Certa vez, quando visitávamos Caldas Novas, minha mulher viu o anúncio de um show intitulado “A dança através do mundo” e insistiu para que fôssemos. O ingresso era caro, mas o cartaz prometia uma verdadeira viagem ao redor do mundo da dança. Mal imaginávamos a roubada na qual estávamos nos metendo.
A plateia já deveria ter nos alertado: era nítido que éramos os únicos turistas ali. Alias, nos provavelmente éramos os únicos que não eram amigos pessoais do diretor do espetáculo, que aparecia entre cada número para falar de sua vida, seu sonho de ser bailarino e sua loja de móveis. Aproveitava também para agradecer, um a um, cada pessoa da plateia, todos empresários locais. Esses intervalos falados duravam uma eternidade e incluíam até mesmo piadas internas, que só podiam ser entendidas entre as partes. Detalhe: todos os homens estavam de ternos e todas as mulheres estavam com vestidos de festa.
Só essas intervenções seriam suficientes para colocar o show no pódio de qualquer competição de roubada. Mas tinha também os números musicais.
Imagine que um carnavalesco daltônico e drogado resolvesse fazer figurinos de um show. Tudo tinha plumas, tudo tinha paetês, tudo era completamente sem noção.
Para se ter uma ideia, os dançarinos de tango se vestiam como piratas! Eram tantos acessórios que muitas vezes os bailarinos mal conseguiam se mexer.
O pior de tudo é que o show simplesmente não acabava. Terminava um número de dança, começava uma intervenção do diretor, que se achava tão talentoso que chegava até mesmo a cantar! Afinal de contas, nada é tão ruim que não possa piorar.
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