerava muito mais desafios. Além de agradar adultos e crianças, a equipe precisava adaptar não só o roteiro, mas também o visual e a essência de uma história em quadrinhos querida por milhões.
E o resultado foi realmente digno de aplausos. Os atores mirins são realmente talentosos – com destaque para Giulia Benite, como Mônica, e Kevin Vechiatto, como Cebolinha – a dinâmica entre esses dois personagens é realmente um dos pontos altos do filme. O figurino e a caracterização visual dos personagens impressiona.
O diretor Daniel Rezendo (do ótimo Bingo), consegue transformar cenas essencialmente gráficas, como Mônica correndo atrás do Cebolinha e do Cascão e se preparando para atirar o coelho Sansão, em algo plenamente áudio-visual. O diretor, aliás, se aproveita de uma característica dos quadrinhos, a elipse: a Mônica nunca é mostrada batendo nos meninos. Isso é apenas sugerido. Na sessão em que assisti uma criança menor de cinco anos gritou para a mãe: “A Mônica bateu no Cebolinha!”. Ou seja, da mesma forma que nos quadrinhos qualquer criança consegue completar a ação entre os quadros, no filme até mesmo crianças conseguem entender o que não é mostrado, mas sugerido, o que mostra o quanto o filme foi feliz em sua abordagem.
Vale destacar também a cenografia. O filme leva para as telas como seria o bairro do Limoeiro se ele realmente existisse, bucólico, colorido, inocente, quase como se fosse um local visto pelo olhar de uma criança – ou de um adulto lembrando de sua infância.
Em tempo: o filme tem participações especiais. Na sequência em que as crianças espalham cartazes pelo bairro, em determinado ponto eles conversam com um florista e seus clientes. O florista é Sidney Gusman, editor da Maurício de Sousa Produções, e os clientes são os irmãos Cavaggi, autores da graphic original. A sequência termina com os personagens pedindo para afixar o cartaz em uma banca de revistas... e o dono da banca é Maurício de Sousa.
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