domingo, novembro 15, 2020

Conan – o cerco de Makalet

 


Publicada originalmente na revista Conan The Barbarian em 1972, a saga do cerco de Makalet é uma das mais célebres histórias da primeira fase do personagem e um dos momentos mais grandiosos da dupla Roy Thomas e Barry Windsor-Smith.
Na história, Conan e seu amigo Fafnir são resgatados por um navio turaniano e, como consequência, acabam participando de uma das principais batalhas da Era Hiboriana. A guerra teve início quando os hirkanianos raptam Tarin, o deus vivo dos turanianos. Agora os turanianos se aproximam da cidade com uma armada para resgatar o deus vivo.
Como nas melhores histórias de Conan, não há mocinhos, em especial entre os governantes: todos parecem envolvidos em algum interesse sórdido.
Roy Thomas reflete perfeitamente o conceito de Robert E. Howard, que privilegiava os selvagens, vistos por eles como verdadeiros detentores do conceito de honra: “As coisas eram bem mais simples nas colinas friadas da Ciméria (...) Lá um homem podia tomar uma espada em suas mãos e ter certeza de que, a partir dali, seria senhor do próprio destino. Aqui, entre os homens civilizados, qualquer estranho pode sorrir e estender as mãos... enquanto com a outra segura um punhal assassino”.
Essa é, portanto, a história que melhor define o tipo de história que faria do cimério um dos personagens de maior sucesso dos comics.
Por outro lado, o desenho de Barry Windsor  Smith já estava muito mais seguro e maduro, distanciando-se da influência de Jack Kirby e das histórias de super-heróis que caracterizaram os primeiros números da revista.


A splah page inicial, com Conan no convés do navio, observando com desdém os marinheiros amarrando a estátua de Tarin no mastro é magistral, não só pelo detalhismo nos personagens e adereços, mas também pela composição. Embora o Conan de Smith não fosse tão selvagem quanto de John Buscema, aqui ele já parece selvagem e não um tipo de super-herói, como nas primeiras histórias.
A trama, dividida em três partes é um ótimo exemplo de como Thomas manejava a narrativa de maneira exemplar. Os acontecimentos vão se sobrepondo de maneira inesperada, mas, ao mesmo tempo, verossímil e lógica. E o que mais temos são reviravoltas, com destaque para o plot twist final, que, mais uma vez reflete o conceito de que a honra só pode ser esperada de um selvagem como Conan e jamais de uma pessoa civilizada.
Um bom indício da popularidade dessa história é quantidade de vezes que ela foi republicada no Brasil: duas vezes pela Abril e duas vezes pela Mithos.

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