Groo é um dos melhores quadrinhos de humor de todos os tempos. Criado por Sérgio Aragonés (com textos de Mark Evanier), o título é garantia absoluta de boas gargalhadas. Os dois volumes de Groo – amigos e inimigos, lançados pela Mythos em 2017, são ótimos exemplos disso.
Os álbuns apresentam encontros do aparvalhado
bárbaro com alguns dos seus principais inimigos (que são muitos) e amigos (que
são poucos).
A primeira historia do segundo volume mostra a
irmã de Groo, a rainha Grooella, às voltas com um rei vizinho em uma guerra de
cartas. A troca de ofensas extrapola o razoável quando o rei diz que Grooella é
parente do Groo, uma ofensa tão grande que faz com que ela convoque
imediatamente seu exército e o mande ao combate. Só que é um estratagema: a
ideia é aproveitar que o castelo está desprotegido e tomá-lo. No caminho as
forças de Groella encontram Groo, que se se põe a atacar os soldados até se
informado que aquele é o exército de sua irmã, o que faz com que e ingresse em
suas fileiras, para desespero de todos. Um dos soldados resume a situação: “Nem
sei o que é pior”. Claro que no final, Grooela se dá muito mal, o que não
poderia ser diferente para quem tem Groo como aliado.
Em outra história, Groo encontra o Sábio, que
pretende resolver o problema de aldeões, que pagam um caro pedágio para
atravessar uma ponte. Eles poderiam construir uma outra ponte, mas o rei com
certeza a destruiria antes que estivesse pronta. Tudo parece se resolver quando
chega Groo. Nenhum soldado seria louco de atacar a ponte guardada por ele. Mas
o que parece a solução vira um desastre absoluto.
Mas talvez a melhor história seja a última,
como Tecelão, uma espécie de jornalista, que conta as proezas de Groo.
Precisando de mais relatos, ele passa a seguir o errante, pronto para narrar os
desastres provocados por ele. Mas acontece o oposto: nunca há nenhum desastre
produzido por Groo pela simples razão de que, sempre que ele se aproxima de uma
aldeia, os próprios aldeões colocam fogo nela para evitar que Groo destrua o
local: “Se nós mesmos incendiarmos tudo, ele será obrigado a fugir... e talvez
não tenha tempo de ceifar nenhuma vida”, explica um aldeão. A história guarda
ainda uma fina ironia: sempre que o Tecelão resolve mentir em suas crônicas,
ele acaba contando, involuntariamente, exatamente o que aconteceu.
Groo – amigos e inimigos é um ótimo exemplo de
que Groo não é só engraçado. É também humor altamente inteligente.
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