sexta-feira, janeiro 01, 2021

Coraline, de Neil Gaiman

 


Em 1987, quando era um postulante a roteirista de quadrinhos, Neil Gaiman começou a escrever uma história infantil para sua filha mais nova. Holly gostava de histórias assustadoras, com bruxas e meninas corajosas.Gaiman começou pelo nome da personagem: Caroline, e escreveu errado, Coraline, mas percebeu que que era um nome melhor que aquele que havia pensado. Sua personagem se chamava Coraline!  

Pouco depois, Gaiman se tornou escritor de Sandman, envolveu-se em vários projetos e a história foi deixada de lado. Em 1992 ele voltou ao texto e produziu um livro único. Uma mistura de conto de fadas com história de horror narrado com a suavidade e a poesia que caracterizam o escritor britânico. Em 2009 o livro foi adaptado para o cinema numa animação em stop motion dirigida por dirigido por Henry Selick.

É esse livro que a editora Intríseca trouxe para o público brasileiro em 2020 numa edição belíssima, que encanta desde a capa, obra de Chris Riddell (também autor das ilustrações internas). A edição é em capa dura, com a lombada lilás, fita lilás para marcar as páginas e aberturas de capítulos em lilás. É o tipo de edição que chama atenção por si só, independente do conteúdo.

Quanto ao conteúdo? O conteúdo é incrível.

A trama é sobre uma menina que acaba descobrindo uma passagem para outra dimensão onde encontra uma outra mãe e um outro pai. São iguais aos pais verdadeiros, exceto por um detalhe: botões costurados no lugar dos olhos. O objetivo da outra mãe é convencer Coraline a ficar naquele outro mundo. Quando a menina volta, descobre que seus pais sumiram. Agora ela tem que retornar e tentar resgatar seus pais e fugir das garras da outra mãe.

Como dito, é uma história de terror, mas contada com uma sensibilidade que só se poderia esperar do autor de Sandman e Orquídea Negra.

À certa altura, por exemplo, é narrada a decapitação de um rato. O texto diz:

“Abriu os olhos e viu o rato. Ele estava deitado no caminhozinho de tijolos no pé da sacada e parecia surpreso. Sua cabeça, por sinal, encontrava-se caída a uma distância considerável do restante do corpo. O bigode estava retesado, os olhos esbugalhados, e os dentes amarelados e afiados à mostra. Um colar de sangue cintilava em seu pescoço”.

Coraline é um livro para crianças, para jovens, adultos, para quem gosta de histórias de terror ou contos de fadas. É um livro para quem gosta de ler.

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