terça-feira, junho 29, 2021

Buck Rogers: ficção científica nos quadrinhos

 

Como nem tudo são flores, logo veio a crise de 1929 que acabou com a alegria da classe média americana. Naqueles dias, muita gente dormia ri­ca e acordava pobre — absolutamen­te miserável.
 O clima era de desespero e desânimo e o lance ago­ra não era mais rir futilmente da vi­da. As primeiras histórias em quadrinhos tinham sido todas cômi­cas (tanto que nos EUA, os quadri­nhos são chamados de “comics”), mas já não havia muita razão para rir.
Todos queriam fugir para plane­tas distantes, cidades perdidas ou paí­ses exóticos... todos queriam aventura!
Uma das primeiras séries a captar esse clima de escapismo foi Buck Rogers, criação de Philiph Nowlan. Esse personagem foi publicado originalmente na revista pulp Amazing Stories, em agosto de 1928. O conto, Armagedon 2419 AD contava a história de um piloto (Rogers) preso em uma mina que desabara. Ele, graças a gases radioativos, permanece em estado de dormência, vindo a acordar 500 anos depois.
A América que ele vê é totalmente diferente da que conhecera. Agora o país está totalmente destroçado pelos invasores orientais e os seus habitantes perseguidos em sua própria terra, obrigados a se esconderem nas florestas.
A história fez tanto sucesso que o editor da revista, John Dille, sugeriu a Nowlan que a adaptasse para os quadrinhos. Para realizar essa tarefa foi contratado um desenhista, Richard (Dick) Calkins, que tinha um traço barroco e detalhista.  
Na versão em quadrinhos foram necessárias algumas adaptações. O nome foi mudado para Buck Rogers para aproveitar o sucesso de Buck Jones, famoso cowboy do cinema.
A tira foi publicada pela primeira vez no jornal Courier Press, de 27 de janeiro de 1929 e fez enorme sucesso, abrindo caminho para muitos outros personagens de aventura e ficção-científica.
Para manter o clima pseudo-científico, a equipe de criação contava com consultores especialistas, inclusive um metereologista.
Entre as curiosidades da série está o fato dela ter antecipado o meio pelo qual os astronautas iriam se deslocar no espaço. Logo na terceira tira da história, a heroína Wilma mostra a Rogers uma mochila antigravitacional que lhe permitia flutuar no ar. Para direcionar o vôo, Buck utiliza o recuo da arma.
Quando, em 1984, os primeiros astronautas passearam soltos no espaço, o escritor Isaac Assimov se lembrou imediatamente de Buck Rogers: “ Recentemente dois astronautas flutuaram livremente no espaço, antes de seu ônibus espacial pousar na Flórida. Eles não ficaram ligados à espaçonave. Saíram dela e retornaram. Os mais velhos se lembrarão das histórias em quadrinhos de Buck Rogers, no anos 30 e 40. Tudo isso – o passeio espacial, a espaçonave movida a foguetes, a mochila nas costas – já tinha acontecido nos desenhos”.
A propósito, a forma como os astronautas conseguiram controlar seu deslocamento no espaço foi justamente através do recuo de uma pistola de ar. Como em Buck Rogers.

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