Em 1967,
a editora Gold Key adquiriu os direitos para adaptar para os quadrinhos o
seriado Jornada nas Estrelas. A editora era especializada em adaptações, já
tendo publicado gibis da Família Adams, Perdidos no
Espaço, Zé Colmeia, entre outros.
Essa expertise, no entanto, não adiantou muita
coisa no caso de Jornada. Os responsáveis pela produção da revista, o
roteirista norte-americano Dick Wood e os desenhitas italianos Alberto Giolitti
e Nevio Zaccara simplemente não viram nenhum episódio do seriado para produzir
os primeiros números. Apenas receberam alguns cartões com as fotos e nomes dos
personagens e começaram a produzir a partir disso.
Assim, embora as HQs fossem até inventivas e até
bem escritas e desenhadas, eram bizarras por não terem relação nenhuma com a série
na qual era baseada.
Spock, por exemplo, era emotivo e dado a frases
como: “Coitado!”; “Vocês me salvaram, mereciam uma condecoração”; “Estaremos
esperando ansiosamente, Capitão”.
Além disso, o grupo de descida (chamado de grupo
de exploração) usa um macacão e mochilas, além de armas que lembram pistolas do
velho oeste e lançam raios laser. Além disso, o tricorder era mostrado como um
mecanismo de comunicação. Embora o desenho fosse bom, como não havia muita
familiaridade com os atores, em alguns momentos fica difícil identificar quem é
o personagem retratado. O único que é facilmente reconhecido é Spock, claro.
Difícil errar na orelhas pontudas e no rosto singular de Leonard Nimoy. Para
piorar, a maioria das histórias girava em torno de algum monstro do semana e
tinha muito pouco a ver com a filosofia de Jornada.
Exemplo disso é a história da primeira edição, o
Planeta da morte.
Nessa HQ, a entreprise chega a um planeta
totalmente dominado por esplendorosa vegetação. Ao descerem, são atacados por
uma planta canibal. A ideia é interessante: uma raça vegetal que tem aldeias, bichos
de estimação (bolas de musgo) e captura animais para se alimentar.
Como não tinham assistido ao seriado, os
quadrinistas não tinham a menor ideia do que era a primeira diretriz. Então a
solução é simplesmente usar a enterprise para fritar o planeta com seus raios
laser, eliminando toda a civilização vegetal. “Destruição! Um trabalho que
precisava ser feito antes de continuarmos nosso trabalho de pesquisa”, dizia o
texto final.
Posteriormente, a qualidade dos roteiros melhoraria
muito com a introdução de nomes de peso, como Len Wein, mas esses primeiros
números ficaram famosos exatamente pela falta de familiaridade com o material
original.
No Brasil essa revista chegou em 1972 pela Ebal e
seguia o modelo original, com fotos do seriado na capa. Essas edições podem ser
baixadas aqui: http://guiaebal.com/hiper1.html
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