De todas as
revistas que eu perdi numa das muitas mudanças, a que eu mais me arrependo foi
um número especial da MAD dedicado aos quadrinhos da editora Record.
Lembro que
ia viajar de ônibus e antes passei na banca do Zé, no São Brás (atualmente o último
sebo de rua de Belém) e comprei essa edição. Enquanto esperava para embarcar,
lia e gargalhava a ponto de chamar a atenção dos outros passageiros.
Recentemente
consegui uma versão em scan dessa revista e me surpreendi em perceber o quanto
esse material até hoje parece muito bom.
A reunião de
talentos era realmente incrível: Wallace Wood, Don Martin, Sérgio Aragonés... só
para citar os mais famosos.
Wood parecia
disposto a colocar o máximo de anedotas no menor espaço possível. Fico imaginando
o quanto esse tipo de humor influenciou filmes como Apertem os cintos o piloto
sumiu. E, olhando em retrospecto, teve influência sobre todos os roteiros de
humor que já fiz.
Outra história
desenhada por Wood que me arrancou gargalhadas era uma em que se imaginava o
que aconteceria com os personagens de quadrinhos se eles tivesse envelhecido ao
invés de se manterem com a mesma idade. Entre as várias sequências, um Super-homem
que não tem mais peito ou dentes – e portanto não tem como segurar as balas.
Hoje pode não
ser tão conhecido, mas Dom Martin era uma verdeira sensação nas décadas de 70 e
80, a ponto da Mad lançar livros apenas com trabalhos dele. Nessa edição, um
trecho de uma história sobre Zorro é digna de nota. Zorro deixa Tonto cuidando
dos cavalos e quando volta pergunta se passou muito tempo fora, ao que Tonto
responde batendo os pés no chão, como faria um... cavalo! Um humor totalmente visual que só seria possível nos quadrinhos.
Algo que não
lembrava era a quantidade de histórias envolvendo os peanuts. Ao que parece, o
sucesso da tira (provavelmente alavancada pelo desenho animado) era estrondoso
na época, a ponto de se tornar o personagem mais popular do período. Uma das
histórias brinca exatamente com isso, imaginando se o sucesso teria mexido com
a cabeça dos personagens.
A mad
poderia ser muito boa para falar de política, filmes, seriados, mas era
simplesmente insuperável quando falava de quadrinhos.
Sem comentários:
Enviar um comentário