sábado, outubro 17, 2020

American Flagg


American Flagg é uma mistura de distopia com sátira política criada por Howard Chaykin para a editora First em 1984.

A história se passa no então distante ano de 2031. Os EUA são dominados pela Plex, um conglomerado de empresas que se deslocou para Marte após uma grande crise que desestabilizou os Estados Unidos. Além disso, um terremoto destruiu toda a Califórnia, abrindo caminho para o surgimento de novas potências, como a Organização Brasileira das Américas.

No que sobrou dos EUA, a maioria das pessoas vive dentro de shoppings. Batalhas campais são transmitidas pela TV e se tornam verdadeiros reality shows. Grupos radicais racistas invadem casamentos interaciais e gangues de motoqueiro botam o terror no shopping depois de seu programa favorito, Bob Violence.

O personagem principal é Reuben Flagg, um ator que foi substituído por uma holografia e se torna ranger na decadente cidade de Chicago onde terá de lidar com a extrema corrupção da cidade (logo na primeira história, o líder de uma gang pede dinheiro para Flagg em troca não atirar nele durante os ataques pós- Bob Violence). Como todo personagem de Chaykin, é também um garanhão, que se envolve com três mulheres apenas nas três primeiras edições.

Essa série foi absolutamente revolucionária na época tanto pelas novidades narrativas quanto pela abordagem radical. A história é entremeada de propagandas de sexo cibernético, emissões de TV e tudo mais que o autor conseguisse imaginar. Isso se refletia na diagramação totalmente não convencional. Além disso, embora não fosse sexualmente explícita, havia várias cenas que transbordavam sensualidade – certamente uma novidade para um personagem dos comics americanos.

No Brasil o personagem causou grande impacto ao ser lançado pela Cedibra no ano de 1987. Foram lançados quatro números (o quarto era bem difícil de achar) junto com outros personagens da First, como Badger e John Sable. Para quem, como eu, que estava aconstumado com as histórias da Marvel e da DC, era algo realmente impactante tanto pela construção do cenário (Alan Moore, no seu texto sobre roteiro cita a série como um dos melhores exemplos de como mostrar a ambientação de maneira natural) quanto pelas inovações narrativas e, claro, a abordagem erótica.

A Abril republicou as três primeiras histórias no número 3 da coleção Graphic Album, mas sem o mesmo impacto. Primeiro porque já era outro momento, em que já haviam sido publicados outros trabalhos tão ou mais inovadores. Segundo porque a Abril mudou o formato da publicação. Além disso, alguns exemplares vieram com falha de impressão em algumas páginas (eu fui um dos sorteados).  

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