sábado, setembro 25, 2021

Ou vai ou racha

 

Um dos filmes prediletos da minha infância, campeão absoluto da sessão da tarde era um road movie absolutamente inusitado envolvendo Jerry Lewis, Dean Martin e... um cachorro.

Ou vai ou racha, dirigido por Frank Tashlin e lançado em 1956, foi também o último filme da dupla Lewis-Martin. Na época a relação entre os dois já estava tão estremecida que eles mal se falavam fora das gravações. Ainda assim, na tela, a química entre os dois é perfeita.

Na história, Deam Martin é um malandro que deve dinheiro a um gangster e inventa um ardil para conseguir o dinheiro. Consegue com a gráfica todos os tickets de um sorteio de cinema com objetivo de ganhar um carro, vender e pagar a dívida. Mas, para seu azar, Jerry Lewis também ganha o carro. Apaixonado por cinema, Lewis pretende usar o carango para atravessar o país e visitar Hollywood onde pretende conhecer a atriz Anita Ekberg, pela qual é apaixonado. O trapaceiro aceita viajar com ele, mirando uma possibilidade de sumir com o carro – oportunidade que nunca aparece graças ao cachorro de Lewis.



Juntos os dois atravessam vários estados se envolvendo em situações absurdas, como quando Lewis tenta tirar leite de um touro e quase é morto por este.

No meio do caminho, quando acabam o gasolina, acolhem uma garota que vai para o mesmo caminho – o necessário interesse romântico de Martin, considerado um galã na época. Martin também cantava, então toda as situações eram desculpas para números musicais.

Mas o roteiro de Erna Lazarus e principalmente a direção de Frank Tashlin não deixam que a película se transforme num musical meloso. O tom crítico já aparece na primeira sequência, em que o filme faz uma homenagem aos fãs de cinema. O primeiro, norte-americano é mostrado com uma bandeja com uma quantidade enorme de refrigerantes e pipoca, uma antecipação das críticas sobre a obesidade que viriam em filmes muito posteriores, como A dieta do palhaço. Na cena seguinte, aparece o fã inglês de cinema, cujo mordomo lhe serve três pipocase e ele comenta, fleumático: é muito!

O tom levemente crítico e ácido perspassa todo o filme. Uma das cenas musicais em que eles atravessam vários estados, a ambientação e as garotas soam tão artificiais que expectador não tem como levar a sério.

Agora, tantos anos depois, eu chego à conclusão de que a razão pela qual eu, surpreendentemente, gosto de dirigir na estrada está diretamente ligada a essa pequena obra-prima final da dupla Lewis-Martin.

Obs: É possível ver esse filme no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=wZ-kURB1XGE

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