Belém, como toda a Amazônia, é rica em tudo. Em bio-diversidade, em minérios, e até em expressões e lendas. O caso das expressões é particular porque eu acabei participando, direta ou indiretamente, da criação de algumas que se tornaram célebres. O que apresento a seguir é uma amostra de palavras e expressões relacionadas por mim e por Alan Noronha (algumas definições são dele). Tal dicionário pode ser útil, caso você tenha a temerária idéia de visitar Belém. Saber que égua não é xingamento pode ser tão útil quanto saber que, em Curitiba, salsicha é vina...
Égua - essa é, depois de deveras, a única palavra brasileira que pode ser usada em qualquer situação. Você pode usar égua para expressar dor, tristeza, alegria, admiração, espanto e até mesmo enfado. Se, por exemplo, passar pela sua frente uma morena jeitosa, você pode exclamar deliciado: “Égua!”. E não se preocupe que ela não vai achar que você está chamando-a de eqüina. Se, por outro lado, descer um disco voador no seu quintal, não pense duas vezes. Grite: “Égua!”.
Pai d´égua - é uma derivação do égua. Significa legal, bacana. Se um paraense gostar de você, vai dizer que é um cara pai d´égua. Sinta-se orgulhoso, pois você acaba de receber um grande elogio
Já - é o primo pobre do égua. Também pode ser usado em qualquer situação, mas não tem autonomia para constituir uma frase. Geralmente é usado para dar ênfase à frase: “Mas quando, já?”; “Mas maninho, tu já bebe...”.
Mofino - entristecido, quieto. Geralmente boladas no saco, foras da namorada e ônibus que não param (muito comuns em Belém) deixam o indivíduo mofino.
Noiado - redução de paranóico que, com o tempo, ganhou outras significações. Usa-se para designar um indivíduo neurótico, problemático. Você, por exemplo, pode estar mofino porque é um indivíduo noiado. Mas a experiência tem demonstrado que, assim como chifre, nóia é coisa que botam na sua cabeça.
Rolar o mal - jogar sinuca. Diz a lenda que um metaleiro que jogava sinuca soltava a cada dois segundos: “Pô, cara, muito mal”. Assim que ele saiu, os outros começaram a usar a expressão, por sarro, até que a expressão acabou se aplicando ao próprio jogo. Esse é um termo que surgiu num grupo de amigos meus e acabou se alastrando assustadoramente pela cidade. Estar em mal significa estar em situação de sinuca. Em Belém você pode convidar um amigo para rolar o mal, ao que ele vai responder, indignado: “Eu não. Você só gosta de deixar a gente em mal”.
Ah se eu te pego, te requebro, na cabeça do meu prego - cantada sutil e malevolente. Deve ser empregada no tom de voz adequado.
Pariceiro - colega, amigo. Pejorativo muito usado pelas mães em referência aos amigos do filho.
Pano de bunda - trouxa, mala. Normalmente usado pelas mães que querem expulsar os filhos de casa. Exemplo: “Você só vive com esses seus pariceiros! Pega os seus panos de bunda e vai morar com eles!”.
Teba - grande. Geralmente usado para aquilo. Comum a expressão “Olha a teba!”, com gesto indicativo do tamanho da coisa em questão.
Miúdo - pequeno, de pouco valor.
Graúdo - grande. Certa vez fui assaltado e o e ladrão, depois de examinar minha carteira, perguntou enfurecido: “Cadê o dinheiro graúdo?”. Eu só tinha dinheiro miúdo...
Rolar o chocolate - fazer amor. Essa expressão surgiu depois que passou no cinema o filme Como Água para Chocolate e chegou a ter uma certa popularidade. Atualmente foi substituído por comparecer. Há também quem use conhecer, no sentido bíblico.
Tocar piano - é o que você faz quando está com uma garota, mas não pode rolar o chocolate. Foi inspirada no filme O Piano. Talvez por causa da origem nobre, não chegou a ter ampla repercussão, embora fosse a expressão predileta de alguns alunos meus. Provavelmente porque eles ainda não haviam chegado na idade de rolar o chocolate.
Hermético - fechado, difícil. Palavra recuperada do português formal, de uso corrente em alguns bairros.
Leso - doido, abobalhado. Se, por exemplo, você tem oportunidade de rolar o chocolate com uma gatíssima, mas acaba só tocando piano, então você corre o risco de ser chamado de leso.
Broca - comida. Comendo uma broca, você deixa de estar brocado.
Cachorro-quente - a expressão não é pitoresca, mas o que ela representa sim. Belém é, provavelmente, o único local do Brasil onde o cachorro-quente é feito com carne-moída (chamada de picadinho). Em cada esquina de Belém há uma banca de cachorro-quente e essa é, pasmem, a razão pela qual a McDonalds demorou tanto a se instalar na cidade...
Égua - essa é, depois de deveras, a única palavra brasileira que pode ser usada em qualquer situação. Você pode usar égua para expressar dor, tristeza, alegria, admiração, espanto e até mesmo enfado. Se, por exemplo, passar pela sua frente uma morena jeitosa, você pode exclamar deliciado: “Égua!”. E não se preocupe que ela não vai achar que você está chamando-a de eqüina. Se, por outro lado, descer um disco voador no seu quintal, não pense duas vezes. Grite: “Égua!”.
Pai d´égua - é uma derivação do égua. Significa legal, bacana. Se um paraense gostar de você, vai dizer que é um cara pai d´égua. Sinta-se orgulhoso, pois você acaba de receber um grande elogio
Já - é o primo pobre do égua. Também pode ser usado em qualquer situação, mas não tem autonomia para constituir uma frase. Geralmente é usado para dar ênfase à frase: “Mas quando, já?”; “Mas maninho, tu já bebe...”.
Mofino - entristecido, quieto. Geralmente boladas no saco, foras da namorada e ônibus que não param (muito comuns em Belém) deixam o indivíduo mofino.
Noiado - redução de paranóico que, com o tempo, ganhou outras significações. Usa-se para designar um indivíduo neurótico, problemático. Você, por exemplo, pode estar mofino porque é um indivíduo noiado. Mas a experiência tem demonstrado que, assim como chifre, nóia é coisa que botam na sua cabeça.
Rolar o mal - jogar sinuca. Diz a lenda que um metaleiro que jogava sinuca soltava a cada dois segundos: “Pô, cara, muito mal”. Assim que ele saiu, os outros começaram a usar a expressão, por sarro, até que a expressão acabou se aplicando ao próprio jogo. Esse é um termo que surgiu num grupo de amigos meus e acabou se alastrando assustadoramente pela cidade. Estar em mal significa estar em situação de sinuca. Em Belém você pode convidar um amigo para rolar o mal, ao que ele vai responder, indignado: “Eu não. Você só gosta de deixar a gente em mal”.
Ah se eu te pego, te requebro, na cabeça do meu prego - cantada sutil e malevolente. Deve ser empregada no tom de voz adequado.
Pariceiro - colega, amigo. Pejorativo muito usado pelas mães em referência aos amigos do filho.
Pano de bunda - trouxa, mala. Normalmente usado pelas mães que querem expulsar os filhos de casa. Exemplo: “Você só vive com esses seus pariceiros! Pega os seus panos de bunda e vai morar com eles!”.
Teba - grande. Geralmente usado para aquilo. Comum a expressão “Olha a teba!”, com gesto indicativo do tamanho da coisa em questão.
Miúdo - pequeno, de pouco valor.
Graúdo - grande. Certa vez fui assaltado e o e ladrão, depois de examinar minha carteira, perguntou enfurecido: “Cadê o dinheiro graúdo?”. Eu só tinha dinheiro miúdo...
Rolar o chocolate - fazer amor. Essa expressão surgiu depois que passou no cinema o filme Como Água para Chocolate e chegou a ter uma certa popularidade. Atualmente foi substituído por comparecer. Há também quem use conhecer, no sentido bíblico.
Tocar piano - é o que você faz quando está com uma garota, mas não pode rolar o chocolate. Foi inspirada no filme O Piano. Talvez por causa da origem nobre, não chegou a ter ampla repercussão, embora fosse a expressão predileta de alguns alunos meus. Provavelmente porque eles ainda não haviam chegado na idade de rolar o chocolate.
Hermético - fechado, difícil. Palavra recuperada do português formal, de uso corrente em alguns bairros.
Leso - doido, abobalhado. Se, por exemplo, você tem oportunidade de rolar o chocolate com uma gatíssima, mas acaba só tocando piano, então você corre o risco de ser chamado de leso.
Broca - comida. Comendo uma broca, você deixa de estar brocado.
Cachorro-quente - a expressão não é pitoresca, mas o que ela representa sim. Belém é, provavelmente, o único local do Brasil onde o cachorro-quente é feito com carne-moída (chamada de picadinho). Em cada esquina de Belém há uma banca de cachorro-quente e essa é, pasmem, a razão pela qual a McDonalds demorou tanto a se instalar na cidade...
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