sexta-feira, agosto 26, 2022

Águia solitária, de Billy Wilder

Charles Lindberg foi um herói dos tempos modernos. Ao fazer o primeiro vôo sem escalas entre Nova York e Paris, ele ultrapassou os limites da natureza usando para isso sua força de vontade, inteligência, a ciência e a tecnologia.
É a história desse herói modern que Billy Wilder conta em Águia Solitária, filme de 1957. 
Sabendo que um homem dentro de um avião não sustentaria um longa metragem, Wilder, inteligentemente, dividiu o filme em dois momentos. No primeiro, o aviador está no quarto do hotel, antes da decolagem. Incapaz de dormir, ele relembra os fatos que o levaram até ali, sua experiência como aviador dos correios, sua busca por patrocinadores, a construção do avião, as decisões e indecisões.
No segundo momento, já dentro do aeroplano, Lindberg lida com as adversidades, como o sono, a neve que insiste em se acumular nas asas, as nuvens, entre outros, enquanto relembra passagens de sua vida que ajudarão a compor o personagens.
Wilder joga tanto com o humor - como a passagem de Lindberg comprando um avião sem saber pilotá-lo, como com o suspense, como nos momentos mais tensos da travessia. A decisão de usar flash backs, além de tirar o foco apenas do avião, deu dinamismo à narrativa.
Outro destaque é a genialidade de Wilder de contar a história através de metáforas visuais, como o mapa na lanchonete que o aviador usa para demonstrar seu vôo colocando uma torre Eifel no outro extremo. Esse mapa aparece em dois outros momentos da trama. Quando tudo parece estar dando errado, a torre cai do alfinete e Lindeberg a endireita, numa demonstração visual de sua força de vontade.

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