quinta-feira, novembro 19, 2020

A morte de Stalin

 


Em 1953, o líder da União Soviética, Joseph Stalin, morreu inesperadamente, o que levou a uma luta por sua sucessão. É sobre esse momento histórico que o filme A morte de Stalin, dirigido por Armando Iannucci e disponibilizado no Brasil pela Amazon Vídeo,  se debruça.
O filme é baseado numa história em quadrinhos de Fabien Nury e Thierry Robin e mostra com bastante liberdade poética os momentos anteriores à morte do ditador, os bastidores da morte e a sucessão. Poderia ser um filme histórico, mas é, acima de tudo, uma grande comédia ácida. Aliás, se você não gosta desse tipo de comédia, passe longe do filme.
O clima de terror criado por stalin serve para alguns dos momentos mais engraçados do filme, com a reunião de ministros que termina com um deles dizendo que o que acabou de sair está na lista (de pessoas que irão morrer ou serem enviadas para a Sibéria). Em vários momentos cenas singelas, quase caseiras, têm, em segundo plano, alguém sendo morto ou preso.
A história inicia com o diretor da rádio recebendo um pedido de gravação da apresentação músical que acabou de encerrar. O jeito é gravar tudo de novo, o mais rápido possível para não provocar a ira do ditador.
Quando está ouvindo a gravação, Stalin tem um mal súbito e chegamos a um dos melhores momentos, quando os membros do comitê central chegam e começam a discutir o que fazer.
Não é possível chamar um bom médico, pois todos os bons médicos ou foram mortos ou mandados para a Sibéria. Também pode não ser uma boa chamar médicos ruins, pois isso pode custar a vida de quem chamou. Durante toda essa longa discussão, Stalin permanece lá, caído no chão.
Quando fica claro que o ditador morreu, começam as conspirações – e nesse jogo, quem perde, morre. Uma palavra errada pode representar a morte de alguém.
Há se destacar o elenco primoroso, cuja atuação é boa parte do sucesso do humor estranho da película.
Nesse sentido, destaque para Jeffrey Tambor, como Malenkov, o indeciso presidente do comitê central, que não sabe o que fazer em meio às conspirações. E Michael Pain, como Molotov, o ministro que continua fiel a Stalin mesmo depois de sua morte e tem opiniões muito fortes e decididas... que mudam a cada minuto. Um dos melhores momentos da dupla é uma reunião de ministros, logo após a morte do ditador, em que Malenkov faz uma proposta e coloca em votação, interrompida por um discurso de Molotov: Malenkov muda seu voto a cada frase do colega, incapaz de decidir se ele é favorável ou contrário à proposta.

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