terça-feira, dezembro 27, 2022

Monstro do Pântano - O parlamento das árvores

 


O número 47 da revista Swamp Thing parecia pouco relevante à época em que foi lançado. Para começar, era uma pausa no meio de uma das tramas mais marcantes do personagem, uma história em que não acontecia praticamente nada. Mas é, talvez a mais influente e revolucionária história do personagem depois de Lição de anatomia.

Na trama, John Constantine leva o Monstro do Pântano para o meio da floresta amazônica onde ele espera encontrar respostas que o ajudarão no combate a perigosa ameaça representada pelo grupo brujeria.

Lá, o personagem espanta-se ao encontrar diversos seres semelhantes a ele, mas todos imóveis, transformados em árvores. Apenas um ainda consegue falar.

Escondido, no meio dos monstros do pântano, temos uma homenagem ao Homem-coisa da Marvel. Seria ele também um elemental? 


Entrando em conexão com esses seres, o protagonista descobre que não foi o primeiro monstro do pântano. Diversas outras pessoas morreram de alguma forma queimadas num pântano e emergiram dele como seres vegetais. Moorre já tinha dado uma pista disso ao resgatar a primeira história do Monstro do Pântano, quando os autores Len Wein e Bernie Wrightson tinham colocado o personagem na era vitoriana. 

Essa é a grande revelação do volume: o Monstro do Pântano não é um caso isolado, mas o herdeiro de uma longa geração de elementais da floresta.  O impacto que isso teria sobre o título seria incomensurável. 



Outro fator importante, que certamente escapou dos leitores à época, é o conselho do parlamento: Evitar o poder e evitar a raiva: “Pulgão come folha. Joaninha come pulgão. Solo absorve joaninha morta. Planta se nutre do solo. O pulgão é maligno? A joaninha é maligna? O solo é maligno? Onde está o mal na mata toda?”. Esse conselho misterioso e aparentemente inútil será fundamental quando a ameaça despertada pela brujeria finalmente surgir.

Essa edição também traz o gancho para a trama seguinte da série ao mostrar um fotógrafo que clicou o Monstro do Pântano com Abee e tenta vender as fotos para um jornal. Moore usa a situação para criar uma metáfora poderosa a ser explorada nos números seguintes.

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