quinta-feira, maio 05, 2022

Monstro do Pântano - enterro

 


Quando assumiu o título do Monstro do Pântano, Alan Moore revolucionou o personagem. O protagonista deixou de ser Alec Holland e passou a ser um agregado de criaturas do pântano, criado a partir das memórias de Holland.

Mas isso deixava uma ponta solta: se o monstro não era Holland, o que acontecera com Holland? Moore aproveitou o número 28 da revista para explicar isso e, ao mesmo tempo, deixar claro que a revista entrava em uma nova fase. Muito apropriadamente, a história se chamou de O enterro.

A origem do personagem é revivida. 


Desenhada por Shawn McManus em início de carreira, a história inicia com o protagonista cavando um buraco (que depois descobrimos ser um túmulo). Corta para um flash back de uma conversa do personagem com Abbe Cable, no meio do qual aparece o fantasma de Alec Holland. O monólogo do personagem, enquanto persegue o espectro, é perfeito: “Você não é Holland. Eu não sou Holland. Holland morreu. Morreu numa explosão. Eu carrego a consciência e a memória dele. Mas ele morreu e eu não serei... assombrado... por mim mesmo”.

O fastama o leva à casa onde Holland e sua esposa faziam pesquisas com a fórmula biorestauradora e o monstro vê, acontecendo diante de seus olhos, os fatos que levaram à sua criação: o laboratório explodindo e o cientista em fogo pulando no pântano.

A HQ é uma despedida poética da fase anterior.


Numa sequencia maravilhosa, a versão antiga do monstro emerge do pântano, como um fantasma e ambos ficam frente a frente.

É interessante como Moore consegue, ao mesmo tempo, ser revolucionário, mostrar uma quebra com o que veio antes, mas, ao mesmo tempo, ser extremamente reverente com o material original de Len Wein e Bernie Wrightson numa despedida emocionante e poética. Uma história simples, sem reviravoltas ou grandes tramas, mas que o mostra o a estatura de Alan Moore no roteiro.

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