Os irmãos Coen são, nitidamente, fãs do faroeste. Não por acaso já fizeram a refilmagem de um clássico, Bravura indômita e vários de seus outros filmes têm características de faroeste, como o premiado Onde os fracos não têm vez.
Em A balada de Buster
Scruggs, de 2018, os dois fazem ao mesmo tempo uma homenagem ao gênero e uma
versão muito própria, com as característica da dupla.
O
filme é narrado a partir de um livro com ilustrações, o que lhe dá um ar nostálgico.
São seis histórias sem
nenhuma relação entre elas a não ser o fato de se passarem no velho oeste e de
terem a morte como tema.
A primeira história – e
também a melhor – é a que dá título à película. Buster Scruggs é uma
carismática caricatura do cawboy clássico, vestido de branco, sempre com um
sorriso no rosto e implacável quando atira. A sequência inicial o mostra sobre
um cavalo num deserto, tocando violão e cantando. Quando chega em uma birosca
no fim do mundo, descobre que o local só atende foras da lei. Parece que o
almofadinha será liquidado, mas sua habilidade com o revólver é tão espantosa
que provoca humor. Aliás, toda a sequência é repleta de humor ácido.
Buster Scruggs é um
personagem tão interessante que se o expectador acha uma pena que ele tenha
sido aproveitado apenas em uma história curta.
A sequência seguinte
mostra um ladrão de bancos condenado à forca. Ele acaba se livrando da morte
por um ladrão de gado apenas para ser condenado à forca. É a famosa cena,
transformada em meme, do bandido sendo enforcado e perguntando ao outro, que
chora, se é a primeira vez. Além do humor, o episódio se destaca por um bom uso
do suspense.
A sequência seguinte, Meal Ticket, é sobre um empresário que tem como principal
atração um homem sem pernas ou braços, que recita poesias e discursos. É uma
das sequências mais intimistas e tocantes. Detalhe: o personagem sem braços e
pernas não diz uma única palavra fora das apresentações.
All
Gold Canyo é outra sequência intimista, sobre um garimpeiro solitário que
descobre ouro, mas pode perder tudo.
The
Gal Who Got Rattled se destaca pelo final irônico. A trama gira em torno de
colonos que atravessam o país na direção do oeste e mais especificamente uma
moça que perde o irmão e começa a se enamorar pelo guia.
Finalmente,
The Mortal Remains é um episódio sem trama, que parece ter sido introduzido
apenas para desenvolver o tema da morte, comum a todas as histórias. Nele,
cinco pessoas estão viajando numa carruagem e entabulam uma conversa sobre a
natureza do ser humano. A conclusão: as pessoas se dividem entre vivas e
mortas, o que parece refletir o contexto do filme.
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