Tomos fantásticos foi uma antologia de fantasia publicada pela editora 9Bravos no ano de 2014.
quarta-feira, agosto 31, 2022
O coração negro em Tomos fantásticos
A arte fantástica de Marc Simonetti
Marc Simonetti é um dos principais ilustradores da atualidade, em especial graças ao seu trabalho nas capas francesas e brasileiras da série Crônica de Gelo e Fogo. Simonetti ilustrou também livros de H. P. Lovecraft.
A fábula da galinha
Prelúdio à Fundação
A catedral do mar
Homem-Aranha encontra Kraven, o caçador
Kraven, o caçador tornou-se um vilões mais célebres do
homem-aranha depois da história A ultima caçada de kraven, de JM De Matteis e
Mike Zeck. Mas esse personagem surgiu muito antes. Mais especificamente em The
amazing spiderman 15, de 1963.
Na trama, o Camaleão quase é pego pelo Aranha e decide que
precisa contratar alguém para eliminá-lo. Se você não sabe quem é o Camaleão,
está desculpado. Embora esse fosse um dos principais vilões do aracnídeo nas
primeiras histórias, com o tempo ele praticamente desapareceu.
O Camaleão resolve contratar Kraven, que surge em Nova York como celebridade.
O Camaleão, cujo poder estava relacionado ao disfarce,
refletia: “Ele é perigoso demais para mim, e ninguém seria louco para atacá-lo
para me ajudar!”. Nesse momento ele lembra de alguém seria louco o bastante:
Kraven, o caçador.
Curiosamente, quando o personagem aparece pela primeira vez
na história, ele é uma celebridade a ponto de JJ Jameson ter ido pessoalmente
ao porto recebê-lo, levando Peter Parker para registrar o momento.
Ditko e Lee aproveitam essa chegada para mostrar as
habilidades de Kraven: Jaulas que estavam sendo retiradas no navio desabam,
liberando feras selvagens, como cobras e gorilas. Kraven os captura um a um,
para delírio da galera. Um acontecimento muito conveniente para o roteirista, eu
diria.
Um acidente permite a Kraven mostrar sua habilidades. Isso que chamo de roteirismo.
Mas a grande fera que o caçador quer capturar é ninguém menos
que o Homem-Aranha. Para isso ele coloca na mão e no pé direitos do herói
algemas magnéticas, que não só tendem a se aproximar como ainda têm sininhos
embutidos que tocam quando ele se mexe.
O herói está em apuros, pois não só as algemas tendem a
imobilizá-lo, como ainda alertam o vilão sobre sua posição. Mas as sequências
em que o herói está em desvantagem duram pouco. O aranha joga fluído de teia
nas algemas anulando os sininhos e a partir daí domina a caçada.
É inevitável pensar no seguinte: como Kraven tivera
tecnologia para desenvolver algemas magnéticas, mas não tivera a ideia de fazer
algum mecanismo eletrônico de som, ao invés de depender de sininhos que
poderiam ser silenciados com teia?
Kraven inventa algemas tecnológicas e coloca sininhos nelas. Sim, sininhos.
Assim que o aracnídeo consegue prender o caçador em sua teia,
aparece a polícia e prende não só ele, como o camaleão: “Eu não fiz nada! É o
Kraven que vocês querem! Ele anda caçando seres humanos!”.
De novo fica a pergunta: por que a polícia leva Kraven preso,
já que a única prova contra ele era o relato do aranha, que a essa altura já
tinha se escondido para tirar fotos? E como o camaleão, que antes parecia um
vilão frio, resolve confessar a trama, assim, sem mais nem menos?
Entretanto, a narrativa visual de Ditko e o texto de Lee eram
tã divertidos que os leitores tendiam a ignorar essas inconsistências do
roteiro.
terça-feira, agosto 30, 2022
Casamento no Quarteto Fantástico
Histeria - a história do vibrador
Anúncio antigo de vibrador. Os médicos recomendavam. |
O despertar da Mulher Invisível
Demolidor – Jornada de terror
A fase Denny O´Neil – David Mazzuchelli no título do Demolidor é considerada apenas um intervalo entre as duas fases igualmente geniais de Frank Miller no título. Mas essa fase, pouco valorizada, teve suas obras-primas.
Uma delas foi Jornada de terror, publicada em Daredevil 222.
Na história, Glorianna O´Breen, na época namorada do herói cego, está voltando para os EUA quando um terrorista tenta sequestrar o avião. A intervenção da moça faz com que a arma atire e atinja uma maleta que transportava gás do medo. Com todos a bordo tomados pelo pavor, o avião cai num pântano.
Demolidor e Viúva Negra vão atrás dos sobreviventes. |
O Demolidor e a Viúva Negra vão atrás dos sobreviventes. Matt tenta salvar sua namorada e Natasha quer capturar o inventor do gás. Nesse meio tempo, Glorianna e o inventor são aprisionados por uma família dos pântanos. Os bandidos querem casar a moça com um dos irmãos, com problemas mentais. Depois da lua-de-mel, ela será morta, avisam.
O desenho explora as expressões de pavor dos personagens. |
O caminho percorrido pelos heróis é cheio de perigos incluindo armadilhas e cobras. Mas o destaque aqui são os perigos psicológicos. O medo é o maior inimigo. Denny O´Neil consegue explorar muito bem isso no texto e o desenho de Mazzuchelli complementa o roteiro ao mostrar os personagens em closes, os olhos com pupilas dilatadas, a expressão de pavor, o gás em volta, numa névoa de terror.
Ao explorar muito bem esses elementos, a dupla consegue fazer uma história que funciona perfeitamente, da splah page de abertura ao final irônico.
Novo livro organizado por Gian Danton e Rafael Senra discute a Cultura Pop
Cultura pop, comunicação e linguagem é uma antologia organizada por Ivan Carlo Andrade de Oliveira (Gian Danton) e Rafael Senra. Divididos em artigos e ensaios, os textos abordam os mais diversos temas dentro do leque da cultura pop.
No âmbito dos quadrinhos, começamos com uma análise da adaptação da história de Conan "A torre do elefante", passando pelo conceito de Gynoid no mangá "Hyper future vision", e até uma interpretação da jornada do herói a partir da saga "Estação das brumas" em Sandman. No campo da música, temos uma abordagem semiótica da capa do álbum "Artpop" da cantora Lady Gaga, e, na interface entre literatura e outras mídias, uma análise de adaptações da obra "The Witcher".
Para completar o livro, os ensaios tratam de representações da Grande Depressão em dois quadrinhos, além das obras de Chris Ware e, para concluir, uma reflexão sobre o papel de Jim Shooter no comando da editora Marvel Comics.
Para baixar, clique aqui.
O carrasco dos gibis
No início da década de 50, o psicólogo alemão naturalizado norte-americano Fredrick Werthan publicou uma obra que teve grande influencia sobre o futuro das histórias em quadrinhos. O Livro Sedução de Inocentes acusava os gibis de provocarem preguiça mental e delinqüência juvenil. Para Werthan, as crianças que liam quadrinhos se tornariam marginais e perderiam completamente o gosto pela leitura.
Mestre do Kung Fu: o amargo sabor da imortalidade
A belíssima página de abertura foi modificada pela Abril. |
Ás inimigo
“Joe, eu tenho uma idéia para um novo personagem. Um ás da
aviação, rabugento, que tem derrubado mais aviões inimigos que todos os os
outros pilotos do seu grupo juntos”. Foi com essas palavras que o escritor
Robert Kanigher apresentou o personagem Ás inimigo ao desenhista Joe Kubert.
As histórias desse anti-herói se passavam em plena I Guerra
mundial, uma época em que os aviões eram feitos de lona, madeira e cabos e a
batalhas aéreas eram focada principalmente nas estratégias. O personagem era um
aviador alemão.
Ao receber o primeiro roteiro, Joe Kubert, empolgado,
vasculhou bibliotecas e livrarias em busca de referências visuais: “Eu queria
que os leitores aceitassem o Ás inimigo como algo realmente crível, assim como
eu havia aceitado a premissa da história”.
O personagem era um solitário, que tinha como único amigo um lobo. |
A primeira HQ do personagem, publicada em Our Army At
War 151 mostra que tanto Kubert quanto
Kanigher conseguiram o objetivo.
A história inicia com um avião francês em queda livre, o
motor expelindo fumaça, enquanto, no canto superior, o ás inimigo aparece em
close. O texto diz: “Como um frágil pardal, o avião inimigo sucumbe sob a dupla
artilharia de minha espandus... o francês foi um galante oponente. Está me
saudando através da fumaça!”.
O objetivo da história nitidamente é apresentar o personagem,
tanto que não é há um adversário claro.
Descobrimos, por exemplo, que até o serviçal considera o
protagonista um assassino frio, capaz de dormir tranquilamente logo após matar
diversos homens. Descobrimos que ele não se sente feliz nem nos braços de uma
bela enfermeira, nem na companhia de outros pilotos e nem mesmo quando recebe
mais uma condecoração: “Quando recebi a cruz de ouro também me senti sozinho!”.
A série era muito competente ao mostrar as estratégias usadas durante as batalhas aéreas. |
Aparentemente ele tem um único amigo, um lobo encontrado
durante uma caçada. “Os outros animais o chamam de máquina assassina também?”,
pergunta ele ao lobo.
Algo que chama atenção, além do traço belíssimo e da pesquisa
minunciosa de Joe Kubert, é a forma como
Kanigher consegue mostrar perfeitamente as estratégias usadas pelo
protagonista para derrubar aviões inimigos. À certa altura, por exemplo, ele
está escoltando um zepelin quando este é atacado por três aeronaves. Von Hammer
derruba o primeiro e, enquanto o segundo o persegue em volta do zepelin, ele dá
a volta e a pega o terceiro desprevenido.
Não por acaso, Ás inimigo é um dos trabalhos mais célebres da
dupla Kanigher-Kubert.
No Brasil as histórias desse personagem foram reunidas em um álbum da Opera Graphica.
segunda-feira, agosto 29, 2022
Família Titã: Uma insólita obra-prima
Assim, Bennett e Gian se reuniram em um cômodo que eles chamavam de estúdio situado na clínica de um tio do desenhista, que estava fechada. Então, eles conversaram sobre as possíveis estórias e surgiu a idéia de fazer uma homenagem à Família Marvel.
A estória foi elaborada naquele momento. À pedido de Franco, ela deveria conter cenas de sexo, entretanto, para os autores, não havia como encaixar sexo na HQ. Então, Bené ficou como responsável para adicionar esse tema. De fato, das 30 páginas, apenas duas contiveram cenas de sexo.
No mesmo dia, Benné fez o rafe da estória e Danton os balões. Em menos de uma semana, o artista desenhou e arte-finalizou a Família Titã. Foi um recorde, afinal, era um trabalho urgente.
César amava Melissa, que amava Paulo. Esse triângulo, de fato, foi a fonte para todos os eventos da trama. César, inadvertidamente, encontrou um artefato alienígena que lhe garantiu toda e qualquer forma de poder. Por ser um trágico humanitário, o jovem deficiente decidiu compartilhar sua descoberta com seus amigos, que fizeram uso do disco e se tornaram os super-heróis Tribuno, Centurião e Vésper.
E durante algum tempo, eles foram os heróis do planeta, salvando as pessoas de ameaças e tragédias. Mas o clímax atinge quando todos passam a confrontar os ideais, resultando em uma tragédia digna da civilização grega.
"Sim, tragédia e realismo fazem a cabeça dos leitores de hoje e o engraçado é que nós introduzimos isso há quase 20 anos", completou Bennett.
Danton continua brincando que eles são Stan Lee e Jack Kirby, "dois caras bem diferentes, mas que usam essas diferenças nas estórias".
"Tanto que Franco a publicou várias vezes [Risos]", concluiu o artista.
Apesar de seu roteirista Gian Danton afirmar que “Esta não é uma história de super-heróis”, Familia Tita e totalmente antenada com as mudanças que o gênero estava passando naquela virada de década. O ambiente sombrio, os personagens psicologicamente profundos e o clima de niilismo eram típicos da cahamada “Era Sombria” dos quadrinhos. A dupla despretensiosamente coloca essa pequena obra prima em pe de igualdade com a revolução que mestres como Alan Moore, Grant Morrison e Frank Miller imprimiam nas paginas dos então cansados comics americanos.