terça-feira, agosto 31, 2021
Elizabeth - a era de ouro
Quando a Abril conseguiu todos os direitos da Marvel
Sessão de cartas da revista Heróis da TV 48 (junho de 1983) anunciando que a Abril havia conseguido os direitos de todos os personagens da Marvel (antes alguns dos personagens mais famosos, como Hulk e Homem-aranha, eram publicados pela RGE)
Psicopatas - Você sabia?
Conheça o livro Psicopatas na vida real e na ficção: catarse.me/psicopatas_na_vida_real_e_na_ficcao_9e59
O Super-homem é judeu
Joseph Goebbels, o ministro da propaganda de Hitler, dizia que "Super-Homem é judeu", rebatendo a propaganda aliada feita pelos quadrinhos norte-americanos da época. Referia-se também ao fato de que os dois criadores do personagens, o roteirista Jerry Siegel e o desenhista Joe Shuster, eram judeus. Mas será que o herói é realmente judeu?
Coração de ferro
Há uma quantidade enorme de
filmes sobre a II Guerra Mundial, com as mais diversas abordagens. Mas um tema
pouco abordado são os tanques. Eles foram essenciais na guerra, mas na maioria
das películas aparecem pilotados por nazistas, como em Resgate do Soldado Ryan.
Assim, Coração de Ferro,
filme de David Ayer disponibilizado no Brasil pela Netflix se destaca por ter
como protagonistas a tripulação de um tanque norte-americano apelidado de Fury.
A história acompanha o
sargento linha dura Don "Wardaddy" Collier (Brad Pitt) e sua equipe
realizando operações dentro da Alemanha Nazista na fase final da guerra, quando
os aliados estavam encurralando as tropas alemães dentro de seu próprio território.
É também um período em que os alemães resisitiram obstinadamente, recrutando
até mesmo crianças (em uma das sequências, jovens que se recusaram a lutar são
enforcados pelos nazistas e pendurados com placas de traidores).
À certa altura, o tanque é
avariado e a equipe precisa, sozinha, impedir o avanço de todo um regimento da
SS numa verdadeira missão suicida.
A película se destaca pela
preocupação com os detalhes históricos, inclusive com uso de tanques que são,
de fato remanescentes da II Guerra. Os atores também foram treinados em regime
militar, passando noites acordados, molhados e com sono.
Além disso, é interessante o
tom realista, com insinuações até mesmo de estupros por parte dos soldados e
buylling por parte dos veteranos com o novato Norman "Machine"
Ellison.
Mas talvez o que mais chame
a atenção seja a atuação de Brad Pitt. Impressionante como ele evoluiu como
ator desde seus primeiros trabalhos e aqui ele consegue um perfeito equilíbrio
entre o linha-dura grosseirão e até mesmo abusivo e o líder que todos seguem.
O resultado disso é um filme
de ação eletrizante que não fica nada a dever a clássicos do gênero.
O uivo da górgona
segunda-feira, agosto 30, 2021
Guerras Secretas: Por que parei de ler quadrinhos?
O nome Guerras Secretas surgiu de uma pesquisa do departamento de marketinga da Marvel. |
A Abril precisava lançar o gibi para ajudar a vender os bonecos. |
A revista que me fez parar de ler quadrinhos. |
Arqueiro Verde:sangue do dragão
Essa história foi publicada nos EUA na sequência da Crise, época em que se procurava reformular os heróis clássicos da DC, dando-lhe uma narrativa mais madura. Embora não possa ser comparado a roteiristas como Alan Moore, Grell se sai bem construindo uma trama coerente. Os desenhistas, no entanto, são o grande charme da revista, com páginas duplas e diagramações diferenciadas (particularmente bonita a cena dupla com os personagens envolvidos por dragões). Entretanto, a ideia de dar um ar de mangá ao gibi não se sustenta. Se a pouca quantidade de texto torna a leitura mais dinâmica, por outro lado, nem sempre é possível entender o que está acontecendo .
Igreja de Saint-Paul e Saint-Louis
Coluna de fogo, de Ken Follett
Dart Vader foi inspirado nos nazistas?
domingo, agosto 29, 2021
A liberdade guiando o povo
Uma das pinturas mais famosas – e mais homenageadas – de todos os tempos, A liberdade guiando o povo é a obra máxima de Eugène Delacroix. Ao contrário do que muitos imaginam, o quadro não faz referência à revolução francesa, mas com a revolta de 1830 que uniu o povo contra o rei Carlos X, que decidira acabar com o governo constitucional.
Delacroix coloca como líder da revolta Marianne, a deusa da razão e da liberdade, símbolo da revolução francesa. Ela segura em uma das mãos a bandeira da revolução francesa, cujas cores simbolizam a liberdade, igualdade a fraternidade. Com a outra mão, segura uma baioneta. Ao seu lado, um garoto segura duas pistolas e, aos pés deles, os inimigos abatidos. O pintor se colocou no quadro, na figura do homem com cartola à esquerda de Marianne.
O quadro se tornou a maior uma representação universal da luta contra a opressão.
As aventuras de uma criminóloga: coragem de matar
Psicopatas: a vítima é um objeto
Fundo do baú - A turma do Charlie Brown
Em 1950, Charles Schulz criou, para a United Feature Syndicate uma tira sobre um garoto e um cachorro. Tiras sobre crianças não eram novidades nos jornais, mas o diferencial de Peanuts era o conteúdo psicológico das histórias. Charlie Brown, o protagonista, era fracassado e inseguro, o que gerou grande identificação com os leitores.
O sucesso das tiras foi tão grande que em 1965 a tira transformou-se em um especial de natal dirigido por Bill Meléndez. A recepção foi estrondosa, levando o produtor Lee Mendelson a transformar os personagens numa série animada que marcou gerações.
A animação unia fidelidade às tiras de Schulz com uma direção inspirada e uma trilha sonora de jazz marcante.
As histórias giravam, quase sempre, no fracasso de Charlie Brown – com ocasionais interlúdios cômicos de Snoopy. Em um dos episódios, Charlie Brown ganhava como prêmio um corte de cabelo – e ele é careca, e seu pai é barbeiro. Em outro, ele dançava no baile com a menina ruiva, sua eterna paixão, mas depois não conseguia se lembrar de nada.
Animações continuaram sendo feitas ao longo das décadas. Em uma das mais recentes, “A felicidade é um cobertor quentinho”, Linus é pressionado por Lucy a abandonar sua dependência do cobertor. À certa altura, Linus diz para os outros personagens: “Vocês querem que eu seja um fracassado? Querem que eu seja uma pessoa triste? Querem que eu seja um Charlie Brown?”.
Mr. Hide - homem monstro
Príncipe caspian
O primeiro parágrafo de
príncipe Caspian, quarto volume da série crônicas de Nárnia, dá o tom da
história: “Era uma vez quatro crianças – Pedro, Suzana, Edmundo e Lúcia – que se
meteram numa aventura extraordinária, já contada no livro O leão, a feiticeira
e o guarda-roupa. Abriram a porta de um guarda-roupa encantado, viram-se num
mundo totalmente diferente do nosso, e nesse mundo, um país chamado Nárnia,
tornaram-se reis e rainhas. Durante a permanência deles em Nárnia acharam que
tinham reinado anos e anos; mas, ao regressarem pela porta do guarda-roupa à
Inglaterra, parecia que a aventura não tinha levado tempo algum”.
Na trama, as crianças são
transportadas de volta a Nárnia centenas de anos após a primeira viagem.
O castelo onde viviam agora
está em ruínas e as criaturas mágicas são perseguidas pelos novos governantes
locais: humanos vindos de outro país. Caspian é descendente direto do primeiro
rei dessa nova linhagem, mas é fascinado pela antiga Nárnia e suas histórias.
Quando seu tio tem um filho, ele é obrigado a fugir e se internar na floresta
para não ser morto. Acaba sendo ajudado por dois anões e um texugo, que
enxergam nele a possibilidade de um retorno aos velhos tempos.
Mas o rei está disposto a
destruir o exército de seres encantados e a única saída é tocar a trompa dada
de presente a Susana no primeiro livro - o que traz as crianças de volta à Nárnia.
O livro é escrito num estilo
deliciosamente infantil, mas por traz da aparência ingênua há discussões
filosóficas profundas. A trama, por exemplo, reflete duas visões de mundo. De
um lado, a visão estreita, utilitária e autoritário do mundo e do outro uma
visão guiada pela imaginação e pela curiosidade.
Os mais velhos estão
associados ao primeiro tipo e as crianças aos segundo. Enquanto a maioria dos
adultos, em especial aqueles que haviam ocupado cargos de poder, não aceita um
novo mundo, crianças e jovens na maioria aderem alegremente a Aslan. Há trechos
que refletem diretamente a fala de jesus sobre ser como crianças para entrar no
reino do céu - indício direto da visão de mundo verdadeiramente cristã de C S
Lewis. Essa visão juvenil também está associada a proteção da natureza:
enquanto os mais velhos derrubam as árvores, secam as fontes, os mais jovens,
exemplificados por Caspian, estão em íntima ligação com a floresta.
Ser cristão, para Lewis,
está associado a manter a visão juvenil de maravilhamento com o novo e com a
natureza. Essa percepção permeia toda a obra.
sábado, agosto 28, 2021
Oliver Twist
O último dos moicanos
A lenda do lobisomem
Aventura e ficção
Exemplares da Aventura e Ficção na minha coleção. |
Bingo - a história por trás do palhaço
Na década de 1980 o programa do palhaço Bozo se tornou um sucesso absoluto de audiência alavancando a TVS (atual SBT) a primeiro lugar no horário da manhã. Mas por força contratual (o programa havia sido importado dos EUA), ninguém deveria saber quem era o palhaço.
O filme Bingo, dirigido por Daniel Rezende, destrincha a pessoa por trás da máscara: um ator criativo, inovador, apaixonado por sua profissão, mas com sérios problemas pessoais, inclusive com drogas e bebidas.
A película vai do início da carreira, na época das pornochanchadas até o auge de Bozo (aqui chamado de Bingo para evitar problemas de direitos) e o declínio do ator que o interpretava.
Difícil apontar o que é melhor no filme: o roteiro preciso, a direção apurada, a reconstituição de época (no filme vemos carros, brinquedos, propagandas da década de 1980), a trilha sonora (repleta de sucessos dos anos 1980), a memorável interpretação de Vladmir Brichta. O ator encarna o personagem a ponto de não parecer que está atuando.
Bingo é um dos melhores filmes que tive a sorte de assistir nos últimos anos e certamente o melhor nacional de épocas mais recentes.
Ps: Vistos em perspectiva, percebemos o quanto os anos 1980 foram estranhos, época em que tudo era possível, como cantoras sensuais se apresentando em programas infantis, como Gretchen, no Bozo.
sexta-feira, agosto 27, 2021
Ivanhoé, de Walter Scott
A obra se passa na Inglaterra da Idade Média. Nesse período, a ilha tinha sido invadida pelos normandos (vindos do norte da Europa e falando a língua francesa), que exerciam sua opressão e desprezo pelos habitantes locais, os saxões.
"O chão era composto de terra batida misturada com cal, que se transformava numa substância consistente, como a que é muitas vezes empregada em nossos celeiros modernos".
Igualmente irritante são as digressões que muitas vezes paralisam a narração comprometendo o ritmo do livro ou frases desnecessárias, como: "No capítulo seguinte, vamos procurar descrever a cena que lhe surgiu diante dos olhos".
Esses "defeitos", que mais se devem à época em que foram escritos acabam sendo suplantados pelas qualidades do livro.
O personagem Wamba, por exemplo, um bobo da corte de Cedric, é um proto-Tyrion. Sua atuação na trama é fundamental em vários momentos e suas tiradas são praticamente equivalentes ao do anão Lannister (a ponto de se imaginar que o bobo tenha sido a principal influencia para a criação do famoso personagem de George Martin). Por exemplo, quando viaja sozinho com o rei Ricardo pela floresta e pressente que serão atacados por inimigos e que o rei não fará uso de uma trompa que poderá chamar amigos para auxiliar na luta, diz: "Quando a coragem e a loucura viajam juntas, a loucura deve encarregar-se da trompa, pois sabe tocá-la melhor".
Outro aspecto interessante da trama é a forma como são retratados os judeus, especialmente se considerarmos que o livro foi publicado em 1820, época em que esse povo era vítima de grande preconceito. Há quem pense que a perseguição aos judeus foi invenção dos nazistas. Nada mais falso. O povo judaico era perseguido por razões religiosas desde a Idade Média e Ivanhoé tem o grande mérito de mostrar essa perseguição, retratando os judeus de maneira positiva:
"Não havia raça alguma na terra, no mar ou nas águas, que fosse objeto, por parte de todos, de tão interrupta e constante perseguição, como os judeus eram nessa mesma época. Sob os mais ligeiros e irrazóaveis pretextos, bem como ante as acusações mais absurdas e infundadas, as suas pessoas e propriedades eram expostas a todos os caprichos da fúria popular, pois os normandos, saxônicos, bretões e dinamarqueses, por mais adversas que essas raças fossem entre si, disputavam a primazia da ferocidade para com esse povo, que eles supunham, baseando-se em suas próprias religiões, dever odiar, insultar, desprezar, saquear e perseguir".
E essa condição permaneceu por séculos, só sendo encerrada pela divulgação dos horrores dos campos de concentração nazistas. Só para termos de comparação, outro clássico romântico, Taras Bulba, do grande escritor russo Nicolai Gógol mostra com simpatia a perseguição que soldados cossacos realizavam contra os judeus, chegando até mesmo ao ponto de matá-los por pura diversão. Assim, é surpreendente que um livro escrito em 1820 mostre com tanta benesse esse povo, a ponto de colocar uma judia, Rebeca, como protagonista romântica, de caráter extremamente correto, capaz de abdicar de uma paixão por puro amor.Num romance recheado de personagens famosos, como Ricardo Coração de Leão, o princípe usurpador João, Robin Hood e outros, são justamente os que seriam os secundários, como a judia e seu pai, um bobo e um guardador de porcos que acabam se destacando, demonstração mais do que inequívoca de que Walter Scott estava muito além de seu tempo.