sexta-feira, julho 03, 2020

Vikings – a série



Durante a maior parte da baixa Idade Média, os nórdicos invadiram e aterrorizaram grande parte da Europa. Em suas viagens chegaram até mesmo à América. É a história desse povo que é contanda na série Vikings, criada pelo produtor e roteirista Michael Hirst para o canal History.
A trama é centrada em Ragnar Lothbrok, um agricultor que sonha encontrar novas terras e, com a ajuda de seu amigo Floki, o construtor de barcos, chega à Inglaterra, onde saqueiam um mosteiro e aprisonam um monge.
Esse fato pequeno irá mudar toda a história do povo nórdico e do próprio Ragnar, que, em decorrência disso acabará se tornando lorde e até mesmo rei. Em geral com a ajuda de sua esposa Lagertha, a escudeira, irá ter tantas conquistas que se tornará um herói mítico. Posteriormente a trama se foca nos filhos de Ragnar.
Ragnar de fato existiu, ou pelo menos assim contam as lendas, assim como sua esposa escudeira Lagertha, Bjorn e a maior parte dos personagens da série. Michael Hirst consegue unir com perfeição realidade e ficção, modificando fatos quando necessário ou completando quando as crônicas não são claras o bastante. Essas mudanças são necessárias para o andamento da trama e o desenvolvimento do roteiro e dos personagens.
Há pequenos erros históricos e muita liberdade poética (em especialmente a partir da quinta temporada), como uma igreja com características góticas em plena baixa idade média. Mas no geral, Vikings é uma aula de história. Uma aula sobre os vikings, sua cultura, modos e costumes, sua religião – nesse sentido é interessante como Hirst sempre introduz algo da mitologia nórdica nas tramas. É alguém que conta alguma lenda, é alguém que faz uma alusão aos deuses, é alguém que faz uma comparação entre o que está acontecendo com o que já aconteceu com um deus.  
Mas é também uma história do mundo na época, com uma trama que percorre locais tão diferentes quanto a França, a Inglaterra e a Rússia e até mesmo a Sicília. E o roteirista  Michael Hirst é extremamente hábil ao trabalhar com intrigas palacianas. De fato na Idade Média, os palácios eram um local em que não se podia confiar em ninguém e quanto mais poder, maior a chance de alguém ser morto ou matar para se manter no cargo.
Traições, envenenamentos, emboscadas, tudo isso é muito bem explorado na série.
As cenas de guerra também impressionam tanto pelo realismo visual quanto pelas estratégias adotadas. O cerco de Paris, por exemplo, é um ótimo exemplo de como defender uma cidade fortificada (e não aquela palhaçada de GOT).
O elenco é igualmente brilhante, encabeçado por Travis Fimmel no papel de Ragnar. Pequenos trejeitos, olhares, um jeito de piscar, tudo contribuiu para construir o personagem com perfeição. Outro grande destaque é Gustaf Skarsgård no papel de Floki. Sua atuação remete diretamente ao deus Loki – e fico imaginando como ele poderia dado um outro ar, mais matreiro e risonho para o personagem da Marvel. Esses são apenas dois de um elenco que merece elogios por completo.
Unida a essas ótimas atuações, um roteiro que caracteriza muito bem cada um dos personagens, em especial Ragnar, visto aqui como uma mistura de aventureiro, estrategista e filósofo – características que serão herdadas individualmente pelos filhos. 
A série tem seis temporadas e, claro, tem altos e baixos, mas no geral os altos são muito mais frequentes e a última temporada está indo num crescendo em termos dramáticos.
Vikings é tudo aquilo que GOT prometia ser.

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