quinta-feira, junho 30, 2022
Flash Gordon
Megalópoles de informação
Entenda por que os comentários estão sendo moderados
- Gian, entrei no seu blog e tentei comentar numa matéria, mas não ele não foi publicado imediatamente
- Infelizmente eu tive que acionar a moderação de comentários.
- Caramba, são dezenas de comentários iguais o cara já começa te chamando de stalinista!
Surge o Quarteto Fantástico!
O lançamento do primeiro número do Quarteto Fanstástico, em novembro de 1961, mudou para sempre o mercado de quadrinhos norte-americanos. De uma editora decadente, que se resumia a Stan Lee e uma secretária, a Marvel (que na época não se chamava Marvel), começou uma caminhada que a transformaria na grande estrela do mercado, superando a gigante DC ainda na década de 60.
A leitura desse primeiro gibi (disponível no número dois da Coleção Clássicos Marvel), permite observar alguns segredos desse sucesso, a começar pela impressionante capa de Jack Kirby com o quarteto envolvido numa luta contra um monstro que surge das profundezas. A capa inteira é um exemplo perfeito de composição em que tudo funciona harmonicamente, com os elementos muito bem distribuídos, incluindo os balões de diálogos. “Eu não consigo ficar invisível rápido o bastante! Como vamos deter essa criatura, Tocha?”, pergunta Sue, enquanto seu irmão responde: “Espere e verá, irmã! O Quarteto Fantástico só começou a lutar!”.
Aqui temos várias inovações. Entre elas, o sentido de família, que iria ser a principal característica do título em todo esse tempo. Ao contrários de outros grupos de heróis, que se encontram aleatoriamente, os quatro vivem juntos, são uma família e enfrentam todos os problemas relacionados a isso, o que era uma tremenda novidade na época. Dá para imaginar a sensação que essa capa causou entre os garotos do início da década de 60.
Os autores criam mistério para instigar a curiosidade do leitor. |
O miolo também não deixa por menos. Os personagens são apresentados de forma a instigar a curiosidade do leitor. Reed atira um sinalizador, chamando o restante da família para o edifício Baxter, mas não vemos seu rosto. Então acompanhamos cada membro do quarteto vendo o sinal e respondendo ao chamado. Eles são apresentados de forma a instigar ainda mais o leitor, muitas vezes com toque de humor. Sue, por exemplo, fica invisível para pegar um taxi invisível, deixando o taxista aturdido.
Só quando atendem o chamado é que a narrativa paralisa e nos é contada a origem do grupo. E aqui mais uma inovação: a história é dividida em capítulos, sempre iniciados com uma imagem de impacto (posteriormente Jack Kirby usaria splash pages).
A demonstração dos poderes dos personagens é bem-humorada. |
A razão pela qual foram chamados: monstros estão surgindo das profundezas e destruindo usinas nucleares, um enredo que remetia diretamente aos gibis de monstros da Atlas na década de 50, versões suaves dos quadrinhos de terror.
Então, o Quarteto não só era uma família, era também um título que unia super-heróis, terror e ficção científica!
O vilão, o Toupeira, é apresentado como alguém rejeitado pela sociedade em razão de sua feiúra, que indo para o centro da terra se torna cego. Já ali observamos algo que caracterizaria os vilões da Marvel: nenhum deles era mal por ser. Todos eles tinham uma motivação, uma razão para suas ações.
Tirando um outro deslize (à certa altura o Sr. Fantástico tira de ação, jogado no mar, um monstro que tem asas!), é uma edição deliciosa de ler e totalmente inovadora.
Invencível
Parece que a Amazon Prime resolveu investir pesado em super-heróis. Depois da série de sucesso The Boys, baseada nos quadrinhos de Garth Ennis, a plataforma traz Invencível, uma animação baseada nos quadrinhos de Robert Kirkman, criador de Walking Dead.
O fato de se tratar de uma animação pode dar a entender que Invencível seja uma série menor em termos de ousadia, afinal, existe o preconceito de que animações são para crianças.
Não é o caso.
Invencível é uma animação para adultos. É violento, complexo e principalmente desruptivo. Logo no primeiro episódio fica claro que por trás dos uniformes coloridos se escondem segredos obscuros, traições e até indivíduos mau-caráter.
A história é focada em Mark Grayson, um adolescente norte-americano aparentemente comum. Mas ele é filho do Omini-man, um poderoso super-herói alienígena. Quando Grayson sai da adolescência, seus poderes aparecem e ele precisa lidar com super-vilões e, ao mesmo tempo, com os problemas da adolescência, como o namoro.
Mas há algo mais: os principais heróis do planeta, os Guardiões Globais, foram mortos e tudo leva a crer que o responsável é Omini-man.
Em pelo menos um sentido, Invencível é melhor que The Boys: como a animação não exige recursos adicionais, o roteiro pode viajar mais, a ponto do personagem ir, por exemplo, para Marte. E isso é muito bem aproveitado para criar diversos ganchos.
Enfim, Invencível é uma dica para quem gosta de super-heróis, mas está cansado do lugar-comum.
O uivo da górgona mistura zumbis e crítica social
Sonja – O demônio no labirinto
Embora sejam contemporâneos e tenham vivido aventuras juntos, Conan e Sonja são muito diferentes, inclusive em termos de estrutura das histórias. Embora seja um personagem de espada e magia, as histórias do cimérios são mais cruas e mais realistas. Sonja, ao contrário, vive histórias mais fantasiosas e algumas vezes chega até mesmo a usar a magia a seu favor.
Exemplo disso é a história
O demônio do labirinto, publicada em Red Sonja 2. A história, escrita por Roy
Thomas e desenhada pelo sempre fantástico Frank Thorne, começa com a guerreira
andando pelo porto e vendo duas caravelas se chocando misteriosamente, o que
faz com que toda a tripulação dos dois barcos morra. “Pelos olhos negros de
Eruk! Nenhum navio se choca contra outro como dois animais cegos!”, exclama a
donzela. “Será que estou sonhando?”.
A história inicia com um fato aleatório: dois navios se chocando. |
Esse início inusitado e
aparentemente aleatório, é o começo de uma trama que vai se desenrolar num
labirinto no qual a guerreira ruiva vai parar após ser sequestrada por um
gigante mesmerizado.
Além da própria
dificuldade do labirinto, o local é mágico, e provoca alucinações na guerreira.
Mesmo assim, ela consegue sair, apenas para e deparar com um mago caído, que
lhe diz que ela é a primeira mulher a conseguir a façanha de sair do local e,
como tal, ela poderá libertar um demônio de sua maldição, tornando-se sua
noiva. “Eu não tenho a menor intenção de ser mulher de ninguém!”, responde a
ruiva.
Frank Thorne retratava Sonja com cabelos selvagens, olhar felino e lábios decididos. |
O mago a avisa para pegar
os ossos dos guerreiros mortos que encontra no caminho e usá-los no momento
certo. Quando Sonja encontra um feiticeiro maligno que a ataca com uma horda de
demônios, parece o momento certo e os ossos se transformam numa legião de
guerreiros esqueléticos. Conseguem imaginar Conan usando um recurso semelhante?
E os barcos que se chocam
no início? Lá pelo final da história, aquele fato aleatório acaba tendo uma
importância fundamental na trama.
Sonja usa magia para combater o adversário. |
Em tempo: embora o roteiro
seja bem elaborado e explore bem as características da personagem, é o desenho
de Thorne que chama atenção. Essa era sua segunda colaboração com a personagem
e ele já mostrava todas as características que o fariam célebre: o cabelo ruivo
em ondas selvagens, o olhar felino, os lábios grossos e decididos...
quarta-feira, junho 29, 2022
A primeira revista Marvel que li
Superaventuras Marvel número 4 foi a primeira revista de heróis que eu li, provavelmente no ano de 1982. Eu estava em uma fila de banco do tipo que durava a manhã inteira e parte da tarde (sim, havia uma época em que a única forma de pagar contas era enfrentando a fila do banco). Alguém tinha levado essa revista e, quando terminou de ler, alguém pediu emprestado, mas acabou emprestando para outra pessoa. Assim, a revista foi passando de mãos em mãos até chegar ao local em que eu estava. Ali ela parou. Devorei a revista da primeira à última página. Lembro que gostei do Demolidor do Frank Miller. Mas que o que realmente me chamou atenção foi a história do Doutor Estranho, que tinha um forte toque de horror, e a história de Conan. Em certo ponto o dono pediu a revista de volta e tive que devolver. Nunca mais achei essa edição, nem mesmo em sebo, mas ela foi essencial para que eu me tornasse leitor de quadrinhos.
Lobato contra modernistas na revista Discutindo Literatura
Discutindo Literatura era uma revista da editora Escala volta para professores de Português. Eu colaborei com o número 20 com um artigo sobre um assunto polêmico: a relação entre Monteiro Lobato e os modernistas. A maioria das pessoas acredita que Lobato foi contra o modernismo (há quem acredite até que ele chegou a vaiar e jogar ovos contra os modernista). Mas na verdade, a relação entre ambos era mais que amigável: afinal, Lobato era o editor de alguns dos principais escritores modernistas.
Um estranho em uma terra estranha
A arte Steve Ditko, o gênio dos quadrinhos
Quando criou o Homem-aranha, Stan Lee chamou o desenhista para o título. Originalmente o personagem seria desenhado por Jack Kirby, mas a troca foi mais que acertada: o Peter Parker franzino e inseguro de Ditko foi um das razões pelas quais o título se tornou um campeão de vendas.
Ditko também criou o Dr. Estranho, maravilhando os leitores com as cenas psicodélicas de realidades paralelas. A marca de Ditko no personagem foi tão grande que ele só voltaria a ter uma fase equivalente na década de 1970, mas mãos de Steve Eglehart e Frank Brunner. Para a Charlton Ditko criou uma galeria de personagens que depois dariam origem aos "heróis" de Watchmen. Aliás, não só o Rorschach é baseado no personagem Questão, criado por Ditko como visualmente lembra muito o Mestre do Crime, um vilão criado por Ditko para o Homem-aranha.
Nada melhor para homenagear esse gênio do que apreciarmos sua arte.
Escrevendo quadrinhos: Não mostre tudo
Eu costumo dizer que quadrinho é a arte da elipse. Elipse é uma figura de linguagem em que pulamos parte da frase, deixando restante subentendido. Por exemplo: Maria gosta de mação, João, de morango. O verbo gostar foi pulado, mas o sentido se manteve – é uma elipse.