terça-feira, novembro 30, 2021

Feliz Natal!

 


Os super-heróis nacionais

 

Na década de 1960, o sucesso do terror nacional fez com que as editoras incentivassem seus colaboradores a investirem em novos gêneros. Desses, um dos de que tiveram mais sucesso foram os super-heróis. O estudioso Worney Almeida de Souza lista 34 super-heróis brasileiros surgidos antes dos anos 1970, sem contar os super-vilões e heróis não-mascarados.
Nosso primeiro grande super-herói foi o Capitão 7, no início dos anos 1960, baseado num seriado homônimo exibido pela TV Record, de autoria de Ayres Campos. O Capitão 7 é um menino do interior de São Paulo levado a um planeta distante, de onde volta com super-força, super-inteligência, capacidade de voar e um uniforme atômico. O personagem, cujo visual foi criado por Jayme Cortez, foi desenhado por Júlio Shimamoto, Juarez Odilon, Sérgio Lima e Getúlio Delfim e fez muito sucesso, durando muitos números, até por estar ancorado em uma atração televisiva. Chegou a existir até mesmo fantasias do personagem para a época de carnaval.
O sucesso do capitão 7 fez com que a Estrela, maior fábrica de brinquedos da época, encomendasse a criação do capitão estrela, em uma revista lançada pela continental (a mesma do concorrente), que acabou não fazendo sucesso.
O caminho aberto pelo capitão 7 foi explorado por outros artistas, que se aproveitaram do fato de muitos heróis ainda não serem conhecidos no Brasil. Exemplo disso é o Raio Negro, criado por Gedeone Malagola para a editora GEP. Gedeone tinha apresentado o Homem-lua (que depois seria aproveitado), mas como ele não parecia tão super-herói, os editores pediram que ele desse uma olhada no novo Lanterna Verde. Misturando os poderes do Lanterna com o uniforme do Ciclope dos X-men, surgiu o Raio Negro, um dos personagens de maior sucesso da época.
Um dos heróis mais interessantes surgidos no período foi o Golden Guitar, um herói criado para aproveitar o sucesso da jovem guarda. Os donos da editora Graúna queriam licenciar os personagens da série Archie para tentar captar o interesse do público jovem. Como não conseguiram, encomendaram para Macedo A. Torres um herói juvenil inspirado no movimento musical Jovem guarda. O resultado foi um herói psicodélico, que usava como arma uma guitarra, através da qual disparava dardos tranqüilizantes e outras maluquices. Além dos quadrinhos, o gibi trazia letras das músicas de Roberto Carlos, Erasmo e Wanderléa. Essa é atualmente uma das revistas mais raras do período e também uma das mais procuradas pelos fãs.
A estréia dos chamados heróis Shell (os personagens da Marvel foram lançados no Brasil numa campanha dessa rede de postos de gasolina) criou um grande interesse pelo gênero e fez com que surgissem vários gibis nacionais. Eugenio Colonnese criou Mylar, o homem mistério, para a editora Taika.
Outro herói de sucesso foi O Escorpião. Tratava-se de uma cópia descarada do fantasma, feita por Wilson Fernandes a pedido da editora Taika, em 1966. Como a revista começou a vender muito (os dois primeiros números esgotaram a tiragem de 50 mil exemplares), a editora ficou com medo da King features Syndicate, e pediu ao desenhista Rodolfo Zalla e ao roteirista Francisco de Assis que reformulassem o personagem. Assim, o escorpião tornou-se um defensor das selvas amazônicas e continuou sua carreira de sucesso.
Mas nenhum herói do período fez tanto sucesso quanto o Judoka, lançado pela Ebal com roteiros de Pedro Anísio e desenho de vários artistas. O personagem usava um collant com um quimono verde e branco, além de uma máscara. Seu mestre no judô era o sábio Minamoto. Além disso, ele contava com a ajuda de sua namorada Lúcia. A revista pegava a onda ufanista do período militar e exaltava as belezas do Brasil. Para isso, o personagem percorria diferentes pontos do país.
Os heróis brasileiros não resistiram aos anos 1970. uma das razões disso era a censura prévia. As revistas tinham de ser enviadas a Brasília, sendo analisadas por censores, que muitas vezes cortavam cenas, páginas, ou mandavam reformular histórias inteiras. Era mais fácil para as editoras importar quadrinhos americanos, até porque esses não costumavam despertar a atenção dos censores. Além disso, o endurecimento da ditadura e crise econômica foram acabando com o sentimento patriótico e ufanista dos leitores. A moda passou a ser achar bom o que vinha de fora, especialmente dos EUA. Com isso os super-heróis foram desaparecendo. Pior: começou a se achar que esse era um gênero que não podia ser trabalhado por brasileiros, pois tinha pouco a ver com a realidade nacional. De um lado os quadrinhos nacionais de super-heróis eram perseguidos pelos censores da ditadura. Por outro lado, eram perseguidos pelos intelectuais de esquerda, que achavam que eles eram colonialismo imperial norte-americano. 

Roteiro de quadrinhos: a jornada do horror

 


Nos manuais de roteiro há, normalmente, uma visão sobre a estrutura da história chamada Jornada do herói. Nela, um personagem é retirado de sua zona de conforto e obrigado e enfrentar diversos desafios. No final, vemos sua redenção e sua volta para o mundo normal trazendo algum ensinamento.

Existe um gênero, no entanto, que rompe completamente com essa estrutura: o terror. No terror, o protagonista encontra não a redenção, mas a perdição.

Nesse sentido, o terror é herdeiro direto da tragédia. Aristóteles já tinha descrito a tragédia como um gênero protagonizado por um herói que tem uma falha trágica, a hamartia, que o faz enfrentar seu destino, seus companheiros e até os deuses. No final, essa falha o leva à destruição.

Na tragédia grega, o herói era sempre alguém com grandes poderes, mas maculados pela arrogância, fazendo com que eles se sintam melhores que os deuses.

No terror, a característica do protagonista geralmente se resume à sua falha de caráter, que pode ser não a arrogância, mas a falta de empatia, a ganância ou qualquer outro defeito que se sobrepõe às qualidades. A jornada do herói no terror, portanto, o leva a um caminho não de rendenção de seus defeitos, mas de perdição em decorrência desses mesmos defeitos.

Uma pequena amostra de histórias da EC Comics serve para demonstrar essa característica. 



Em “Papel principal”  três atores tentam entrar em uma peça teatral shakespeariana. Um deles se oferece e é aceito, mas é morto pelo outro. O mesmo ocorre até o terceiro. No final, o ator descobre que está num hospício e seu papel é ser a cabeça que Hamlet segura.

 


Em “Com um pé na cova”  um coveiro explora uma viúva, fazendo um funeral com materiais de terceira, mas vendendo-os com se fossem de luxo. Depois sofre um acidente e fica paralisado. Seu sócio cuida de seu funeral e usa todo o seu espólio numa farsa, um funeral pobre, que é orçado como rico.

 

Nos dois exemplos acima a falha que leva os protagonistas à ruína é a ganância.



Em “No raiar do dia’ um camponês encontra linda garota em casa. Apaixonam-se e transam. Enquanto ela dorme ele ouve que uma louca assassina ronda a região. Temendo que esteja com a assassina dentro de casa, e a coloca para fora e tranca a porta. Nisso aparece a verdadeira louca e mata a garota para ficar com sua roupa.

No exemplo acima, é a covardia que leva o protagonista a ser punido.

Se a covardia leva o protagonista à perdição, imagine o assassinato. Na mesma edição há duas histórias em que a falha moral dos protagonistas é serem assassinos. 

Em “Dia de praia” um rapaz mata a namorada jogando-a da montanha russa. Para se disfarçar, ele vai para a praia, esconde suas roupas e se mistura aos banhistas. Conhece algumas meninas, que, por brincadeira, o puxam para a água. Mas ele não sabe nadar e morre afogado.

Em “O assassino” , um assassino profissional é contratado para apagar um cara por 500 dólares. Ele o persegue pela cidade até encurralá-lo em um local escuro e vazio, sem testemunhas. Quando atira, descobre que está na verdade em um teatro, diante de toda uma plateia. 

Em Phobus o protagonista sucumbe moralmente


Essa estrutura narrativa pode ser observada em várias de minhas histórias produzidas em parceria com Bené Nascimento e publicadas na década de 90 em revistas como Calafrio e Mephisto.

Em Phobus, por exemplo, vemos um personagem que se alimentava do medo das pessoas. Uma vez preso em um hospício, o poder se desprendeu dele e passou a percorrer o mundo matando pessoas e se alimentando de seus medos. No final, o protagonista não morre, mas sucumbe moralmente ao aceitar de volta o poder, o que significa que ele voltará a matar.


Se Carrie fosse uma história de super-herói, terminaria com a redenção da protagonista


Saindo dos quadrinhos e entrando na seara da literatura do terror, um dos clássicos do gênero mais conhecidos é Carrie, a estranha. É a história de uma menina com poderes telecinéticos dominada por uma mãe fanática religiosa que, após ser vítima de uma brincadeira de mau gosto, praticamente destrói uma cidade, matando centenas de pessoas.

Como nas jornadas comuns, a protagonista tem um problema a ser resolvido, ou melhor, dois: a relação com a mãe e aprender a lidar com seus poderes. Numa narrativa super-heroiesca, que segue a jornada do herói, ela alcançaria a redenção ao conseguir controlar os seus poderes ao mesmo tempo em que controla seus problemas psicológicos. Isso aconteceria ao mesmo tempo em que ela se concilia com a mãe. Como é uma narrativa de horror, ela sucumbe ao seu lado mais sombrio, o que a leva à perdição.



O mesmo ocorre em uma história minha em parceria com Bené Nascimento. Aparentemente uma história de super-herói, a Família Titã é, na verdade, uma jornada do horror. O personagem principal, Tribuno, é dominado pelo sentimento de vingança, o que o leva a matar os dois outros heróis e se matar no final.

Nem todas as histórias são sobre heróis que empreendem uma jornada e saem dela renascidos. Algumas são sobre protagonistas que sucumbem durante a jornada, seja física ou moralmente. Se a jornada do herói nos aponta um caminho de evolução espiritual, a jornada do horror nos alerta para o que acontece quando somos dominados por nossas falhas.

Daniel Defoe – o náufrago do destino

 


Robison Crusoe é um dos livros mais famosos da literatura universal. A história do náufrago tendo que sobreviver em uma ilha deserta encantou gerações inteiras e levou a várias imitações. Pouca gente, entretanto, conhece seu autor, Daniel Defoe.
Filho de um presbiteriano, Defoe nasceu em 1660 e teve a infância marcada por duas tragédias: quando tinha cinco anos, a grande peste se alastrou sobre Londres, sua cidade natal, matando 70 mil pessoas. Um ano depois um grande incêndio devastou a cidade. Esses dois fatos, vividos na infância, o marcariam para sempre.
O pai de Poe queria que ele se tornasse ministro presbiteriano, mas, empolgado com a rápida evolução econômica da cidade, ele se tornou comerciante. Por força das circunstâncias, acabou também se envolvendo com a política.
Na época o rei da Inglaterra era Carlos II. O soberano chegara ao poder graças aos generais, que, fartos da ditadura religiosa de Oliver Cromwell, resolvera restaurar a monarquia. Mas para evitar novas perseguições e guerras religiosas, obrigaram o rei assinar a Declaração de Breda, que garantia liberdade religiosa para todos na Inglaterra. Mas, quando o rei morresse, o principal pretendente era seu irmão, Jaime II, católico fervoroso, que certamente traria de volta a perseguição religiosa.
O parlamento se dividiu entre dois grupos rivais, os tories, favoráveis a Jaime II e os whigs, contrários ao futuro monarca.
Quando Carlos II morreu, irrompeu a rebelião de Monmouth, que visava impedir a ascensão de Jaime II. Amante de aventuras, Defoe prontamente aderiu ao movimento. Derrotados, os whigs pediram auxílio ao holandês Guilherme de Orange.  Com a ajuda de generais ingleses, Guilherme tomou o poder e assinou o Ato de Tolerância religiosa.
Empolgado, o futuro escritor mudou seu nome de D.Foe para Defoe e expandiu seus negócios, mas perdeu tudo quando eclodiu a guerra da Inglaterra com a França. Seria a primeira vez que ficaria rico e perderia tudo, mas não a última.
Em 1701 se avizinhava nova guerra contra a França. Os tories criavam todas as dificuldades para que o país se preparasse para a guerra na esperança de que os franceses atacassem logo e destronassem Guilherme. Quando cinco cavaleiros apresentaram uma petição de defesa e foram presos, Daniel Defoe resolveu agir. Escreveu ele mesmo uma petição exigindo a libertação dos cavaleiros e o fim da indecisão da câmara. Seu texto era tão bom que acabou resultando libertação dos prisioneiros, especialmente ao se tornar público.
Com a morte de Guilherme de Orange a ascensão de sua cunhada Ana, os dissidentes religiosos voltaram a ser perseguidos e Defoe se tornou um alvo preferencial. Foi oferecida uma recompensa por ele. Preso, foi colocado num pelourinho, mas ao invés de cusparadas e insultos, como era comum, o povo lançava flores, tal a popularidade do escritor. Isso, no entanto, não o livrou da prisão.
A maneira de se safar foi editar um jornal para um dos principais líderes tories, Robert Harley. Nessa época, cada grupo político tinha que ter seu próprio jornal, o que garantia a Defoe renda e liberdade. Com o fim do reinado de Ana esses jornais perderam prestígio e acabaram fechados. Depois de ser um dos mais influentes jornalistas do país, Defoe estava mais uma vez desempregado e endividado.
Foi quando ele decidiu lançar-se na ficção para ganhar algum dinheiro e tentar pagar os credores. Soube de um marinheiro que vivera quatro anos em uma ilha deserta no litoral do Chile e resolveu escrever a história baseado nesse caso real. Assim nasceu Robison Crusoe.
Escrever um relato de aventuras depois de ter sido um dos jornalistas mais influentes da Inglaterra era um verdadeiro suicídio intelectual, um ato desesperado de alguém que precisava de dinheiro urgente.
Mas, para surpresa de todos, inclusive do próprio Defoe, o livro foi um sucesso absoluto.
A classe média identificou-se com o protagonista, que saído dessa classe social, soube vencer através do próprio esforço e  impor-se num mundo hostil. O livro atingiu um público que não se interessava pela literatura clássica: pequenos comerciantes, marujos, soldados.
Empolgado, Defoe escreveu vários outros livros de aventuras, inclusive continuações de Robinson Crusoe.  Nenhuma alcançou o sucesso do primeiro livro.
Claro, Daniel Defoe ficou rico. Mas perdeu tudo. Desapareceu por um tempo, provavelmente fugindo de credores. Morreu em abril de 1731. Embora desprezado em vida pelos intelectuais, depois de sua morte passou a ser considerado por muitos o criador do romance inglês.

Hipocondríacos

 

A moça irrompeu, esbaforida, pela porta, enquanto a enfermeira terminava de aplicar o soro.
    - Ei, não pode entrar agora!
    - Rafael, Rafael! Você está bem? Vim correndo quando soube que você estava doente.
    - Por favor, ainda não é o horário de visitas. Como a senhora conseguiu entrar? - perguntou a enfermeira, puxando a moça para fora.
    - Não, não me afaste do meu Rafael! Por favor, me diga: ele está bem?
    Nisso o doente se mexeu no leito, murmurando:
    - Beatriz? Você está aí?
    Foi o bastante. A mulher se desvencilhou dos braços da enfermeira e se jogou aos pés da cama.
    - Rafael, Rafael, você ainda está vivo?
    - Beatriz, você está aí? Eu não consigo vê-la...
    - Mas ele só está... - interveio a enfermeira.
    - Santo Deus, o que fizeram com o meu amado?! Você consegue me ouvir, querido?
    - Beatriz? É você mesmo? Agora que vou morrer, quero que saiba que te amo...
    - Oh, Rafael! Eu também te amo. Do fundo do meu coração...
    - Beatriz, por favor, me dê um último beijo.
    Houve um minuto de silêncio, ao fim do qual Beatriz pulou sobre ele, num último e ardoroso beijo de amor. A enfermeira tentou impedi-la, mas era impossível até mesmo saber quem era quem no meio dos aparelhos, seringas e tubos.
    - Querida, você sabe o quanto eu amo você. - garantiu ele, depois que se desgrudaram. Não chore por mim. Também quero que você arranje outro homem. Não perca sua juventude por mim...
    - Não, não me diga isso, meu amor, você vai sobreviver... E eu jamais terei outro homem...
    Ficaram em silêncio. Beatriz enxugava as lágrimas com um lenço.
    - Querida, agora que estou morrendo, acho que deveria saber de uma coisa. Lembra-se de Ana?
    - A Ana?
    - Sim, aquela estudava com você quando nos conhecemos...
    - Rafael, você não...
    - Eu tive um caso com ela.
    - Não, não acredito... não é possível!
    Ficou repetindo isso, balançando a cabeça em negativa, a enfermeira parada num canto, os olhos arregalados, sem saber o que fazer....
    - Beatriz... agora que estou morrendo, não faz mais sentido esconder meu caso com Maria...
    - A minha melhor amiga? Desgraçada!
    - Calma, foi coisa pequena: durou só dois anos...
    - Dois anos? Seu safado! Cretino!
    - Cretino, eu? Pensa que não sei do Paulo?
    Beatriz ficou estática.
    - Paulo?
    - Pensa que não sei? Tenho até fotos...
    - Seu cretino! - gritou a mulher e pulou no pescoço dele.
    - Gasp, gasp - fez o doente, envolvendo com as mãos o pescoço de Beatriz, que caiu no chão, sob ele.
    Rolaram pelo chão do hospital até perderem as forças e só então caíram nos braços um do outro, jurando:
    - Beatriz, eu te amo.
    - Também te amo, Rafael.
    A enfermeira ficou alguns instantes estarrecida, depois saiu do quarto, murmurando consigo:
    - Esses hipocondríacos... e era só uma infecção intestinal.

Aquaman – Os Outros

 


Aquaman – os outros é um arco de histórias da revista Aquaman escrito por Geoff Johns e desenhado por Ivan Reis e Joe Prado que foi do número 7 ao 13 e aqui foi reunido em álbum capa dura pela Panini em 2016.

A história, que tem como vilão o Arraia Negra, gira em torno de um grupo que esse Aquaman dos Novos 52 teria feito parte, Os Outros. Na trama, o Arraia está matando os integrantes da equipe para se apoderar de artefatos ligados ao reino de Atlântida. A narrativa, aliás, começa com a morte de uma dessas heroínas, a Vidente. Depois pula para Aquaman e Meera salvando um navio em uma tempestade, que depois pula para os dois indo atrás de um cientista que estaria de alguma forma ligado ao Arraia Negra. Quando estão conversando com ele, uma das integrantes do grupo Os outros aparece para matar o cientista, mas desiste depois de uma luta com Meera.



Parece confuso? Isso é a apenas o primeiro capítulo. A confusão só aumenta, assim como situações que não se sustentam, como a briga das duas heroínas na primeira parte. Acrescente a isso flash backs, uma narrativa que vem e volta, com grandes pulos, personagens que estão aqui numa página e estão a centenas de quilômetros na página seguinte.  Coloque mais um Aquaman que só pensa em matar o Arraia Negra e chega a cogitar deixar dezenas de pessoas morrerem, dando a impressão de que, para contrabalançar a imagem humorística do personagem, o roteirista resolveu transformá-lo num anti-herói, o que definitivamente não combina com o personagem.

E a cereja do bolo: uma solução simplesmente inverossímil para o conflito.

Geoff Johns é um ótimo roteirista, mas nessa série parece ter perdido a mão. No final, o álbum vale mesmo pelas artes de Ivan Reis e Joe Prado, que dão um verdadeiro show.

segunda-feira, novembro 29, 2021

As vidas de Chico Xavier

 


Chico Xavier é uma das figuras mais importantes e polêmicas do Brasil. Sua popularidade é tão grande que, mesmo depois de morto, continua levando milhares de pessoas para Uberlândia, transformando o turismo religioso na principal fonte de renda da cidade. Não admira, portanto, que a vida do médium fosse transformada em uma biografia.
Ainda assim, o jornalista Marcel Souto Maior teve que vencer vários obstáculos para escrever o livro “As vidas de Chico Xavier”. O primeiro deles veio dos próprios colegas jornalistas. “Chico Xavier? Não é o Chico Buarque, não? Chico Anysio? Chico Mendes?”, ironizavam os amigos do Jornal do Brasil.
Outro obstáculo filho adotivo de Chico, Euripedes. Preocupado com a saúde do pai e em preservá-lo, Euripedes não deixou o jornalista passar nem do portão. Ainda assim, Marcel insistiu: resolveu assistir a uma sessão no Centro Espírita da Prece, fundado por Chico muitos anos antes. Depois que o médium deixara de comparecer, o público minguara e eram apenas 14. Surpreendentemente, naquele dia, ele resolveu reaparecer, com um sorriso largo e um terno mal-ajambrado.
Cético, Marcel não soube explicar as lágrimas que começaram a desabar em borbotões de seu rosto, sem nenhuma razão especial.
Terminada a sessão, o jornalista procurou Chico para pedir autorização para a biografia. Chico respondeu de forma indireta, evitando a palavra não:
- Deus é que autoriza.
- E ele autoriza?
- Autoriza.
Mas a muralha de Euripedes ainda continuava existindo. O jeito foi apelar para o outro filho adotivo de Chico, Vivaldo, que mora nos fundos da casa do pai.  Quando o jornalista o visitava, Chico chamou o filho por um interruptor. Quando Vivaldo saiu, um calor insuportável tomou conta das mãos do jornalista. Sobressaltado, ele largou a caneta, saltou do sofá e correu para o quintal. Ficou lá, sacudindo as mãos na noite fria, até que Vivaldo aparecesse:
- Meu pai disse que sua biografia vai ser um sucesso. Parabéns!
O episódio mostra bem os mistérios e a mística por trás de Chico Xavier. Chico escreveu quase 400 livros, cartas de pessoas desencarnadas, virou celebridade nacional. No entanto, até o final da vida, viveu de forma modesta, sem grandes fortunas, sendo quase um prisioneiro de seu próprio sucesso.
O fato do livro ser escrito por um cético, mas que passou pelas duas experiências acima (do choro descontrolado e das mãos em fogo) faz com que ele tenha a abordagem correta, não caindo nem na armadilha de um livro doutrinário, nem na reportagem sensacionalista que o filho adotivo de Chico tanto temia.
O que se revela é uma figura ímpar, que angariou milhões de fãs no Brasil todo e igual número de detratores. Essa dualidade já se apresentava na infância do médium, quando ao ouvir que ele conversava com os espíritos, a madrinha dizia que ele tinha o diabo no corpo e lhe fincava garfos na barriga na tentativa de espantar o mal. Chico, convencido de que que conversar com espíritos era errado, tentava tudo para se curar. Chegou até a desfilar em uma procissão com uma pedra de 15 quilos na cabeça, repetindo mil vezes a ave-maria. Nada adiantava. Quanto mais rezava, mais via espíritos.
O livro nos revela um Chico sofredor, que não era compreendido na infância e apanhava por causa da mediunidade. Quando finalmente se tornou adulto, sofria com doenças, como a catarata que fazia seus olhos sangrarem. À noite, era atormentado por espíritos baixos, que lhe provocavam pesadelos em, alguns casos, tentavam matá-lo usando para isso pessoas com mediunidade. Ao se queixar com seu guia espiritual, Emmanuel, recebia reprimendas. Tinha que aceitar de bom grado tudo que lhe acontecia, pois servia para expiar culpas de outras encarnações. Quando se tornou uma figura famosa, sofria com o assédio, com pessoas que queriam falar com ele mesmo quando ele estava muito doente. Além disso, Chico nunca ganhou nada com isso, pois todo o dinheiro das vendas dos livros ia para instituições de caridade.
Sua missão espírita parecia mais um castigo do que um prêmio. Por outro lado, havia as tentações. Uma vez Chico entrou no banheiro e encontrou três mulheres tomando banho nuas, jogando água umas nas outras e rindo para ele, convidativas. O médium fechou os olhos e rezou. Quando os abriu, elas haviam desaparecido.
Abnegado, Chico usava a humildade para resistir aos sofrimentos e tentações do mundo. Dizia que era um Cisco Xavier, brincando com o próprio nome. Quando lhe disseram que talvez fosse eleito para a Academia Brasileira de Letras, ele perguntou: “E agora aceitavam cavalos lá?”.
Se a biografia revela esse lado humilde, abnegado e caridoso, revela também um homem carismático e divertido. Chico gostava de contar casos e gostava de rir. Uma vez, convidado pelos amigos a pescar, foi, mas não pescou nada. Passaram a tarde na beira do rio e os amigos pegaram muito peixe. De Chico não se aproximava nem lambari. Ele acabou confessando: não tinha colocado isca no anzol, para não incomodar os bichinhos. Ao ser assediado por uma figura demoníaca, que lhe perguntava se tinha sido chamada, ele saiu-se com essa: “É que a vida anda difícil e queria que o senhor me abençoasse em nome de Deus ou das forças que o senhor crê”. O diabo reclamou: “É só a gente aparecer que você já cai de joelhos!” e sumiu.
Em suma: As vidas de Chico Xavier é um livro que abarca as várias facetas dessa famosa personalidade, num livro leve e gostoso de ler. É tão fascinante que serviu de base para o filme de Daniel Filho sobre a vida do médium mineiro.

NOIVINHA DO ARISTIDES

Feliz Natal!

 


Superman – entre a foice e o martelo

 

Um dos princípios básicos da teoria do caos é a dependência sensível das condições iniciais – a percepção de que pequenas mudanças no início do processo pode provocar grandes mudanças a longo prazo. O roteirista Mark Millar parece usar esse princípio na sua aclamada série Superman – entre a foice e o martelo.
Na história, o bebê kriptoniano cai em uma fazenda russa, sendo criado em plena União Soviética stalinista. Essa pequena mudança geográfica (à certa altura um personagem se pergunta: já imaginaram se ele tivesse caído 12 hora antes?) provoca uma mudança global absoluta. Com uma figura indestrutível, capaz de se mover à velocidade do pensamento e super-poderosa, a URSS ganha a guerra fria. Quando, após a morte de Stalin, o Super-homem é alçado ao poder, o império soviético se estende pelo mundo.
Millar reimagina o universo DC: Lex Luthor, o arqui-inimigo do Homem de aço, torna-se a maior arma norte-americana contra o avanço do estado comunista. A Mulher Maravilha alia-se ao Super-homem e Batman, após ver seus pais sendo mortos por homens da KGB, torna-se um terrorista anti-sistema.
O roteirista consegue equilibrar esses elementos de forma segura e verossimilhante. Em nenhum momento a história parece forçada – tudo parece ser consequência óbvia do que veio antes – até mesmo o final duplamente surpreendente. Trata-se de uma verdadeira epopeia quadrinística que em nenhum momento resvala para o preto e branco. Ao contrário, explora muito bens os tons de cinza de personagens que acham, cada um a seu modo, que estão fazendo o melhor para o mundo.
Uma única palavra para descrever Superman – entre a foice e o martelo: obrigatório. 

Conan – Escravo nas galés

 


Roy Thomas está tão associado ao Conan que é difícil imaginar uma história em quadrinhos do bárbaro escrita por outra pessoa. No entanto, uma pessoa que conseguiu escrever ótimas histórias do personagem foi Bruce Jones.

A Ilha da Aranha, publicada em Conan The Barbarian 140 e 141 é um exemplo disso. Com desenhos do mestre John Buscema, Jones conta uma tremenda uma história, repleta de ação e terror, duas características essenciais das histórias originais do bárbaro.

A história começa com Conan sendo levado para um navio... 

A história começa com Conan desacordado sendo carregado para dentro de um navio. O capitão reclama: “Vocês levaram metade da noite, Frank!”. “Este cimério é forte! A droga levou o dobro do tempo para agir!”, responde o marinheiro.

A razão pela qual Conan está sendo levado desacordado para o navio só é explicada depois, em um flash back.

... a razão para isso só é explicada num flash back. 

O Capitão estava na noite anterior bebendo em um bar quando foi abordado por uma prostituta. Desconfiado de que ela queria roubá-lo, ele ameaçou deformar seu rosto com o gancho que usa no lugar da mão esquerda. Conan não só impediu que ele fizesse isso como ainda o derrubou, fazendo com que ele se tornasse motivo de riso.

A cena que vemos no início é, portanto, resultado de uma vigança.

Segue-se uma sequencia de eventos: o cimério é quase morto, acaba sendo colocado como escravo nas galés e mata o capataz.

A história faz referência à mitologia lovecraftiana. 

Enquanto isso o capitão, num interlúdio romântico com uma moça apavorada, cujo pai foi assassinado na sua frente, resolve visitar uma ilha. E os escravos, assim como a tripulação vão junto para coletar alimentos. Tudo é, no entanto, uma estratégia de vingança do pai da moça, que não morreu graças às magia negra, com direito até mesmo a uma homenagem a Lovecraft: “Esse foi o preço que paguei aos deuses negros de Rlyeh! Eu supliquei aos filhos do grande Ctchulhu e, em pagamento, eles me fizeram este castelo... e completaram minha vigança contra o odiado Davalte!”.

A sequência dos zumbis-aranhas é eletrizante. 

Claro que o homem ficou louco e a vingança acaba se voltando também contra Conan, a moça e um marinheiro. Segue-se uma sequência alucinante em que os três são perseguidos por zumbis controlados por aranhas, algo ainda mais destacado pela arte dinâmica de John Buscema.  

No Brasil essa história foi publicada pela editora Abril em Conan, o bárbaro 13. 

Sherlock Time, de Oesterheld e Breccia

 


Héctor Oesterheld é um dos maiores roteiristas de todos os tempos. Alberto Breccia é um dos mais revolucionários desenhista que já pisaram em uma editora de quadrinhos. Qualquer colaboração entre esses dois mestres só poderia ser uma obra-prima. E, desde a primeira HQ, Sherlock Time, essa dupla se mostrou genial.
O personagem foi criado em 1958 para a revista Hora Cero, editada por Oesterheld.
Como o próprio nome sugere, Sherlock Time é um detetive temporal (ou do espaço-tempos, pois ambos são indissociáveis, como explica o herói).
Oesterheld usa um expediente que seria repetido em várias outras obras: a de um mundo fantástico ou de aventuras sendo contado pela ótica de um homem comum. Na história, um homem chamado Julio Luna compra uma mansão por uma pechincha apenas para descobrir que o local parece assombrado. Um vizinho lhe conta que todos os outros moradores desapareceram misteriosamente e é possível que esteja enterrados no quintal ou na própria casa.
Ao adentrar em sua nova propriedade, Luna vê sangue pingando no chão. Isso é o início de uma longa sequência em que Oesterheld faz o seu melhor: esticar o suspense até o seu máximo. A isso junta-se a habilidade Breccia para não só retratar imagens, mas dar significado a elas. As árvores do quintal, por exemplo, parecem fantasmas ameaçadores. As sombras, opressivas, parecem fechar-se sobre o personagem. As gotas de sangue caindo marcam o ritmo de suspense e mostram o quanto Breccia era inovador: sua primeira representação é de fato uma gota de nanquim sobre a página.
Este é, provavelmente, o trabalho com maior influência de Jorge Luís Borges. Oesterheld era fã de Borges. Mas podemos perceber outros elementos aí, em especial Edgar Alan Poe e Conan Doyle. Assim, a história é estruturada sempre através de contos nos quais aparece inicialmente uma situação fantástica, seja um ídolo que é amado e odiado por seu comprador a um tesouro escondido nos jardins, que se revela uma armadilha. Finalmente, termina com Sherlock Time explicando o acontecimento para Luna. A dupla consegue levar essa estrutura a níveis altíssimos, fazendo um trabalho que nitidamente era focado no leitor adulto – muito antes de existirem as graphic novels.
Há também contos soltos, como o do homem que cai em um planeta desconhecido e acaba descobrindo que está em uma rina extraterrestre.
A edição da Colihue, em formato de álbum, é bem melhor que a diminuta publicação do Clarin, cujo formato comprometia tanto o texto de Oesterheld quanto a arte de Breccia. Mas peca em um detalhe essencial: a impressão foi feita a partir das edições do Hora Cero e não dos originais – e não foi feito nenhum tratamento nas letras. O resultado é que em alguns pontos as falhas de impressão tornam quase impossível ler o que está escrito.

Mort Cinder, o homem das mil mortes

 


Hector Oesterheld é certamente um dos maiores escritores de quadrinhos de todos os tempos, rivalizando apenas como Alan Moore. Alberto Breccia é um dos mais revolucionários desenhistas de todos os tempos, tendo criado um estilo que influenciou diversos outros artistas, entre eles Frank Miller. A união desses dois grandes talentos só poderia resultar em uma obra-prima. E essa é a melhor expressão para descrever o álbum Mort Cinder, publicado recentemente pela editora Figura após uma campanha no Catarse.
Mort Cinder poderia ser descrito como a história de um homem imortal, mas essa é apenas uma simplificação grosseira. Mort Cinder é uma história de realismo fantástico, um suspense inigualável, uma obra com forte conteúdo político e histórico.
Quando a série começou a ser publicada na revista Misterix, Breccia pediu a Oesterheld que atrasasse  o surgimento do protagonista porque ainda não havia se decidido quanto à sua caracterização. Mestre absoluto da narrativa, Oesterheld transformou essa limitação em um dos maiores méritos da história. Assim, acompanhamos um antiquário, Ezra Winston, e diversos fatos estranhos que ocorrem com ele, fatos que irão se acumulando até o encontro com Mort Cinder, renascido após ser enforcado. Mas para presenciar esse renascimento – e ajudar o herói – Ezra precisará enfrentar os misteriosos olhos de chumbo. Isso introduz um senso de mistério único na história e faz desse senso de mistério o motor da narrativa. Também introduz uma espécie de realismo fantástico, que lembra muito Jorge Luís Borges.
Soma-se isso ao texto poderoso de Oesterheld: “A estrada se faz trilha. Os retalhos de neblina se alongaram à minha passagem. Rãs coaxaram e era como avançar por um oceano morto, já decomposto. A sombra ao meu lado se mexeu”. Quantos roteiristas de quadrinhos chegaram a esse nível de refinamento do texto? Quantos conseguiram criar uma atmosfera tão opressiva apenas com algumas palavras?
Por outro lado, a arte de Breccia é tão impactante, tão inovadora em que cada quadro merece ser visto várias e várias vezes. Breccia não tem limites: usa borrões, cortes de gilette, parece não existir nada que ele não experimente para ajudar a criar o clima da HQ.
Então imagine uma HQ em que cada quadro é uma obra de arte a ser vista e deleitada. E no qual cada balão tem a força e o valor de uma poesia inteira. Esse é Mort Cinder.
O álbum tem 232 páginas, em formato em capa dura, formato A4. É uma publicação de luxo, cujo formato permite apreciar melhor a arte de Breccia. Há um inconveniente: como a publicação original da série, a revista Misterix, variou do formato horizontal para o vertical, a leitura de algumas páginas fica prejudicada, obrigando o leitor a virar o volume. Mas é compreensível: isso foi feito para evitar adulterar a arte original.

domingo, novembro 28, 2021

Groo amigos e inimigos

 


 Groo é um dos melhores quadrinhos de humor de todos os tempos. Criado por Sérgio Aragonés (com textos de Mark Evanier), o título é garantia absoluta de boas gargalhadas. Os dois volumes de Groo – amigos e inimigos, lançados pela Mythos em 2017, são ótimos exemplos disso.

Os álbuns apresentam encontros do aparvalhado bárbaro com alguns dos seus principais inimigos (que são muitos) e amigos (que são poucos).

A primeira historia do segundo volume mostra a irmã de Groo, a rainha Grooella, às voltas com um rei vizinho em uma guerra de cartas. A troca de ofensas extrapola o razoável quando o rei diz que Grooella é parente do Groo, uma ofensa tão grande que faz com que ela convoque imediatamente seu exército e o mande ao combate. Só que é um estratagema: a ideia é aproveitar que o castelo está desprotegido e tomá-lo. No caminho as forças de Groella encontram Groo, que se se põe a atacar os soldados até se informado que aquele é o exército de sua irmã, o que faz com que e ingresse em suas fileiras, para desespero de todos. Um dos soldados resume a situação: “Nem sei o que é pior”. Claro que no final, Grooela se dá muito mal, o que não poderia ser diferente para quem tem Groo como aliado.

Uma página dupla repleta de detalhes que só Aragonés sabe fazer. 


Em outra história, Groo encontra o Sábio, que pretende resolver o problema de aldeões, que pagam um caro pedágio para atravessar uma ponte. Eles poderiam construir uma outra ponte, mas o rei com certeza a destruiria antes que estivesse pronta. Tudo parece se resolver quando chega Groo. Nenhum soldado seria louco de atacar a ponte guardada por ele. Mas o que parece a solução vira um desastre absoluto.

Mas talvez a melhor história seja a última, como Tecelão, uma espécie de jornalista, que conta as proezas de Groo. Precisando de mais relatos, ele passa a seguir o errante, pronto para narrar os desastres provocados por ele. Mas acontece o oposto: nunca há nenhum desastre produzido por Groo pela simples razão de que, sempre que ele se aproxima de uma aldeia, os próprios aldeões colocam fogo nela para evitar que Groo destrua o local: “Se nós mesmos incendiarmos tudo, ele será obrigado a fugir... e talvez não tenha tempo de ceifar nenhuma vida”, explica um aldeão. A história guarda ainda uma fina ironia: sempre que o Tecelão resolve mentir em suas crônicas, ele acaba contando, involuntariamente, exatamente o que aconteceu.

Groo – amigos e inimigos é um ótimo exemplo de que Groo não é só engraçado. É também humor altamente inteligente.